Friday, December 23, 2016

Um traço elementar da vida estética...

As obras de arte, quanto a sua conquista na apreciação, costumam comportar-se como as coisas da sedução: às vezes é uma questão de correr atrás e se esforçar ; outras vezes trata-se também de saber se deixar seduzir.

Wednesday, December 21, 2016

Brigar pela Verdade

Um paradoxo da verdade é que muitos, depois de sentirem-se nela, dispõem-se a brigar por ela, na briga facilmente caindo em falsidade.

Saturday, December 17, 2016

Lema do Galo

Três seres matutinos:
um pensa em quem teme,
outro em si mesmo,
o terceiro no Sol.


Thursday, December 15, 2016

Humildade e Realidade

Como se percebe, a ignorância tem por efeito comum a arrogância. 

A humildade, por sua vez, não consiste essencialmente no combate à mentira, mas em se saber conviver com os que vivem nela. O menos humilde pode reconhecer o mais humilde; o menos orgulhoso pode persuadir o mais orgulhoso: mas só com consentimento deste. Caso contrário é richa.

A richa é algo em cujo ponto culminante não importa sobretudo quem tem razão, mas apenas a richa mesma.

A humildade é uma relação com o não-saber. O modo como a verdade funda a humildade é por consequência de uma disposição para este. Quanto a certa coisa, não se vai do orgulho à humildade, mas da humildade ao orgulho. 

O orgulho é uma relação com a verdade, ou o sentimento dela. Num caso é legítimo, noutro ilegítimo.

(O maior problema no olavismo, essa vertente brasileira do conservadorismo, é sua doutrina da persuasão: ele consiste numa postura ainda reativa demais para lograr o que de fato julga querer: pensar especulativo. Olavo parece ter sido humilde por muito tempo, logo depois aparece em cena com um orgulho legítimo em função disto, e mesmo quando expressa sentimentos mais agressivos, o faz em grande parte a partir deste. Mas quem sabe onde está o limite? Por isso a humildade - uma disposição e um afeto moral - não é, nem está, em certo tipo ativo de combate , sobretudo num agressivamente direto.)

O único modo de combater algo na humildade é rebater; ou seja, foca-se na relação com a verdade e com o  não-saber posta ao orador , não na verdade ou falsidade na qual o destinatário está ou não está.  Pois em última hipótese, deve se ser humilde sobretudo à Deus, e por ele devem se vincular os homens. O ser-humano não é vinculo do ser-humano, assim não é possível impor a humildade aos outros, mas solicitar e fazê-los solícitos a ela mediante uma capacidade de admiração e espanto pelos dos dotes divinos na realidade. Isto é a difícil arte de rebater: polir a reação. 

 Leva-se o foco não para os sentimentos do orador, mas para a realidade a qual sempre é e sempre foi, o que se tenta dizer. É impossível ser humilde sem reconhecer a realidade como uma tentativa, como um folheado entre enigmas e mistérios: o enigma que se decodifica, o mistério de que se esconde mais uma vez, e assim perpetuamente.

Esta é realidade comum ao orador e ao destinatário: por isso mesmo abarca ambos, extrapolando a eficiência do dizer. 

É, pois, a única estrutura, cujo arquiteto não serás tu. A ti é dado sistematizar: tecer redes.

 Orgulharia-se da posse e concepção destes sistemas, não da estrutura; ela não é nem possuída nem concebida, apenas é, e exatamente nisto nos desafia: um desafio à não possuir nem conceber, mas compartilhar, com-stituindo-se em sistemas, em redes.

 Quando colocado à prova, a corajem do humilde consiste em manifestar a legitimidade de seu orgulho mesmo correndo risco de ser ou parecer arrogante. Doutro modo a humildade é pervertida numa covardia. Num caso, o orador cuida de si perante o outro; noutro, o outro faz o orador esquecer de si.

Aquilo pelo que se é humilde, ou legitimamente orgulhoso, é a realidade; a realidade é isto que se desdobra num aspecto como desconhecido e noutro como conhecido.

Importante é relacionar o aspecto negativo da humildade ao positivo da coragem: pois a humildade parece sobretudo ser  fundamentalmente com-stituida  numa corajem para consigo. A corajem, por outro lado, prescinde da humildade, embora não prescinda daquilo que é objeto da humildade: uma relação com a falta, com o desconhecido, com o que não se consegue. Assim, para a corajem, a falta, o  desconhecido, e o que não se consegue, sempre não passarão de um "ainda".

Se ainda, humildade for tomada como uma vigilância sobre o orgulho legítimo e sua perversão como arrogância, e se ela for sobretudo uma relação com saber e não saber - como alguns preferem definir-  entre os últimos pensadores célebres o mais humilde que conheço parece ter sido sobretudo Kierkegaard. 

No texto que escrevo, defendo com orgulho a parte que se mostrar verdadeira, e trabalho com humildade - ou seja, me relacionando com o não-saber, o não-conseguir - na parte que pode ferir a realidade.

Entretanto, vale acima de tudo o que Pascal revelou com maestria: poucos falam de humildade com humildade.


Acho que, por parte de seus discípulos, se justificou pelo nome da humildade exageros retóricos de Olavo de Carvalho, não sendo isso humilde para ele mesmo, pois afinal ninguém xinga enquanto humilde, mas enquanto orgulhoso, arriscando-se à arrogância - no falso orgulho - ou concorrendo à coragem, no orgulho legítimo.





EMANUEL M. FRÓES

Salzburg, 15 Dezembro de 2016


Wednesday, December 14, 2016

Sublinhando uma causa dos olavistas

Não é possível resolver todos os problemas públicos e culturais e só então preocupar-se com a crise intelectual, como se esta fosse uma vaidade dos individuais.

Internet ( Definição pejorativa)

A internet pode ser definida como um "acelerador nuclear de mentiras".

Incompreensível


Há uma tirania recorrente onde o incompreendido é tomado pelo incompreensível!

Ninguém se esforça para fazer algo incompreensível, mas sim para criar, arriscando-se. 

É impossível revelar o novo já como mesmo.


Se quer o melhor, mas de mão-beijada... Como assim?

Quando um texto é rico e simples, como o Evangelho, não se percebe séculos de trabalho de outros investimentos em cima deste, adubando esta terra em que tu plantas com facilidade.

É impossível revelar o novo já como mesmo...

orgulho/humildade/arrogância

Há dois tipos de orgulho: o do feliz e o do triste; o do fracasso, e o do sucesso.

A arrogância é a base do comportamento no qual o orgulho maior de um afeta o orgulho menor de outro.

O orgulho da pessoa feliz, ou de sucesso, é o maior; por isso arrisca-se mais à arrogância.

Raro a humildade se orgulhar de si,  mas sem transbordar de si sobre o outro.

Tuesday, December 13, 2016

Alarme Vermelho

A situacao (mundial) dos falsos intelectuais, ou dos catedraticos caidos de para-queda em sua funcao,  e o modo como eles tratam aqueles que perseguem modelos menos covardes é alarmante, e de rir-chorando.

Nao é mais possivel escrever sobre música usando o termo metafísica; nem fazer filosofia da música citando regras de contraponto.

E dizer que a Áustria que produziu um Husserl oder Schönberg seria a mesma que por aqui vejo ...

Monday, December 12, 2016

Palavra / Conceito

Cada um já experienciou certa vez um pouco do seguinte: uma palavra surge devido a um conceito, desenvolve-se, ganha um sentido pejorativo, é deixada de lado, e com o isso o conceito - antes referido à existência de uma coisa, ou ele próprio uma realidade - sai perdendo!

Sunday, December 11, 2016

Dois Pintores

Imagine dois pintores: um dá, depois de um esforço davinciano, as coordenadas anatômicas exatas para que o sorriso de sua modelo seja o esperado; outro sorri a ela, ou lhe surpreende com uma graça qualquer, conquistando o sorriso desejado, pois a tocou com o seu.

Assim, pois, dois compositores, ou dois intérpretes diferentes, buscando resultados na lógica aparentemente mesmos, mas na manifestação radicalmente diferentes.

Antinomia Fundamental

É muito difícil dizer o que é sem fazê-lo com vistas no que deve ser.




























*Esse pensamento tem um poder magnífico, uma tensão que avassala a história e geografia humana.
Oferece um caleidoscópio de variantes históricas que formam a guerra filosófica, a missão filosofal.Ele aparece ora claro, ora obscuro; lá fácil, aqui difícil.

