Saturday, February 27, 2016

Bíblia / Leitura

Há dois modos ( métodos) de ler a Bíblia. Num é suposto que o significado do que é dito são fatos, e a partir disto julga-se os símbolos manifestos em figuras de linguagem, que tomados como fatos seriam absurdos em relação a realidade que se definiu por frases mais explícitas, mais verossímeis. Noutro lê-se a partir da suposição mítica, de que tudo é sobretudo transformações e resumos simbólicos da imaginação.Neste último modo, nunca chegar-se-á a um fato, mas talvez, contudo, a uma realidade e experiência. No outro modo, porém, além de relacionar-se com fatos, retém-se em torno destes a região simbólica; a questão aí é discernir símbolo e fato.

Probabilidade Específica

A probabilidade de algo acontecer especificamente como único e do jeito que é, é um número infinito entre algo e zero.

Marin Marais

Marin Marais oferece-nos uma expressão tão variada, tão intensa, e tão insistente da dor, indo da mais leve e doce melancolia, passando pela doença e indo até o mais forte ferimento, que penso tratar-se quase de um legítimo sadomasoquismo musical.

Post de Papel

O que nenhum post meu jamais poderá presentar é o momento íntimo de quietamente leres-me escrito num livro.

Thursday, February 25, 2016

Die religiöse Toleranz für ein weltliches Kalifat



Fragen, die man leicht beantworten kann:

Soll die neue westliche Institution  "Religiöse Toleranz" für die durch Gewalt expansionisten und nicht toleranten Religionen gelten?

Sind Nebenfrage, wie z.B.  des Kopftuchs nicht eine Ablenkung dieser Grundfrage?

Gesehen den humanitärischen Chaos  hinter der muslimischen Bedrohung, ist die persönliche Einstellung des Individuums lediglich als unabhägige Selbstentscheidung zu betrachten, und nicht zusammen mit allgemeineren politischen Aspekten, die aktuell das Wesentlichste ist?

Autoridade Gramatical: Tradutor Oficial

Conforme recomendado urgentemente por Edmund Husserl 

procuro pelas "Meditationes" de Descartes, e acho-as numa versão nossa da Abril, de 1975, onde começo a leitura de um verso assim:

"Das coisas que se podem colocar em dúvida" (...)

Adoro as coisas que se podem dizer!

 Logo depois, prosseguindo pacientemente, encontro na mesma folha:

 " me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opniões a que até então dera crédito"

Percebes? É difícil livrar-se de erros infelizes...

Só não foi pior a sintaxe vesga de Descartes: colocou Deus - o carro - depois dos homens-  os bois-  ca-val-gan-do
 a-van-te or-gu-lho-sa-men-te.

Coisas que, depois de elas próprias meditarem,  de fato se podem pensar, mas não podem jamais serem!

Existe um ostracismo horrendo contra a sintaxe; enquanto isso outros resumem o ar de saber ao âmbito da ortographia, como se fossem os que sabem...  Quando te arregalas adiante, vês que - apesar da implicação arbitrária com estilo, traços, vírgulas - entre as rimas, não entendem mais que rimas;

[criticam porém chefemente qualquer conservador (e mesmo o como nosso tradutor acima):

"conhecêcemos"

Cognesco eu ...

Sincericídio

Seria indispensável que houvesse uma técnica que nos ajudasse a descobrir a quais pessoas devemos dizer a verdade ( e ser de verdade) ; pois, ante àlgumas delas, ao dizer a verdade falamos mentira contra nós mesmos, e ao ser de verdade tornamo-nos ridículos ( idiotas) contra nós mesmos.

Contra esta condição o mentiroso, e ás vezes o enganado,  sempre sai ganhando; ao menos se "sair ganhando"  significa estar enganado com os sentimentos de quem tem razão, sem precisar pagar o preço de tê-la, isto é, o preço descrito acima.

Wednesday, February 24, 2016

Monarquia?

Democracia parece algo inevitávelmente apreciável como símbolo para um valor moral, mas provou-se fraco e detestável como nome e recipiente de um paradigma político pior mesmo que um dos mais expressamente declarados "anti-democráticos". É assustador o tipo de terror humanitário e cultural de que pode dispor um estado nominalmente democrático.

