Friday, July 11, 2014

Liszt

Eu teria duvidado mais da grandeza de Liszt nao fosse a grandeza daquilo a que ele dedicou seus maiores poemas.

Thursday, July 10, 2014

Crise

De fato o Brasil está numa crise moral horrível.

Penso que o país foi delegado a um "outro" que nao é ninguém.

O hábito preferido é freiar somente quando é visto um carro na contra mao. Para o brasileiro vale uma consideraçao que Max Scheler fez para as plantas: a mínima percepçao da realidade por parte desses organismos é devido a uma resistência , devido a um contra-choque da realidade ( Widerstand). Com o cachorro é parecido: ele nao responde por si até que surja um carro e lhe atropele o rabo.

Na escola, p.ex., o aluno sempre sente-se avaliado, mas nunca suspeita de entender que trata-se da ocasiao de sua avaliacao, no sentido de um possessivo ativo.

É terrível.

O pior de tudo: o sentimento de anonimato é precipitado mais ainda por cartas e posts como este aqui.  Mais que esbofeteando a Dilma, O Lula, o FHC, o Color, o Et Cetera,  o país melhoraria mais lendo a literatura moral mesmo, dos portugueses, dos espanhois, dos franceses, dos ingleses, dos alemaes, ou sendo justos e coerentes com qualquer religiao pelo menos.

O mesmo vale com as criticas ao papa et cetera: penso que possas primeiro abrir um caminho, em vez de fechar outro.

Alguém tenta erguer a revoluçao da reclamaçao, uma revoluçao em vao. A reclamacao faz sentido indo a quem se endereca o assunto reclamado. Caso contrário assemelha-se a dois irmaos que reclamam dos pais uns aos outros sem que os pais saibam. O poder nao se dá a ser convencido - ele deve ser apenas poder, e sempre - , mas ele pode simplesmente cair por absurdo, por nao ter mais seu "outro" apoderado, e este absurdo é que alguém pode começar por outro caminho. Pode a moral ser apoderada por outrem? Só pelo indivíduo mesmo, nao por seu próximo.


O problema moral-social, doravante, reside em tres coisas: a hipocrisia (incongruência),  poder e status isento de responsabilidade e competencia, e ainda impunidade de uns pelos outros. O povo nao se auto-policia pois quem tem a polícia do outro dever ter sua moral; ora, que ninguém tenha policia, nem moral, e fique assim tudo bem...


Nao subestimo a complexidade e profundidade do problema moral, mas escrevo sob visao de uma urgencia maior.
Para esta, a literatura moral seria uma espécie de colírio ideal para um olho ressecado. Diferente ao ouvir, ao ler a alma fala consigo mesma e tira mais livre e puramente suas conclusoes. Trata-se de uma metamorfose às escuras.

Só o perverso nao lê-se ao ler, e nesse sentido é em vao escrever-lhe, e me abstenho de um discurso que salve o gênero humano inteiro ou parecido. Basta que o brasileiro adquira uma moralidade mínima nos três tópicos acima...

Tuesday, July 8, 2014

Exibir

O filósofo sempre ajudou aqueles que nao exprimem suas opniões, como aquela tora que os guerreiros usavam para abrir um portao de ferro feudal. Essa tora agora pode ser eu. Falarei sobre o recente cotidiano, ironicamente num texto que na opniao de outros deveria estar fora daqui.

Exibicionismo é uma nova "chave hermenêutica" do compartilhamento pessoal online, um jogo recíproco de divertimento conversível entre o espectador e o contemplado. É de fato um dos jogos preferidos no facebook.- Muito mais que o comentarismo, o sociologismo frustrado, o pseudofilosofismo preguiçoso, e a bajulaçao crônica sobre as mulheres gostosas ( para ativar a sensatez, cumpre supormos que facebook surge como um site de encontros sexuais) - O que sempre se insinuou nas relacões cotidianas, ergue e ganha aqui uma técnologia para si.

O Usuário-Ideal  pensa consigo: " Sim, nao o exibicionismo das entrelinhas eu quero mais: mas o insólito, o que esgota o exibido. Seria possível escanear a pessoa e todo seu pessoal de uma vez? Ah, isso eu queria..."

Platao nao conheceu a minha hipótese do Usuário-Ideal ; caso a conhecesse, teria escrito um apendix à sua teoria da cidadania: " O Segundo Estado, O Estado Mundial"

Meu desafio no facebook - nao só meu - é tentar exibir algo, um conteúdo, seja ele sério ou cômico.   O que há de interessante no mundo sao os conteúdos se entrelacando, se roçando uns nos outros, ora em conflito ora como uma corda trançada pelo alpinista, ou pelo marinheiro. No jogo de futebol da mútua troca de impressoes alguém atravessa batendo no gramado uma bola de basquete... É uma adepto do Comentarismo, do Filosofismo Radical? Mas eis que este vira-se novamente para o gol, quando percebe sua inevitável impressao aos olhos do que que tudo as regras do jogo principal reduzem. A tentativa vacila; nao  devido ao usuário, mas à impertinência de certos comportamentos determinados pelo conteúdo.

Monday, July 7, 2014

Amante


Nao há discussao de textos. Escreva-a para ti em teu diário.
Válidas as perguntas do sucesso; insólitas as do saber.

Estou falando de 4, 5 horas... de perseguiçao do tema mesmo, de nao perder o ton tal como o organista que improvisa o fugado na comunhão das hóstias. De ir bater na porta da casa do autor dizendo: " Acho que tenho uma contribuiçao!".

É mentira o texto que escreves, nao o queres, mas sim um temido "outro".
Se tu o quisestes, correrias o perigo de bater de madrugada na casa do professor: " O Sr. gostaria de escrevê-lo comigo? Nao posso adiar para amanhã ...! "

Virtuoso o filósofo que anota mil páginas de pensamento antes de publicar. Ou seja, que etc e etc antes de ser jogado ao vexame de um exame médico no lugar errado.

Ou o que,  nao querendo pecar ao escrever, aos outros incançavel a palavra solicita.

Virtuoso estes que nao existem. Mas nao por nao existirem: nao têm, pois, força para resistir...

Mísero é escrever e pensar à vizinhança da mais estéril possibilidade: 
 desacorrentar do solipsismo a sapiência. 

Nao: é preciso levar o texto escorrido, destacadas fora mil páginas de esboço,
 e bater logo à casa de um leitor surdo.

Bastaria um único...  





Devemos ser gratos pelo Ser estar sendo e funcionando a todo momento, sem te cobrar nada em troca.Sentir isto é uma forma de afinar e vibra...