Coragem/ Covardia

Covardia é colocar a segurança da segurança acima de qualquer valor
Corajem é reconhecer um valor que honra o risco.

A covardia é sempre vaidosa, mas a pior delas é a de não arriscar a auto-imagem pública, a imagem
"pessoal".

Neste sentido a coragem, por via de seu valor, é sempre impessoal, sempre superadora ;
a covardia, sempre um resguardo.

Superopnação

A liberdade de expressão de uma pessoa, principalmente de uma maioria com a qual ela colabora, deveria ser proporcional à extensão e intensidade de seu espírito na coisa sobre quê opina. A internet simplesmente detonou isto, dando a todos o mesmo tom, e a possibilidade de configurar um "perfil" arrasador.

A maioria dos comentários em papinhos e redes sociais não passam de atualização da inscrição do indivíduo num certo grupo que os dá sentimentos positivos - mas nunca no grupo da humanidade em geral, no qual hoje só enfrentando várias emoções, proporcionadas sobretudo por desafios filosóficos ou eventos-limite da vida seria possível solicitar uma vaga...

Se a pessoa é sempre sombra de si mesma, e pura aparência, então o perfil é a duplicação mais pérfida da aparência. De fato: a face é a faceta do todo, que o revela ou esconde.

A internet possibilitou delegar ao computador e à miragem de um Outro omnipresente - mas concretamente ausente - o ato concreto de existir com os outros ao se perceber a própria solidão fundamental.

É quase impossível conectar-se ao universo e à cidade num só ato ao mesmo tempo; sacrificando, tu és o bode de ambos em guerra,

aspergindo de si mesmo.




Ira

A pior ira seria mesmo a de Deus; pois ele sim teria a plena consciência do aparentemente intransponível absurdo entre o que deve ser e o que é.

Saturday, December 3, 2016

Automatismo Hostil

Nota-se uma crescente hostilidade contra qualquer tentativa de quebrar o automatismo comportamental estabelecido pela alienação.

Sunday, November 27, 2016

Artista/ Saber querer

Uns artistas sabem exatamente o que querem, dando-se o limite; outros querem sempre mais: não sabem dizê-lo, espremendo o último instante da criação.

Sunday, November 20, 2016

Filósofos Recordistas (de Vendas)

Isto significa o sucesso, na proporção das vendas e das visitas,  do curso e do livro ante a História, especificamente da Filosofia? Como os brasileiros, e outros, sofrem uma séria atrofia intelectual-criativa, ao vender demais o autor pode ser vítima de péssimo gosto, ou de quem errou o alvo. Quanto ao que é próprio do Olavo as pessoas mais defendem (ou insultam) que investigam; ora, ao ser investigado e tornado discussão filósofica é que se é sobretudo filósofo a nivel público. Doutro modo, isto mostra talvez apenas o sucesso de uma função vizinha da própriamente filosófica, mas tampouco menos pertinente ao filósofo: a pedagógica e moral.

Thursday, November 10, 2016

Prudência

O conceito de prudência, o qual determina que se deve fazer o melhor agora e para esta coisa, parece ser ele mesmo uma dificuldade contra qualquer previsão da ação, ou qualquer conformidade a um modelo pretérito ( regra) que se demostre temporal demais.

Tuesday, November 1, 2016

Ciência / Filosofia

A filosofia pergunta-se "que é ?"; a ciência (empirica) "por quê é isto que é (assim)?".

Mas a filosofia pergunta-se por que direito digo e penso o que é, na consideração de que isto que digo que é,  ao ser de fato fora do dito e pensado, seja ainda um "assim"; e a ciência pergunta-se por que condição dada por um ser alheio ao dizer e ao pensar (o mundo) isto que é, seja, não apenas em relação ao pensar e ao dizer, mas de fato assim.

Amor/ Dever

Amor não é um dever moral, mas o ponto de partida e condição de completude do sentido de dever e espectativa morais.

Sunday, October 30, 2016

Limite Aberto-Fechado

O pensar especulativo é nao só o limite mais nobre do pensar enquanto tal, mas sobretudo um pensar o limite mesmo do que lhe aparece essencialmente na suposicao de ser um limite aberto, nao um limite fechado.

Matur / Idade

O sentido existencial de uma determinada idade só pode ser determinado com vistas à maturidade e posicionamento perante a morte ( trazendo-a ao presente)  e, concomitantemente, com vistas à idade de morte mesma.


Pensar / Novo / Entusiasmo

O pensamento ( o pensar inquisidor) tem uma faculdade enorme de abrir-nos o novo, na medida em que o novo é de fato o aparentemente impensável. Mas o novo, fruto de genuino pensar, não parece ser automaticamente por isso o verdadeiro. Assim tomam frequentemente por verdade a representação baseada no entusiasmo com o novo ( mas sobretudo com o novo que é-nos próprio).

Assim, igualmente, parece que o mais cuidadoso pensar tende à estancar no egoismo do entusiasmo com o próprio, no definir-se e delimitar-se do humano auto-poiético.

Respeito/Temor

Confundem frequentemente ser respeitado com ser temido.

Friday, October 21, 2016

Europeu

Assim parece às vezes a vida do europeu desgastasdo: saem de casa rumo ao café, onde reunem-se para ficar sozinho juntos.

Castidade Transsexual

Dentre as pirotecnias mais insólitas variadas da Nova Era Sexual, a mais notavel delas parece ser a possibilidade de o sujeito transsexuar-se e no transsexuado gozar da piedade e castidade como seu maior luxo.

Thursday, October 20, 2016

Poesia

Só a poesia goza de poder guardar o elixir da inspiração artística, de ser seu menor e mais poderoso frasco. Uma idéia autenticamente artistica já o foi de antemão imediatamente na poesia.

É a verdadeira arte "de todos e de nenhum". Onde a verdade, como um símbolo, é mais simples e compreensível, mas nunca compreendida.

Sunday, October 16, 2016

Eterno / Perpétuo

Confundiu-se amíude a eternidade com o perpétuo - o qual por metonímia pode equivaler ao eterno, que é ainda de certa forma tanto daquele quanto daquela.

O tempo, pois, é perpétuo; pode ser eterno, mas não equivale à eternidade.

A eternidade corresponde à temporalidade do que no espírito pode sempre mostrar-se como presente deste já, ou seja, aquilo que aguarda recôndito mas omnipresente.

Esta é qualidade daquilo por que algo pode tornar-se perpétuo.

Rede



Pobres estes tempos em que o peso da despedida é ainda leve demais;


(tão leve quanto a presença)

Tuesday, October 11, 2016

Brinquedo

Imagine que uma criança só tenha seu brinquedo na universidade, e que nunca pode espontaneamente ir a ele. Assim é a vida de um músico cujo instrumento só é acessível numa universidade. E qualquer um sabe: os momentos mais musicais foram surpreendentemente espontaneos, a imaginação e os afetos jogando consigo.

Thursday, October 6, 2016

hand / god

The hand of god has a very complicated signature.

Dupla face do "Naturismo"

Natural é servir ao metafísico do natural,  ao semi-divino e semi-humano deste e para onde ele tende; nao babar como um animal.

Unir-se à "Gaya" nao significa deitar-se na lama pela curticao de deitar; mas eventualmente um ritual na lama, como evento simbólico.

Sexualismo e Ambiguidade Útil do Nudismo ( Nota)

O objetivo de videos como este ( que expressam um consenso importante)  nao é politizar, mas provocar uma boa punheta por metonimia, ou seja, pelo efeito de esta vender uma ideologia falsa. O principio é oculto; numa Playboy, um pouco mais honesto ( embora de raiz semelhante). O objetivo é tirar a roupa, mas sublinhando o tirar - o erotico, como desafio. Mas o espectador sentir-se-a culpado  e sera feito culpado ao subverter o politiico e moral ao pensar eroticamente, excluindo o comunismo por tras disto.

 Ora, o problema maior nao é a sexualidade, mas ao que ela serve de modo subliminar e desonesto. Só depois de limpar a gordura do politico-sexual é que alguém pode pensar os problemas e possibilidades culturais da sexualidade um pouco mais em seu em-si, como integrada à uma moral honesta - nao uma que mostre peixe vendendo tubarao.

https://youtu.be/C6mBkKhFsTo




Humor / Verdade

Perder o senso para o lógico e para o retórico significa ao mesmo tempo perder o senso de humor. Pois o humor é um joguete retórico (intencional) com o lógico e com
o real, seja revirando relações ou as percebendo pelo seu aspecto mais débil e imperfeito.