Tuesday, February 23, 2016

A Fertilidade do Ateísmo

Os progressos ateistas parecem todos progressos ab negativo: sua posição é sobretudo a da negação, já que não reside sobre uma  fonte existente e independente de positividade;seus bens, bens cristãos ab extrinseco:já que usurpa desta única positividade que lhes fora legado ( a qual resume muitas outras, mais ancestrais).

O ateismo é por isso um mero instante na adolescência da inteligência: palha seca, apenas.

E o ideal islãmico? Um fogo cego e egoísta, que aproveita-se desta desunião alheia.

Guetos do Erótico e Guetos do Barroco

A sociedade carece completamente de beleza plástica.

Os insatisfeitos com a nova arte são desesperadamente obrigados a compensar isso com atos artísticos pífios, talvez retrógados mesmo; ou ainda indo à Zara, e depois ao cabelereiro mais próximo, motivados pelos "manequins vivos",  que sempre nos alertam para a defazagem de nossa elegância milenar, ou visitando na internet o que ela melhor oferece de imagens daquilo que nega-se ao enfeiamento total, e sempre, de algum modo, relaciona-nos ao menos a algo fundamental, e ao menos não tão desprovido de sentido como certos abusos dos museums: visitando a nudez para a qual não há mais um Velasquez para retratar.

 Dentre os artistas eróticos mais apaixonados por Afrodite, poetas aos quais foram negados os suspiros de alguma musa,  e  dentre os músicos mais barrocos da Igreja, que contra o vanguardismo dos materiais musicais protegem a sensualidade e curviliniedade da música, parece sobreviver um conservadorismo da beleza que mal consegue deixar-se ouvir a dissonância da posição polar entre as colunas diferentemente herméticas sobre as quais sobrevivem; pois dissoam ambos fortemente entre si, mas devido ao ataque de terceiros, e de que cada um ao seu modo só padece, encolhendo-se cada dentro no calor de seu gueto.

Saturday, February 20, 2016

Speed Reading

Como quem procura o melhor andamento para um fuga, mesmo tendo-a já tocado a todos os tempos... para aprender a ler, escreva uma redação, e tente a ler perfeitamente, como você gostaria que fosse lida; escreva um poema, e leia-o como você gostaria que fosse lido; percebendo que o leitor sempre precisará de um certo tempo até achar o melhor modo de ler e entender algo que vale a pena ser lido. Do contrário, trata-se de uma fuga para trás, ou para frente.

Friday, February 19, 2016

Academia.Edu ( O Embusteiro vs. O Charlatão)

       Essa história de classificar a honestidade e competência intelectual por meros indícios dela é uma palhaçada. Pois pressupõe que houvesse "embusteiros" a se impedir e até combater. Mas como assim, alguém ensina-te durante 30 minutos, provando que sabe, e dizes que ele é um embusteiro? Enquanto tu mal sobrevives a uma pergunta ou convite de corredor?

Horror ao informal, pois aí os conteúdos crus, forçados por perguntas cruas...

      Mais provável é, sob essa mentira, erguer uma sociedade firme de charlatões, que vivem ab extrinseco do culto de indícios.  A coroação mais narcísica da vitória deste culto, impendindo-a para sempre de tornar-se obsoleta, parece o academia.edu. Contra os conteúdos mais crus,  que indício é melhor e mais fácil verificável que o número?

Tuesday, February 16, 2016

O Espectador da Filosofia e O Moralista Estético (M. Sérgio Cortella e o Séquito...)

    Se todos entendem quase tudo que, p.ex o Mário Sérgio Cortella diz, sem precisar efetuar nenhum 
"movimento infinito" no espírito, então o que ele lhes diz de novo? Pois parece que assim ele só exprime melhor o que todos de antemão já sabem e , principalmente, já julgavam ser sensato, dando a isto apenas uma expressão mais viva. O nome da técnica da expressão é retórica, instrumento da filosofia.  A ela alia-se outro fator importante, que é seu material semântico, e no caso da filosofia, dado pela erudição, quando não por sínteses do pensamento mesmo. Ambas, retórica e erudição, são dominadas por nosso prof. Cortella.  

