Tuesday, February 23, 2016

Guetos do Erótico e Guetos do Barroco

A sociedade carece completamente de beleza plástica.

Os insatisfeitos com a nova arte são desesperadamente obrigados a compensar isso com atos artísticos pífios, talvez retrógados mesmo; ou ainda indo à Zara, e depois ao cabelereiro mais próximo, motivados pelos "manequins vivos",  que sempre nos alertam para a defazagem de nossa elegância milenar, ou visitando na internet o que ela melhor oferece de imagens daquilo que nega-se ao enfeiamento total, e sempre, de algum modo, relaciona-nos ao menos a algo fundamental, e ao menos não tão desprovido de sentido como certos abusos dos museums: visitando a nudez para a qual não há mais um Velasquez para retratar.

 Dentre os artistas eróticos mais apaixonados por Afrodite, poetas aos quais foram negados os suspiros de alguma musa,  e  dentre os músicos mais barrocos da Igreja, que contra o vanguardismo dos materiais musicais protegem a sensualidade e curviliniedade da música, parece sobreviver um conservadorismo da beleza que mal consegue deixar-se ouvir a dissonância da posição polar entre as colunas diferentemente herméticas sobre as quais sobrevivem; pois dissoam ambos fortemente entre si, mas devido ao ataque de terceiros, e de que cada um ao seu modo só padece, encolhendo-se cada dentro no calor de seu gueto.

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