Quando a verdade se trivializa, dilui-se junto o esforço por racionalidade, fazendo às vezes que se tome mesmo a direção contrária; junto morre a graça e se depende de falsos palhaços, que por ironia nunca saberiam brincar com o falso, contraditório, indevido, caso tivessem uma visão mais positiva sobre a diferença entre rir no irreal (quanto ao real) e rir no real (quanto ao irreal).

Remoto/Recente/ História

Em toda coisa há duas histórias dificílimas: a mais remota e a mais recente. Somos coordenados por uma noção vaga que vaga entre estes dois tempos.

História da Música ( matéria)

Contar a História da Música do antigo ao novo só tem sentido mostrando a unidade genealógica mais clara entre as diferenças crônicas de obra para obra, estilo para estilo, compositor para compositor. Sem isto a matéria é ou incompreensível para o iniciante ou uma obra de mnemotécnica. Partir do novo e ira para o antigo, ou partir do convencional e clássico ao mais distante ( música pós-wagneriana e música pré-bachiana) seria face a isto uma melhor introdução ao assunto, pois não haveria perda dos pontos mais essenciais e dificeis que caractarizam o começo e o fim das coisas.

Wednesday, October 5, 2016

Cultura/Óbvio

Um dos favores mais importantes que a cultura presta à limitada inteligência humana é circunscrever-lhe o terreno do óbvio. O senso comum não iguala-se à evidência real, mas é frequentemente ao mesmo tempo a mais falsa e a melhor da qual se parte, para retornar a ele.

Tuesday, October 4, 2016

Troca de Poder

No xadrez, experimentei que o mais forte,  jogando muito tempo e por várias vezes com o mais fraco é empatado e mesmo depois vencido em algum momento por este, que tornou-se mais forte pela resistência do outro, a que nada mais tinha que resistir, tornando-se desatento. Assim venci meu vô pela primeira vez. Mas quanta coisa mais isto explica?

Devaneio / Tela

O devaneio, jardineiro das idéias mais frescas, está nas delicadas e profundas sombras do papel, nunca no lusco repulsivo da tela.

Acesso à Burrice

O acesso ilimitado e público à praticamente toda informaçãao parece ter mais é contribuido para uma burrice irreversível das pessoas, a qual será semelhantemente conservada e acessível aos pósteros.

Monday, October 3, 2016

Contratempo

A ocupação mais interessante seria empregarmos nosso tempo para isso que dá-nos tempo.

Pensar / Abraço

O pensar é mais especial quando não se especializa, sem deixar de ser dedicado; não como uma caricia localizada, mas como um abraço que toma o corpo todo e mais que isso.

Conservador Especializado

Há um perigo especializar-se num filosófo conservador e tomar isso por filosofia, e não isto ao que ele abre e não é alcançável por ele mesmo.

*

Outro erro é não entender que várias coisas extrínsecas a um discurso seguro pedem por serem experimentadas até certo ponto, mesmo caso seja de as criticarmos radicalmente.


*


Tais adjetivos são sempre sobretudo políticos, e acompanham o mundo: pois no pensar mesmo, ou há demais caos e movimento, ou é tudo muito mais eterno e estático - inacessível

*

 Há sobretudo o pensar, não o pensar conservador, nem o "revolucionário", vanguardista.

*

O pensar é mais especial quando não se especializa; não como uma caricia localizada, mas como um abraço que toma o corpo todo e mais que isso.


Medo / Poder

Muitas vezes és vencido, não por ser fraco - o que não é verdade - mas por teres te rebaixado ao medo a que os fracos querem te submeter.

Sunday, October 2, 2016

A "Quarta" de Beethoven

De todas as nove sinfonias de Beethoven, a quarta é a mais secreta de todas; ela conserva a genialidade do compositor de forma talvez incomparavelmente especial, exatamente ao ser a única a se proteger de modo bem sucedido contra qualquer possibilidade de banalização comparável às outras. Não há uma única melodia que ouvistes num assovio ingênuo, num arranjo violento, e nem lembras do último cartaz, ou CD,  em que seu nome constava.

Criatividade/ Jogo/ Enfadonho

Quando algo torna-se enfadonho, começam alguns a jogar exatamente com este enfadonho, mudando então sobretudo suas relacões, com vistas na sua superação; outros abandonam-o.

Por isso apontou com razão um filósofo ao dizer: a sonata fácil de Mozart poderia ter escrito qualquer e nenhum compositor, e exatamente aí consistiu sua genialidade; digo, não descobrindo outro jogo, mas superando o enfadonho por ele mesmo.

Nacional / Poético

A intraduzibilidade do poético no poema é, entre todas as artes, o nacionalismo mais intrínsico à poesia.

Jogo / Marionete

Parece que, tratando-se de entrenimentos e volúpias viscerais, há sempre uma saída para o ardil de um bom sedutor desafiado pela conquista, que mesmo ao parecer impossível, exatamente por este seu impossível é que abre-lhe a mais fina criatividade e paixão; para os prazeres mais propriamente estéticos - aqueles cuja sensualidade subjuga-se à uma condição imposta pelo espírito - daí não: mesmo o artista mais guloso pelas Idéias, o sábio mais ávido por ouvir, não lograriam êxito algum frente à mais viçosa mulher, ao mais heróico homem, tentando ativar-lhes receptores para gozos que fugiriam-lhes ao gravíssimo instante do toque. Um puxando a cima, outro a baixo, então venceria  o segundo. Um, mesmo ignorado, consegue ao menos o toque das mãos, a caricia de despedida, ou qualquer solidariedade, indo adiante ao próximo plano sem perder o quente do sangue; o outro, simplesmente, ante à extinção evidente das possibilidades, morre já antes da busca. Se um adoecer do corpo, ao outro o será do pensamento. Pois aqui,  embora ela resulte no prazer de um jogo, não parece haver verdadeiramente jogo da amizade, mas somente jogo das conquistas. Se conquistar amizades fosse também um jogo regrado pelas circumstancias do interessante, por aquilo que condiciona a livre troca de utilidades sensíveis , o que então restaria a quem sobrepõe-se esta fina coordenação da marionete dos meios?

Saturday, October 1, 2016

Monday, September 26, 2016

Equilibrista

Parece que vícios morais não se elimina, se controla. Virtudes, porém, exigem habilidades de um equilibrista.

Friday, September 23, 2016

Ajuda para Rir

Há coisa mais patética que ser forçado a explicar para alguém onde está a graça em algo de que o outro não viu graça? Pois aí, no que consiste o ridiculo nisto, não há nada que seja racional, fora mostrar que foge ao racional, por ser absurdo ( Kiekegaard) ou por ser nada ( Kant). Explicar a graça de algo é torná-lo novamente racional, tirando aquilo em que residia graça. No máximo dá-se condições de percebê-la.

Thursday, September 22, 2016

Música Negativa

O que mais incomoda na chamada "nova música" não é simplesmente os materiais de que dispõe - que de fato renovam a experiência do ouvir, e nisto a do significado - mas sim essa coisa de partirem do negativo ao neativo, alcançando nele seu ponto culminante e a ele voltando quase que invariavelmente em toda peça. É então lógico de se pensar, se em alguma hipótese haveria um conteúdo positivo a ser expresso por tais materiais!Haveria um material novo, capaz de expressar conteúdos positivos, tão quanto os exemplificados pela música pré-modernista?

Wednesday, September 21, 2016

Poesia

Poesia parece um modo eficiente e paradoxal de chegar à verdade por delírios da razão.

Maquiavel de Sade

Um certo tipo de fim justifica certo tipo de meios; não qualquer um deles.

Friday, September 16, 2016

Premissa Futura

Existe uma forma de argumentação que é extramamente perigosa e sensibilizante, pois ela é baseada no postulamento de um inverificável. Nela tomam parte p.ex. o axioma da conspiração e argumentos morais/éticos para dirigir a ação quanto a um possível perigo. Obviamente são formas argumentativas. suspeitas, que sobretudo relacionam o imperativo dado pelo detentor do discurso e o receptor, unido-os muito mais pelo delírio contagiante do medo e muito menos pelos complexos de-talhamentos  da razão. Trata-se de uma forma angustiada de relação com o Desconhecido, que antepõe-se ao acontecimento do próprio, extinguindo na própria antecipação a possibilidade deste ser deixado ser, isto é, sob uma ação baseada num discernimento entre verificável e  inverificável, entre o que está escrito no céu e o que escrevemos na terra.