   Ora, mas a filosofia não deve ser julgada por seu instrumento, nem o filósofo pelo belo uso dele. A questão principal caį sempre sobre os pensamentos filosóficos, que exigem conceitos filosóficos, os quais abordam justamente o que ainda nem para o filósofo está claro, relacionando realidade e auto-conhecimento sob respeito à complexidade inexorável destas coisas - que é maior, tanto mais a religião é suspendida do assunto. E, se não é o principal o que se busca, o que é a filosofia?

   A quem nunca leu uma obra filosófica, o melhor conselho é lê-la antes de seu ouvido prender-se ao discurso populista, e não simplesmente filosófico, pois evita que teu pensamento o interrompa, ao pensares também. Mesmo a mais difícil vale a pena pegar e folhear: será exigido de ti os movimentos originais e principais do que está por vir, mesmo tratando coisas mais fáceis.

   A leitura filosófica é acompanhada, ao início, naturalmente de um enfado, pois sua dificuldade é tão intrínseca ao que está para ser entendido quanto a incapacidade de incompreensão disto é intrínseca ao leitor e pensador iniciante. Porém, muitas vezes depois de vencer o enfado por dedicação, o sujeito tem prazer no conhecer e entender - o prazer de ampliar o mundo ao ampliar o mundo interior - e leva consigo a dificuldade até de explicar coisas que tornarem-se óbvias, ou fortemente plausíveis. Pois a realidade que for bem explicada é um objeto que converte-se facilmente de complexo para simples, já que o conceito, finalidade da criatividade filosófica, a unifica às vezes de modo dificílimo de romper, depois de apanhado sob a paciência que ele exige. Outras coisas, porém, recusam-se ao clareamento mesmo das almas mais esclarecidas. Tornar p.ex. a categoria do enfado um critério para a qualidade da manifestação pública da filosofia é, ao ser tomado e exagerado por si mesmo, um claro exemplo de esteticismo intelectual, onde o gosto e sensibilidade intelectual daquele a quem se ensina é predominante em relação a daquele a quem é confiado ensinar.  Ora, se de quem me ensina exijo que seja sobretudo fonte de meu prazer intelectual, e sobretudo medido sob a medida deste,  suprimindo qualquer movimento contrário ao esforço, então é claro que isto contradiz dois pressupostos da relação pedagógica: confiança no mestre ( ou, indiretamente, na fonte), como algo que excede meu mundo, e a consciência de que o que me falta saber deve ser resultado de meu próprio trabalho, sendo parte deste a compreensão de coisas ainda incompreendidas, e ainda o julgamento destas. Exatamente no momento do julgamento do "espectador" é que nota-se a fraqueza de tais manifestações públicas, principalmente as que não carregam um discurso escrito por traz, pois neste caso é preciso, primeiro, ter conhecimento para julgar o conhecimento e, segundo, o discurso julgado deve ser de tal forma que possa ser ao menos formalmente verificável ou objetável. Mas todos sabem que discursos vãos demais são tão confirmáveis quanto objetáveis! Na trivialidade é que fazem o maior sucesso.  

   Na Europa há casos parecidos deste "moralismo estético", e de diversos tipos de qualidade. ( Mas, havendo um buraco moral enorme no Brasil, é claro que os nossos sao formas quase que desesperadas desta prática) Eles parecem, no entanto, não dialogar entre si, e por isso aparecem com soluções - como se muitas delas fossem da filosofia, e não de certo bom senso - e frequentemente em  discursos curtos demais, ou amplos e diluidos demais.  O que seriam, senão soluções, o esperado de uma " filosofia-para"?  Pois o ambiente acadêmico, nem o público, estão livres das diferentes formas do self-marketing.  Veja-se David Precht, Peter Sloterdijk, Slavoj Zizek, e Chomsky nos Estados Unidos... Dado que  no mundo predomina ignorância e injustiça, basta revestir o pensamento  "sejamos mais intelectuais, e mais justos" de um retórica mais cabida à circunstância para provocar um apelo e efeito público considerável. 