Reconhecimento

Perigamos ao sem-volta cultural.

Em breve não teremos nem os que reconhecem  nem os que seriam reconhecidos; nem os que apreciam, nem os apreciados.

Se já é difícil a mera justiça aritmética das moedas, por que seria mais fácil dominar a justiça dos valores inumeráveis?

Thursday, September 15, 2016

Música Antiga

A chamada "música antiga" parece correr risco de morrer no caricaturismo. Alguns parecem preocupar-se em formar programas que não fazem mais que afirmar os interesses mais sintomáticos de nossa época. Um deles é fazer dela um museu circense do grotesco e interessante, do aspecto mais cafona do passado; outro exagera o contrário deste: busca no passado um vanguardismo, na verdade inexistente. Como alguém que tem seu rosto deformado por um símile sobredimensionado de sua boca e seu nariz, assim corremos perigo de, submetidos à forças extrínsecas ao cultivo estético, perder de vez a dimensão platônica e sobretemporal da música que culminou em Bach, Haydn e Mozart.



Música Antiga

A chamada "música antiga" parece correr risco de morrer no caricaturismo. Alguns parecem preocupar-se em formar programas que não fazem mais que afirmar os interesses mais sintomáticos de nossa época. Um deles é fazer dela um museu circense do grotesco e interessante, do aspecto mais cafona do passado; outro exagera o contrário deste: busca no passado um vanguardismo, na verdade inexistente. Como alguém que tem seu rosto deformado por um símile sobredimensionado de sua boca e seu nariz, assim corremos perigo de, submetidos à forças extrínsecas ao cultivo estético, perder de vez a dimensão platônica e sobretemporal da música que culminou em Bach, Haydn e Mozart.



Wednesday, September 14, 2016

Música / Repetição

A música é uma das raras coisas na vida que permitem-nos revivificar um momento perdido no tempo. É, pois - apesar de sua essência efêmera - o prazer absoluto da repetição de um instante.

Tuesday, September 13, 2016

Coisidade do Amor

A vida nas coisas do amor, cuja essência reside numa reiteração qualitativa ou quantitativa do infinito de suas possibilidades de experiência, é por via disto mesmo algo que o destino só enquanto um duvidoso sedutor pode nos prometer .

É-se não pretendente de alguém, mas sobretudo da vida que se apóia neste domínio demais redondo do destino.

Perigosa perfeição.

Wednesday, September 7, 2016

Mirabilia Poética

Não há aspecto do mundo que não seja sempre de antemão possível à poesia e salvo por algum poeta.

Tuesday, September 6, 2016

Pedra Filosofal

Filósofo é quem está disposto a sofrer acidentes conceituais terríveis, correr às vezes risco de vida manejando substâncias ora efêmeras ora explosivas.

Sunday, September 4, 2016

ars sexualis

Sexo como divertimento é uma imitação do original; corresponde, pois, não à natureza, mas à arte.

Saturday, September 3, 2016

Terra Seca

Dois milenios de cultivo àrduo mas insano do arado do espírito. Consequência: aos porcos delegar os arrepios mais nobres dos cinco sentidos, roubado-lhes porém a terra etéria que , mais fértil que qualquer óvulo, daria-lhe sentido.


Monday, August 22, 2016

Cientistas acreditam que...

Basta rastrear por informações quanto ao sono e se podeá verificar rapidamente a palhaçada em que caiu o título "ciência".

1. Os antigos dormiam melhor pois tinham sono bi-fásico. 

(http://www.history.vt.edu/Ekirch/)

2. Sete horas de sono podem ser melhor que oito.

 (http://www.wsj.com/articles/sleep-experts-close-in-on-the-optimal-nights-sleep-1405984970)

3. O tempo necessário de sono depende da massa cerebral 

(argumento mais coerente ao meu ver, por uma cientista brasileira).

4. Como diminuir seu sono para 6 horas

(Wikihow)

Há ainda algo sobre 5 horas etc...

(https://www.bulletproofexec.com/sleep-hacking-1-million-people-prove-sleeping-5-hours-is-healther-than-sleeping-8-hours/)


Quanto a outros assuntos humanos chaves percebo o mesmo buraco: Contrário às classes religiosas e filosóficas, uma frase do tipo "cientista acredita que P" significa para muitos a verdade de P. Pois com tal hipotese vai-se alguns quilometros a mais, independente de ela ser reprovada por pensamento lógico e crítico. Na maioria destes artigos convencedores, não há mínimo espaço para avaliar pormenores que colocam a base destas afirmações em cheque, ou no mínimo, que tiraria o brilho fácil deste desfile precipitado e mensal de produtos e resultados a respeito de problemas humanos de longa data.

Além disso, não surpreenderia caso algum astrólogo se anuncie, dizendo que para tal signo é assim e assado, quando nascido na casa tal.

Se for-me permitido um palpite, as horas de sono dependem da atividade profissional ( física, mental, criativa, etc...) e da situacão emocional.  Pessoas firmes emocionalmente dormiriam menos que as mais instáveis. Pessoas operativas menos que as criativas. Vidas regulares precisariam de menos sono que vidas irregulares. E assim por diante.

Ganharia eu alguns dolares para ir além ...?

Sobretudo, eu diria que o AGORA e suas determinantes avaliadas por VOCÊ ( pelo "eu" que condiciona para onde vai a personalidade) é o mais forte. Pois são as informações mais diretas e evidentes, em sua integralidade - não as "pasteurizadas". Contudo o conhecimento vindo do exterior pode parte disto, naturalmente.









Cientistas acreditam que...

Basta rastrear por informações quanto ao sono e se podeá verificar rapidamente a palhaçada em que caiu o título "ciência".

1. Os antigos dormiam melhor pois tinham sono bi-fásico. 

(http://www.history.vt.edu/Ekirch/)

2. Sete horas de sono podem ser melhor que oito.

 (http://www.wsj.com/articles/sleep-experts-close-in-on-the-optimal-nights-sleep-1405984970)

3. O tempo necessário de sono depende da massa cerebral 

(argumento mais coerente ao meu ver, por uma cientista brasileira).

4. Como diminuir seu sono para 6 horas

(Wikihow)

Há ainda algo sobre 5 horas etc...

(https://www.bulletproofexec.com/sleep-hacking-1-million-people-prove-sleeping-5-hours-is-healther-than-sleeping-8-hours/)


Quanto a outros assuntos humanos chaves percebo o mesmo buraco: Contrário às classes religiosas e filosóficas, uma frase do tipo "cientista acredita que P" significa para muitos a verdade de P. Pois com tal hipotese vai-se alguns quilometros a mais, independente de ela ser reprovada por pensamento lógico e crítico. Na maioria destes artigos convencedores, não há mínimo espaço para avaliar pormenores que colocam a base destas afirmações em cheque, ou no mínimo, que tiraria o brilho fácil deste desfile precipitado e mensal de produtos e resultados a respeito de problemas humanos de longa data.


Se for-me permitido um palpite, as horas de sono dependem da atividade profissional ( física, mental, criativa, etc...) e da situacão emocional.  Pessoas firmes emocionalmente dormiriam menos que as mais instáveis. Pessoas operativas menos que as criativas. Vidas regulares precisariam de menos sono que vidas irregulares. E assim por diante.

Além disso, não surpreenderia caso algum astrólogo se anuncie, dizendo que para tal signo é assim e assado, quando nascido na casa tal.

Ganharia eu alguns dolares para ir além com isso...?








Friday, August 19, 2016

Thursday, August 18, 2016

Scientia

Quanto à verdade da verdade, o maior e único valor da Ciência parece consistir em poder revelar à Filosofia e à Religião o contorno, a frágil superfície empírica, das problemáticas que estas dentro de seus próprios meios possam superestimar. Contudo, isto não significa anular ambas, nem substitui-las.

Saturday, August 6, 2016

Olimpíada (2016)

Como nossa abertura dos Jogos mostramos como nenhum povo todo nosso horror aos gregos antigos, celebrando sobretudo a quantificação do feio.

Friday, August 5, 2016

Liquidação por Liquidificação

Uma individualização ad infinitum, até à inexistência da identidade, à perda das periferias, dos territórios, da posse, ou do rompimento de qualquer membrana entre algo e algo, entre eu e outro.