   Então chame-se-os  antes moralistas, bem-feitores, pedagogos públicos; pois, mesmo sendo o filósofo, em sua integralidade, também pedagogo e homem público, não é por aí que ele se institui legitimamente como tal, mas sim pela validade de suas especulações para si e, ao menos, para outro semelhante.  O momento do contato com o discípulo é crucial, determina também a qualidade de sua doutrina, mas é ainda posterior. Então, mais posterior ainda, a magnitude pública de uma doutrina, ou, no pior dos casos, de um "modo de falar", o qual o povo, por não dominar sua expressão, nem às do que se exprimem, confunde com presença de conteúdo. Trata-se de um evento estético, sobretudo; e deve ter, no mínimo, uma autoconsciência de seu momento estético, por outro lado, indispensável, assim como a retórica o é. ( Tanto na música, como na lógica, o momento retórico se dá como complemento intrínseco do sentido destas artes) Em alguns casos a validade de suas especulações tem consequência pública sem ser pública; em outros casos o sentido de certas especulações é afetar o público, exigindo para si uma retórica apropriada. Mas em todos os casos é a verdade, através de exercício prático e teórico contínuo e de longo prazo, o que faz o filósofo cada vez mais filósofo, e não sua compreensão. Pois a compreensão popular poucas vezes é devida ao exame, e na maioria das vezes reside na aceitabilidade, isto é, num consenso dado de antemão.

   Isto pode ser um bem intelectual de algum tipo, mas não por sê-lo deve confundir aos que, na maioria dos casos, tem vergonha mesmo dos livros de filosofia e similares, de que aí está a verdadeira filosofia, isto é, no momento fácil e público, na maioria das vezes dubitavelmente concentrado e apoiado sobre as pernas de  uma só pessoa. Isto não significa, porém,  que tais pessoas tomem parte em contrariar fundamentalmente inclinações importantes do sentimento filosófico, que se dirige obviamente tanto a si quanto aos homens, mas sobretudo, que os nomes e funções milenares de certas coisas não seja negligenciado por contingências mesquinhas próprias do caos contemporâneo.

   Não é possível explicar muita coisa propriamente filosófica a quem se contenta com um grupo de cinco frases colado num cartão na porta do quarto e que só ao citar a filosofia sente-se enrubecido.  Pois é-lhe exigido abertura, e na abertura ele esforça-se por compreender e compreende os custos materiais e espirituais de um empreendimento verdadeiro que supere o limite do entretenimento. Por outro lado, uma atividade pedagógica, com endossamento filosófico, poderia colaborar para esta abertura, isto é, simplesmente não a evitando...

  Mas toda essa coisa de uma " pedagogia filosófica" é ainda uma palhaçada mesmo, enquanto não há um grupo mais ou menos conjunto de filósofos, mas apenas de pesquisadores com interesses arbitrários comuns - para não citar excessões: é uma palhaçada pois destrui-se a philosophia perennis, a unica coisa que embasaria o adjunto "filosófico" que serve como coringa e erva-daninha toda vez que a coisa aperta.  Sem a resolução própria do corpo de problemas que impede a filosofia como bem mais ou menos unificado, estarão oferecendo indiferentemente e indiretamente Comte, Thomás, Nietzsche,  Russel e Kierkegaard sob o nome santo "filosofia", despistando o canteiro de obras onde se deve dar as discussões e colaborações.

É preciso, usando o nome da filosofia, discursos que provoquem anseio de saber ao mostrar o desconhecido como potência do saber mesmo; não discursos que deixem a pessoa onde ela já está, como certos filmes recentes que , tão realistas e próximos a experiências medíocres da vida, já deixam de mostrar a realidade em questão.

Que não se use gratuitamente, pelos fins mais imediatos, os nomes mais últimos e mais caros possíveis.