Thursday, August 4, 2016

Assinaturas do Estilo Austro-Europeu

Tratar as pessoas mal por egoismo; tratar as pessoas bem por egoismo; ser humilde por orgulho; excluir ou incluir, regrar ou ser regrado, por medo; sorrir por dentro e emburrar por fora, emburrar por dentro mas sorrir por fora; trocar o "eu" pelo "se"; não levar nada "pessoalmente", mas sentir-se juridicamente ofendido por cada vez mais direitos...

Assinaturas do Estilo Austro-Europeu

Tratar as pessoas mal por egoismo; tratar as pessoas bem por egoismo; ser humilde por orgulho; excluir ou incluir - regrar ou ser regrado - por medo; sorrir por dentro e emburrar por fora, emburrar por dentro mas sorrir por fora; trocar o "eu" pelo "se"; sentir-se juridicamente ofendido por cada vez mais direitos...

Sobre-Vivência

Entre os que vivos vivenciam, poucos tiveram a dádiva de a isso poder agregar o sentimento de sobreviver.

Wednesday, July 27, 2016

Direitismo radical da esquerda ( subsídio para uma lists de outros paradoxos)

Em Munique um iraniano é acusado de direitismo extremo, junto a racismo. Por outro lado, fala-se do esquerdismo por trás da globalização aplicada aos refugiados, grupo do qual ele fez parte num asilo, de custos assistencialistas.

E então?

Sunday, July 24, 2016

Quanto dura?

O mais importante no tempo humano é seu valor existencial; 

e para este valor não há mesura, pois sua intensidade e matiz são especialmente novos e singulares cada vez em cada um. 

Mas para a mesura, sim, há sempre um tempo existencial que lhe dá vínculo e sentido.

 O tempo, pois, alarga-se e adensa-se conforme à felicidade ou à tristeza,
ao prazer ou desprazer, 

traindo a própria duração que aparentemente tanto nos promete.

Saturday, July 23, 2016

Competition

What is the meaning to be a winner of a competition today, that is not a competition for sport? That none better than you was there to win it, other that the winner of another competition was not really recognised at this time.

 Are we really in everything a player?

The rules of a competition are not immediately the rules of the arts.

Sunday, July 17, 2016

To Think / Risk

A really philosophical thinking would encourage you to suspend for a while your whole behavior, even in its more "natural" other normal moments. It is not matter of intelligence other expertise, but of direction of a personality. That's is the intrinsical "risk of thinking".

 And the individual possibility of that cannot be the matter of a political plan; but just matter of the political protection against things that overwhelm this freeway, and against things that hidden the creative darkness of thought from those who could and should be the honest thinkers themselves.

Only in compromise to a true self exists a true thinking. And there is no original thinking without first of all an honest thinking, that one given to its own risk.

Risk / PhD


Thinking is (since the days of Tales from Miletus) a neurotic risk.

It is a wonderful discovery on the academical system of production, to write things that seem as "discussions" other "thesis" for those who never read the main works of such discussions, other don´t have any information other thought about that. A thesis seems to be nowadays - principally on arts and humanities - always an introductory entertainment or some kind of high level of journalism.  The principal aim is to give the reader a sensation that he earns time with someone who read so much  - but not necessarily think as well. 

Seduction rules everywhere.
Thinking is a neurotic risk.

Saturday, July 9, 2016

A Mão do Não Compulsivo.

Como que a mesmo consciência consegue ao mesmo tempo admoestar por fritar um pintinho mas não por furar um feto?

Monday, June 6, 2016

Longevidade

As pessoas que identificam-se com seus corpos, neles perdendo-se, envelhecem ou podem mesmo adoecer pelo exagero disto; as pessoas que apoderam-se de seus corpos, e fazem-no a partir do ser universal que perpassa o chamado "si-mesmo", acabam tendo o pleno sentimento de ser cada vez mais.

Trata-se, então, de decidir ante ambos; pois um jamais levará ao outro.

Diferente do vitalismo da vitalidade, a existencialidade, em seu singular existencialismo, não tem idade, mas intensidade.

Sunday, June 5, 2016

Neue Musik / Zeitgenössische Musik

Neue Musik: ein gescheiterte Originalismus, der immer gleich klingt, und sich neurotisch als "Standard" in der Gesellschaft setzten will, und zwar als ihre "Befreiung".  Die Langweile des unwahrnehmbaren Kontinuums,  der ewigen Verspannung des Körpers jedes Instrumentes, jedes Instrumentisten. Ein Angriff gegen das Wesen des Gehörorganes. 

Zeitgenössische Kunstmusik: die Möglichkeit, die Neue Musik aus seinem neo-marxistischen Schlummern zu wecken und mittels einer representativen Elite dem Volksmensch etwas besseres und sympathischeres anzubieten als die Abbau des ganzen geschichtlichen Sinns.

Thursday, June 2, 2016

Philosophia e Sophophilia

Pior do que as grandes questões é não haver alguém com quem tratá-las em confiança. Outra grande questão...

É muito eficiente o modo gregário da estupidez, e o da ignorância, sobretudo quanto à consolidação das amizades.

Entre os que querem saber, a experiência comum não está naquilo que julgam saber, mas sobretudo na alma do querer saber. Pois o que sabem juntos passam logo a não saber juntos, assim que tal saber é decomposto em suas partes, freqüentemente opostas.

Por isso alguns julgam serem amigos ou amarem-se por algo que pode ser contrariado pelo passar dos tempos; e outros amam-se e identificam-se pela forma.

Quanto à verdade da amizade, que é sua perenidade na vida e seu o sentimento de compartilhamento destas em uma só coisa , ou afilia-se por uma forma ou por nada, isto é, jamais.

E que forma é esta, que é a forma real da vida e a forma real do saber, senão uma alma e suas atividades e desígnios mais superiores?

Pois a unidade de tais desígnios nunca poderia ser imaginada como algo bruto, mas sim vivo. em so si próprio uno e intelectivo.

O saber da amizade mesma, bem como seu acontecimento, parece deste ponto de vista a primeira das grandes questões, pois qualquer uma delas desafiará sobretudo qualquer amizade, sempre que desafiar qualquer parte sua, colocando mesmo a base, sua forma, à prova.

Não parece ser então possível afiliar-se de modo perene se a base não passar de uma frágil perspectiva. E isto parece, por um lado, pior que estar consolidado na solidão frente a qualquer grande questão, pois daí trata-se de uma traição sempre iminente da contingência. Mas por outro lado a solidão do saber parece igualmente pior, embora consequência de uma traição da contingência:

por que , mesmo no desespero e desafio do saber, não se deveria perder o contato com estes para quem ele estaria aí.

Tuesday, May 31, 2016

Harmonia

Duas fontes de loucura:
condicionamento demais e incondicionamento demais.

Conforme Philolau, o pitagórico, a harmonia é o bem de ambos numa só coisa.

Ora, o amor é a mais forte harmonia.
 A harmonia a força do amor...

(Tal o verso entonado por Monteverdi à Pompéia,
  sob medida das suaves tensões do rosto rico)

No pensar é verdade, no fazer o bem, na criatividade o belo:

Amor e Harmonia,
Análogos reversíveis.

Ato e medida contínuos da perenidade do ser,
determinada e indeterminada à razão de um fogo secreto,

                                                                                                    (quase heraclítico?

Monday, May 30, 2016

Atonalidade

Atonalidade é a utopia de uma elite na música. A versão musical do delírio da émancipation individuelle totale, que quase tudo hoje coordena.

 "Neue Musik" é o eufemismo desta utopia, a utopia de uma música total;
  música nenhuma, embora exímia arte da artificialidade do som.

É o modo que favorece músicos apáticos para com os intervalos musicais, de gente que nunca gozou do próprio canto, da próprio improviso, a conspirar com pseudofilósofos e o valor meramente sindicalista de seus "studies".

As outras músicas ruins são epifenomenos da doença de uma elite que rouba-lhes a pira.

Jurisprundência

Imagine  que a filosofia seja uma jurisprudência de idéias que guiam a humanidade à esquerda ou direita, e cuja constituição é disputada e aquática demais, e cujo emprego, como tal, não existe, e cujo risco é grande e nobre, e cujo nome é ambígüo, neutro, belo e horrível, causando temor quando soa, causando pudor quando rufa. Os filósofos decidem-se fundamentalmente entre juízes, promotores, ou advogados. Às vezes pensam sê-los em vão; não passão de vitma ou testemunhas de uma idéia.