Saturday, February 13, 2016

Sintomatologia Global

Parece que o caráter mais próprio das teorias mais maduras da conspiração é sua indecidibilidade. De algum modo elas empurrariam a explicação ao fato inverificável, e seriam assim também infalsificáveis. Isto é, seu estatuto epistemológico parece o mesmo da teoria, supostamente fantasma, a qual pretendem derrubar com o princípio do "desmascamento". Ambas, porém, o estado de coisas posto e defendido sob os formatos da " conspiração",  e a teoria que o "desmascara" ao conferir a unidade desses formatos uma intenção ( plano de ação) extendem* a plausibilidade de seus discursos ao limite, cada uma com suas formas retóricas, ora mais ora menos legítimas.  Não obstante, por motivo de sentimentos de partido, e tomada de posição política ( e dificilmente uma tomada de posição política da pessoa não é ideológica, pois nem todos podem ser esclarecidos) alguma parte no coração mais justo, ou nos instintos mais vis, leva tais plausibilidades para fora de seus limites epistemológicos, tornando-se poderosos mitos a combaterem entre si.

 Há de fato acontecimentos isolados ou grupos deles que seriam "conspiratórios",  mas eles parecem sobretudo ser fruto de uma ignorância geral do homem, e não simplesmente de um plano e teoria consciente de ação.  Há  certa unidade nos desejos mais egoistas, mas trata-se nela de uma unidade da essencialidade da coisa mesma; a unidade da deliberacão existiria só ab extrinseco, ou seja, por aquela. Por outro lado, existindo a doença de uma conspiração ( o que inclui os sintomas inconscientes dela), curá-la poderia levar a outra doença, caso o caráter disso que se combate , ou que se cura, seja a ameaça de um sentimento de realidade. A tendência totalizante do objeto pluralmente complexo, a tendência de o totalizarmos na "unidade da consciência",  e a totalização teórica a que o sujeito mesmo, como ser  individualmente simples,  deve ser submetido a partir de si mesmo  é, contudo, indubitavelmente, e independente da verdade dos fatos,   uma provação terrível da capacidade de rever o que subjaz interiormente ao sujeito sem ser ele mesmo, e ainda, somado a isso , de rever o  que o engloba por fora, sem perder uma identidade fundamental de si mesmo em meio a esse aparente choque de indecidíveis.

Houvesse tal identidade, ela poderia porém, frente a tal estado de coisa, e a partir dela, desmascarar, rejeitar, ou  reestruturar uma personalidade inteira.





* de extendere ....

Aforismo / Poema

Um fim do aforismo é deixar o interlocutor pensando, mas sob certas determinações as quais o interlocutor não poderia, não seria capaz,  não quereria, ou não gostaria, ou ainda contra as quais ele realmente se desesperaria dando a si próprio.

Um fim dos poemas é deixar o interlocutor devaneando , mas ao redor de um novo símbolo, e sob certas determinações as quais o interlocutor não poderia, não seria capaz,  não quereria, ou não gostaria, ou ainda contra as quais ele realmente se desesperaria dando a si próprio. 

Levantamento de Peso

A força de um filósofo se mede ao ele sustentar oposições até que elas, ou ele mesmo, ou ambos se quebrem.

Friday, February 12, 2016

A diferença entre a ignorância e a burrice popular no Brasil e na Áustria é de nesta última elas parecerem de "alto nível".  Curioso é o estatuto desta diferença.

Thursday, February 11, 2016

Olavo / Crítica

O "perigo" de Olavo de Carvalho não é ele, jamais, mas sim a ausência de uma crítica séria que preste, e que saia da dimensão da mera sensação. Essa ausência pode mesmo divinizá-lo, sem que ele tenha culpa nisso, mas sobretudo a ausência do diálogo "quodlibteal" crítico em certa qualidade, coisa que ele, por outro lado, digno de minha inveja, teve o mérito de salientar com mais vigor que qualquer outro.

Tuesday, February 9, 2016

Holismo Básico

É completamente suspeito afirmar que se sabe algo, sem verficiar isto que é sabido com um todo ou o todo absolutamente que o transcende, ou sem principalmente ao menos andar nesta direção. Pior ainda é submeter os gados a esse erro. E um erro quanto ao qual não se pode pensar pior se deve chamar " demoníaco", ou com outros sinônimos religiosos parecidos.