Sunday, May 29, 2016

Xadrez

Ah tornar-se enfim erudito, um grande filósofo, um belo empregado, um grande pensador, o "magister perennis" do livro que apropriou todos os livros, o tema de monografias e conversa nas festinhas de fim de curso,  da discussão internacional dos departamentos, o polemista recluso na glória do ostracismo geral, ou o que escreveu para "aqueles",  herói do original no livro que refutou todos os livros, da palestra que persuadiu o consenso acadêmico, igualmente o pleno senso comum, arqueiro da flecha  certeira do arco interdisciplinar...

Ah conquistar um patamar onde se esquiva-se cada vez mais facilmente de perguntadores fatais. Poder instituir conversas sob controle, configurar os convidados, evitar a questão "que levaria-nos longe demais", desbastar os cantos enferrujados da memória, evitar ser repensado pelo Outro sob a leveza medíocre  de seus pensamentos - mas da ameaçadora noite escura destes, ao mesmo tempo. Não perder tempo respondendo ao marcineiro, explicando ao carpinteiro, tolerando a insistência da enfermeira inquisidora. Ao diabo com apostolados: meu tempo é curto, pois mede-me apenas a fita da eternidade.

Trata-se de um arco de mármore, cuja contraparte só poderia resumir-se ao próprio símile: outro arco de mármore.  Nunca qualquer um , e não mais que um.

  Significa morrer nas perguntas escolhidas à altura da coragem ou covardia de si mesmo, mas sem de fato poder dar ao mundo acesso a isto que ele mesmo no úmido subsolo de sua alma não ousaria duvidar durante mais que a gota de um lon-güin-co segundo (...) Não duvidam uns por certeza demais; outros por dúvida demais.

Mas ora, não fora sempre conhecimento um parco fecho de luz ao horizonte, que frente ao Desconhecido, tanto grande como pequeno, não faria mais que debater-se contra o Infinito?

Todo filósofo desaparece de alguma forma no vapor de sua própria caldeira. Nenhum sujeita-se ao constante jogo do ganhar e perder, à vertical do cair e subir, do cheque e descheque, ao paradoxo do peão-Dama, próprios do que os grandes enxadristas prefereriam travar consigo. Todo admnistra como pode a linha tênue entre lógica e retórica da palavra "todo";

                    nenhum parece hesitar em ilhar-se com este inverificável "nenhum".

Friday, May 27, 2016

A Verdade do Original e a Verdade do Originário

Vivemos em dias nos quais se é condenado por qualquer tentativa intencionada de "ato verdadeiro" ou por qualquer "ato pela verdade", quando só é permitido ser uma ação passiva dela, um negativo tirânico monovisual de qualquer juízo de valor, de qualquer descrição pura dos fatos baseada nos legados mais originários do ser humano, e longe, pois, do falso originalismo e independência que assombra-nos pela modernidade adiante.

Saturday, May 21, 2016

Visita Essencial

Se o sábio Aristóteles passasse por aqui novamente,
certamente diria-nos espantado em seu enxuto grego:

"De fato, vosso mundo perdeu a substância;
tudo não passa de um grande acidente,
 sem prumo nem rumo."

Quanto vale desafiar a essência com outra coisa?
O seu atributo divino é sempre existir de fato,
E o outro, mais humano, ser, por antecedência aos fatos,
     
                                        o mais real do pensável.

Espada Covarde

Uma coisa é saber a verdade,
outra coisa é não ser covarde e dizê-la,
mesmo contra a própria imagem.

Assim hesita o guerreiro cansado frente à difïcil espada de diamante.
Ou o sábio envergonhado do que descobriu por experimento.

A postura é cínica ou irônica, e nivelada ao engano  do próprio interlocutor, de certa forma apenas imaginário.

Como livrar a ironia religiosa do egoísmo, contando a verdade apenas considerando uma de suas metades?

Que coragem haveria em dizer a verdade apenas
em sua metade, quanto à mensagem, e apenas sob um pseudônimo, quanto a forma de dizê-la?

A verdade na covardia não é verdade de inteiro,
enquanto só uma verdade inteira força à coragem ,

pois, se na verdade,
então junto a tudo o que é por peculiar necessidade.

Esboço para um Retrato das Espirais

Uma dialética deixa-se representar como uma espiral vertical e ascendente, indo do temporal ao sobre-temporal, do efêmero ao perene, preferivelmente de forma cônica, sedenta do eterno.

Outra deixa-se representar em uma espiral horizontal e progressiva, indo do temporal ao mais temporal, do efêmero ao mais efêmero, preferivelmente de forma cônica, insatisfeita com o próprio efêmero, e de forma invertida sedenta pela destruição.

O eufemismo intelectual mais delicado para esta última seria "dialética negativa": das respostas possíveis apenas a negativa é resposta.  Ela converte-se facilmente, por paradoxo, num jogo confortável e mútuo do sim.

Trata-se de uma espiral em movimento retilínio uniforme, ou que se movimenta em todas as direções opostas ao mesmo tempo, de modo rizomático entre o vácuo das estrelas mortas.

Para a outra, qualquer expressão parece pobre demais para afirmar os jogos internos de sua composição: para as respostas possíveis, mesmo as negativas contém um aspecto positivo e apropriador.

 Surge um planeta, uma estrela, passa um cometa, e o sistema permanece plantado, orgânico e vivo.

De qualquer modo, ascese e superação são entre ambas os análogos mais perigosos de qualquer esforço para a humanidade erguer-se - não voar;

eis, pois, uma propriedade não só das espirais, mas ainda âmago intrínseco das curvas.

Tuesday, May 17, 2016

A vida intelectual nas redes sociais (1)

É bom que tudo o que somos capaz de pensar já esteja saturado em posts pré-feitos por gente superqualificada.Logo haverá "disputationes" consistindo apenas num diálogo entre estes posts.

Sunday, May 15, 2016

Improvisação / Onanismo

A improvisação musical é nobre não pela maturidade da obra-de-arte que produz, comparada às outras, que são feitas sob princípio do aperfeiçoamento, mas sobretudo por mostrar o vigor e vitalidade inicial da criação: é um ato fecundo, mas não uma fecundação.

Ser-reprodutor

O ser-reprodutor cuida de regras e condições para o ser-criador.

Ser-criador

O ser criador é aquele que cria por necessidade, mesmo antes de governar todas as regras do que cria, ou dispor de outras condições para isso: inicia da regra- e da experiência-zero. Ele transcende e viola a condição posta por um ser antes mesmo de ela existir como determinação posta a partir de um ser.

Há dois seres criadores: o com vistas ao original, e o sempre originário; o original graças ao originário e o originário do e para o original.


Denúncia

Já que foi proibido comentar, comento aqui. Este video deve ser urgentemente denunciado ao "Comite de Dialética Eterna Universal"  (olavo@olavodecarvalho.or) :

https://youtu.be/6F95tt3xvyU

Que autoridade de pensar em público pode ter uma pessoa desta?

" Eu tenho conhecimento sobre ocultismo pois traduzi obras de ocultistas; portanto julgo o ocultismo de Olavo".

14.000 mil pessoas "curtindo" um pensamento do tipo : se a cama fosse branca, mas o pé é amarelo, logo o estrado é marron e a cama  ruim, e por isso a cama é branca, já que falo bem convencido disto.

Parece aqueles que xingam, ofendem e saem correndo. O único problema é que estão formando opnião contra gente séria a partir destes video-selfies de boca de rua. É um fascismo vindo de baixo.

Vale o selo de "burro", perdão...

Saturday, May 14, 2016

" Burro!" ( Uma tentativa em Lógica)

O sujeito é burro quando nega por meros sentimentos negativos um argumento válido na forma e correto quanto aos fatos que lhe servem de premissa ( "argumento verdadeiro"), teimando por este caminho.
 Isto quer dizer, o Burro é quem argumenta exclusivamente ad hominen e ad fortiori , por motivo de não ter outra saída afetiva e cognitiva para tal, sofrendo ele próprio frequentemente as consequências disso . Desta forma, xingar ou qualificar alguém ou si mesmo de burro, especialmente num contexto de retórica filosófica, é uma espécie de ad hominen elevado ao absoluto: parece haver algo de especial a mais!

O advento da burrice, ao lado do de abuso de poder, mostra-nos a fragilidade de saber algo baseado em premissas verdadeiras e concluído validademente - mesmo do ponto de vista mais formal. Somados uma a outra, burrice e tirania mostram-se de fato algo avassalador. Por isso não é mal que muitos venham desde anos desenvolvido uma arte contra isto....

Kierkegaard talvez diria: " Trata-se do momento onde é evidente que nao vale a pena te levar com paciência na ironia devo por termo nisso seriamente".

Vários filósofos xingam interiormente os outros de burro, acredito. Deve ser uma espécie de exercício interior. Mas a diferença que ponho é: um caso, o popular,  significa " idiota; pensa direito; desatento!; não gosto de voce pensando assim... ", e noutro " enfim, o diálogo racional e cordial é impossível por tua culpa, e continuar me ofende na dignidade intelectual. Então se me acusares de algo a respeito do qual não queres ou não podes entender minha defesa, chamar-te-ei de burro".

Enquanto chamar alguém de burro simplesmente é ofensivo, Olavo converte isso num contra-ataque por parte do que tem razão frente aquele que nega objetar o conteúdo de um argumento, esquivando-se por vias suspeitas. Se chamas de burro alguém que tem razão, este irá repetir seus mesmos conceitos, clareando-os mais uma vez; mas se chamas um charlatão intelectual de burro, este esquiva-se do foco como um rato, voltando por trás.

A palavra parece sempre ter sido afastada do tom intelectual precisamente por seu jeito ofensivo. Eu mesmo compartilhei este sentimento já alguma vez e acho que escrevi neste site mesmo dizendo que não há conteúdo em chamar alguém de burro -  o que de início é de fato a verdade de toda ofensa na argumentacão. Mas eis que de uns tempos para cá, a insistência de  Olavo de Carvalho deu-lhe um matiz muito próprio e quase intelectual, como se fosse o coroamento terminológico de sua filosofia e engagamento jornalístico tal como o absoluto hegeliano da pessoa Hegel mesma. Certamente há algo de duplo em torno disto: cômico e absurdo.  

Os motivos para esta postura, porém, no são apenas baseados em sentimento, mas em duas coisas ao menos. Por um lado, na tentativa de descrever um caso-limite intelectual, onde após o locutor demonstrar um fato, o interlocutor nega-lhe ( por esquecimento, cinismo, ou má vontade) a simples compreensão do conteúdo que foi dito, sem confundí-la com a asserção, e sendo assim a única forma de contra-atacar. Por outro lado, é sabido a influência do cavalheiro Robert Scruton em suas abordagens sobre ( e muitas vezes sob) o termo "conservador". Bem, Robert Scruton afirma perante a mídia inglesa algumas posições tão "radicais" quanto as de Olavo, mas com uma suavidade que me parece às vezes pedante. Então suponho que Olavo, ao ler um filósofo destes, traduz interiormente seu discurso em uma forma mais brasileira... Nesse sentido é que muitos errarão quanto ao emprego peculiar do termo em sua fala-  o que não significa que seja um conceito de sua filosofia. Mas eis que eu ofereceria ao leitor uma curiosa reflexão quanto ao experimento de supor a burrice como algo próximo a um conceito mesmo, o qual teria ficado célebre pelo filósofo. O mesmo vale para os "estultos" e "tolos", citados por Erasmo ou na Bíblia mesmo. Não fique, pois, tão assustados com a novidade...

Pois não é, também por isso,  algo para o que ele não tenha motivos da filosofia mesma: Aristóteles já dizia em sua Ética que o virtuoso se expressa com veemência quanto a fatos injustos demais.

Por estes motivos é que trata-se de uma palavra que, mesmo chula e ofensiva no cotidiano, parece  muito especial para o filósofo e homem de saber em geral, e que acusa  uma situação-limite frente a um adversário ofensivo e não dialógico; um limite não de sua sensibilidade apenas, mas de seu uso eficiente e comunicativo dos conceitos. 

Seu charme, porém - e , na minha opnião, humor mesmo - parece estar na mão dos conservadores, ao dar-lhes algo de subversivo e que desafia o  próprio "gentleman" ...



Friday, May 13, 2016

Roger Scruton


Eu comigo:

"Conseguirá Scruton ser mais que educadíssimo, respeitabilíssimo, moderadíssimo e bem-intencionadíssimo?"

Seu público:

"Torcemos por você!".

Olavo de Carvalho:

 " Deixa o facão comigo! E se tiver dúvida, pergunta para mim que eu dou uma dica..."

Tuesday, May 10, 2016

Universidade ( outra vez)

Eu ficava pensando comigo romanticamente naquela universidade linda de Foucault e Deleuze; classes cheias, discursos densos, comentários longos de estudantes à altura dos mestres. Mas daí eis que percebo devermos suspeitar muito bem o motivo de ter sido esta uma era para tais devaneios românticos: percebo que o motivo parece ter sido justamente a grandeza e fama destes mestres, que por falta de verdade, e não acreditando nela, acabaram posteriormente por levar a universidade abaixo, rompendo o limite e distinção das coisas que lhe dava a estrutura própria de um orgão do saber conformado à busca pelo real no discernimento, e não do fingir-ser conformado a fins.

Monday, May 9, 2016

Máxima

Para seduzir a sabedoria é preciso deixar-se antes ser conquistado por ela;
perante esta não abrir mão de uma humildade férrea;
mesmo correndo risco de passageira arrogância,
frente aos que lhe são menos humildes,
de ouvidos malevolentes, ou sábios por acaso.

Sunday, May 1, 2016

Dois Aviões

Parece que um avião brasileiro poderia cair por motivo de alguém ter corrompido alguma regra, p.ex. ao tomar cerveja demais na cabine, ou perder os olhos em algum corpo lindo; por outro lado, parece também que um avião austríaco, severo demais, teria caído por sobrecarga da psíque, p.ex. ao piloto bossar o co-piloto, que se desculpa por ter atrasado seu relógio, ou por outra coisa.

(...) Ou ainda por falta de humor: o que cansa demais a concentração e atrofia a inteligência.

Saturday, April 30, 2016

Chopin Op. 28 No.4

Do ponto de vista do sucesso e da felicidade parece haver algo de patético na tristeza e na melancolia.  Ambas seriam mera miragem do real.

Espelho Virado

Nenhum gênio é mais capaz de reconhecer si próprio frente à força dos novos instrumentos de estupifidicação.

Friday, April 22, 2016

Flecha

Não é docemente misterioso que nunca se apaixonou-se por mais de uma pessoa ao mesmo tempo?

A paixão carrega consigo a forma da unidade e da substância, o comprometimento ontológico;em última instância, da verdade absoluta ou de suas desilusões.

Só aceita  formas e resultados radicais.

Thursday, April 21, 2016

Espelho

Entre as pessoas que olham-se frente ao espelho, estão aquelas poucas que tentam enxergar as próprias costas, ou mesmo a nuca.

Monday, April 18, 2016

Vaga-Lumes

Os olhos solitários parecem identificar-se imediatamente entre os bandos.

Nada mais atento ao outro que o resto aposto ao canto.

Foscos e sem alento, ateriam-se rancorosos ao escapulário sem rancor...

Não fosse a sympathia do vazio com o vazio, somando-se em amor.

Eu e Ela

Apaixonado neoplatônico, ignorante de qualquer pensado na Escola de Ficino, ficou até tarde escrevendo na universidade. Só sobrou ele e a câmera de vigilância...

 Ser uno omnipresente; deus-mecânico. É-lhe impotente teu S.O.S.

Parece ter delatado Foucault, a cabeça fálica.

Não a mim (!)

(...)

 Quando terminou, despediu-se da câmera que o acompanhava, com certo sentimento de ser percebido...de estar à dois sob o ânimo da máquina.

Mas a s.ó.s.

Friday, April 1, 2016

1. de Abril

O único modo de certas pessoas superarem a contradição da solidão, legitimando a verdadeira condição de "só", é tornarem-se radicalmente públicos, nem que - fugidiamente - passando por uma mentira.

Lá e Cá

No Brasil o intrometimento, o abuso dos imperativos sem licença, são constantes tão fortes que, no Exterior, quando alguém não se mete em nossa vida, sentimo-nos até sozinhos...

No Exterior, porém, as formas educadas de pedir e proibir revelam um espírito sedimentado, e servem para seus abusos mais sutís.

Eis, p.ex. o que já ouvi: "Por favor, não abane as mãos enquanto fala" (...)

Thursday, March 31, 2016

Anti-Olavetes vs. Olavo Tem Razão

Sobre nosso filósofo Olavo de Carvalho, essa coisa de "Olavo tem razão" e de "anti-olavetes" por tudo quanto é lado na internet é um tapeamento de uma ignorância com a outra, viu. Ah crescer...! 