Nós, Gênios Atados

Entre os nosais contemporâneos mais difíceis de desatar encontra-se o de confundir genialidade com superdotação,  suor com talento,  genialidade com falta de suor, e talento com virtude, perdendo ainda a relação entre talento e genialidade. Pois talento é habilidade e às vezes habilidade e criatividade, ao passo que genialidade, presupondo talento, une habilidade, criatividade e virtude em si, sendo determinada por essa última. Genialidade não é domínio total de algo, mas domínio de algo com vistas a um fim e virtudes, que na obra serão chamadas ab extrinseco geniais, coisa que só pode ser mediada por criatividade, isto é, partindo de si, e não do que é suposto dominar. Assim o superdotado pode dominar uma habilidade sem ser criativo e sem ser genial, embora o gênio só seja privilegiado pela superdotação, e ainda, embora ele possa, na privação desta, poder exercer sua genialidade via cultivo do talento.

Amizade / Papo-furado

  Sob o ponto de vista intelectual, a amizade, no sentido mais popular, não passa de cultivos espontâneos do papo-furado e da conversa fiada, e se há alguma verdade  ( apenas casualmente possível) nestes, está no interesse comum dos amigos e nos valores que os rodeiam sem eles mesmos saberem de fato.

  Sob o ponto de vista menos popular,  a amizade, no seu aspecto mais imaterial, e assim intelectual, é algo desesperadamente trabalhoso, e que requer uma união basada na união  consigo própria de cada uma das partes nela, a todo preço da verdade de cada parte, e só assim.

  Uma o tempo pode desfazer rápido, depois de prender os amigos no hábito da amizade; a outra ele constrói necessariamente devagar, depois de mostrá-los que algo está acima dos hábitos ou da mera memória,  e só aí, não em cada um, ou num para o outro simplesmente, mas sim na relação com um terceiro, aí residindo a confiança, e um sentimento tão expressivo como inevitável, sem formalidade , de amor.

  A imaterialidade do amor,  a materialidade da amizade; a materialidade do amor e a imaterialidade da amizade,  são ambas proporções inversas.

Placa

Um filósofo,  ou livre pensador e escritor, como figura finita, deve ser julgado quanto a sua porção substancial simulteaneamente em relacao  (1) ao auto-conhecimento e (2) ao conhecimento da realidade, e menos quanto ao acidental de seu discurso ou conduta.

Saturday, February 6, 2016

sacrifício / barbárie

Alguém deve sacrificar o espírito para reverter a barbárie do espírito - à propósito, por obras pacíficas deste mesmo. Mas parece que isto requer uma corajem maior que a do voluntário de um Jihad, cujo raio de ação afunila-se pela própria expansão da   destruição.

Friday, February 5, 2016

Linha do Tempo e Círculo Hermenêutico


A História, de fato, só acontece para frente.  Junto ao tempo, ela tende a tomar uma representação linear. No entanto, ela não limita seu ser ao acontecer. Sua relação com o ser-humano, p.ex., não é projecional, acompanhando falaciosamente uma linha que na verdade é apenas a linha do tempo ( que por sua vez se confunde com a progressão aritmética!),  mas circular.  Os valores qualitativos são, pois, valores circulares. São parábolas, esferas, formas ovais, espirais conscêntricas, discêntricas. Analogamente, a História é mais uma sucessão de variações sobre valores humanos e  menos justaposições temporais de tais valores, o que novamente confirma a historicidade legítima da própria abordagem circular do tempo humano. O modo de justificar o sentido da temporalidade histórica, é, pois, sobretemporal. Embora em relação ao mito ela situa-se numa distância subitamente impossível de percorrer (assim  Eudoro Souza) , a História não é de todo desvencilhada do numes míticos como raiz legítima dos valores circulares.  Desapercebidas, grandezas sobretemporais interpenetram e exalam umidamente pelos poros da História.

Devemos ser gratos pelo Ser estar sendo e funcionando a todo momento, sem te cobrar nada em troca.Sentir isto é uma forma de afinar e vibra...