Briga de irmãos pequenos, quando um é apenas só um pouco maior, e o outro só um pouco mais velho.

Tuesday, March 29, 2016

Carisma Filosófico / Perda de Tempo Intelectual

  Eu sugiro urgentemente não resumir-se a espectador de nossos shows filosóficos: Clóvis de Barros, Mario Cesar Cortella, etc... Um substitui o pai que todo brasileiro no fundo nao quer mais; o outro substitui o filho que renasceu depois de uma época forte de maconha, acordando com uma voz rouca que o perseguirá até a morte. O mesmo vale para os shows internacionais: Precht, Slavo, Chomsky;  erguem um espectadorismo muito mais ativo que a vida intelectual e, sobretudo, disforme e desproporcional para com ela. Esse pessoal é altamente carismático; com o Clóvis mesmo é de morrer de rir. Mas a verdade é que não se aprenderá a pensar em filosofia com essas pessoas. No máximo eles aprazem ao narcisismo filosófico do espectador: fá-lo sentir-se inteligente, e dá-lhe o prazer teatral da realização momentânea do que , também por um momento apenas, quer ser. Ou seja, o caminho, o suor, a responsabilidade, as crises intelectuais ficam todos por um curto momento suspensas, ou mesmo abandonadas de fora, perpetuamente. Eles não fazem mais que construir muito bem discursos retilínios sobre temas problemáticos e substancialmente difusos. Nunca opoem-se de fato ao paradigma dominante como algo real trazido aos conceitos, mas colocam no lugar deste um espantalho inexistente, enriquecido apenas verbalmente e corroborado pela espectativa estética do auditor ; uma soma entre algo que Deleuze entederia como "personagem conceitual" e o que Schopenhauer, em sua filosofia estética, chamaria de "excitante". Nunca percebi um momento minimamente dialético e metódico em seus discursos; nunca percebi um questionamento ao mesmo tempo puramente racional e humanamente radical em suas falas- embora eu não esteja deste modo pretendendo um fácil cafuné no próprio Deleuze, ou ainda defendendo um possível rancor de Schopenhauer. 

Mesmo embora não o quisessem, embora fossem "homens bons", falam cuidando da imagem; sua fome não é o suficiente para sujar a roupa. Estão aquém tanto da dialética clássica como da criação ou elaboração do conceito; tanto do espelhamento poético do mundo, em estilo pré-socrático, quanto da crítica social. Encaixam-se por isso muito bem na vitrine, socorrendo ao desespero intelectual do aniversariante familiar, da vida entediada indo à compras de Natal. Enfim, se são bons, são como a aspirina, não como os hábitos saudáveis.

Aos esfomeados por simples "cultura" há meios mais democráticos: arte e religião.  E mesmo assim, só sob certo aspecto muito especial estas coisas são "para todos".

Por outro lado, quem apreciar a filosofia deve tomar uma decisão radical de desentortar um ferro torto.
Isso implica atividade hercúlea do espírito sobre si mesmo, nao espontanea e rancorosamentente sobre a materialidade social imediata, e muito menos não espectadorismo e aplaudismo.

Houvesse já um corpo respeitável e independente de filosofia no país, ou mesmo no mundo, comparável ao que tinhamos até  ca. 300 anos atrás então poderia-se talvez brincar carismaticamente com filosofemazinhos...

Não acredito que quem entra pela porta errada, se identificando com ela, irá parar no lugar certo. A melhor introdução ao saber, do ponto de vista mais arco-democrático, é simplesmente desimpedir as vias respiratórias, tirar a gordura e os obstáculos que o impedem; pois todos tendem por si mesmos e enquanto si mesmos - não  como espectadores - a ele, 

                                  assim como uma planta tende à luz.




https://youtu.be/BS6wRvFUp1w

https://youtu.be/Y-Ka90psdpI

https://youtu.be/Xsi6L9HeDCM

http://www.obrasdearistoteles.net/files/volumes/0000000033.pdf


Sunday, March 27, 2016

"Philosophical Talk" : The Show of Knowledge, and The Despair of Knowing

I have serious problems with philosophers on TV ; I have problems with philosophers on the university of today. If you take it seriously, they have more and useless philosophical problems in both ways to appear. If you do not take it seriously, you are not serious with something that consists on its seriousness. 

If a philosopher goes fish, the fish does not have anything to do with the philosopher, and the activity of this person receive its value as a fisher, not as a philosopher. A person who goes fish is a fisherman;he deserves this name and this concept, and not a substitute.

We can change the words, but only if we already know what the thing is. If we do not know it, we should correct the error and the absence of a reality.

The intentions of the Culture Management at the side of the TV and at the side of philosophers should pay much more attention, with this sentence in mind: Philosophy is really not a "philosophical talk".

Wednesday, March 23, 2016

Copernicanismo Musical

Suspeito que Bach, ao consagrar o temperamento e a igualdade cromática, destruiu o toncentrismo e armou o plano para a decadência do sentido da tonalidade.

Sunday, March 6, 2016

Verdadeiro/ Falso/ Pássaro

Não parece haver coisa mais enlouquecedora e impossível que buscar a verdade em cada coisa. A isso resta-nos como solução apenas uma arte: a de relacionar o falso, em sua abundância, com o verdadeiro, em sua escassez. Um é fraco e sempre presente; o outro é forte e, como um pássaro raro, prefere sempre ocultar-se, frequentemente afugentado por nosso olhar.

Wednesday, March 2, 2016

Saturday, February 27, 2016

Bíblia / Leitura

Há dois modos ( métodos) de ler a Bíblia. Num é suposto que o significado do que é dito são fatos, e a partir disto julga-se os símbolos manifestos em figuras de linguagem, que tomados como fatos seriam absurdos em relação a realidade que se definiu por frases mais explícitas, mais verossímeis. Noutro lê-se a partir da suposição mítica, de que tudo é sobretudo transformações e resumos simbólicos da imaginação.Neste último modo, nunca chegar-se-á a um fato, mas talvez, contudo, a uma realidade e experiência. No outro modo, porém, além de relacionar-se com fatos, retém-se em torno destes a região simbólica; a questão aí é discernir símbolo e fato.

Probabilidade Específica

A probabilidade de algo acontecer especificamente como único e do jeito que é, é um número infinito entre algo e zero.

Marin Marais

Marin Marais oferece-nos uma expressão tão variada, tão intensa, e tão insistente da dor, indo da mais leve e doce melancolia, passando pela doença e indo até o mais forte ferimento, que penso tratar-se quase de um legítimo sadomasoquismo musical.

Post de Papel

O que nenhum post meu jamais poderá presentar é o momento íntimo de quietamente leres-me escrito num livro.

Thursday, February 25, 2016

Die religiöse Toleranz für ein weltliches Kalifat



Fragen, die man leicht beantworten kann:

Soll die neue westliche Institution  "Religiöse Toleranz" für die durch Gewalt expansionisten und nicht toleranten Religionen gelten?

Sind Nebenfrage, wie z.B.  des Kopftuchs nicht eine Ablenkung dieser Grundfrage?

Gesehen den humanitärischen Chaos  hinter der muslimischen Bedrohung, ist die persönliche Einstellung des Individuums lediglich als unabhägige Selbstentscheidung zu betrachten, und nicht zusammen mit allgemeineren politischen Aspekten, die aktuell das Wesentlichste ist?

Autoridade Gramatical: Tradutor Oficial

Conforme recomendado urgentemente por Edmund Husserl 

procuro pelas "Meditationes" de Descartes, e acho-as numa versão nossa da Abril, de 1975, onde começo a leitura de um verso assim:

"Das coisas que se podem colocar em dúvida" (...)

Adoro as coisas que se podem dizer!

 Logo depois, prosseguindo pacientemente, encontro na mesma folha:

 " me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opniões a que até então dera crédito"

Percebes? É difícil livrar-se de erros infelizes...

Só não foi pior a sintaxe vesga de Descartes: colocou Deus - o carro - depois dos homens-  os bois-  ca-val-gan-do
 a-van-te or-gu-lho-sa-men-te.

Coisas que, depois de elas próprias meditarem,  de fato se podem pensar, mas não podem jamais serem!

Existe um ostracismo horrendo contra a sintaxe; enquanto isso outros resumem o ar de saber ao âmbito da ortographia, como se fossem os que sabem...  Quando te arregalas adiante, vês que - apesar da implicação arbitrária com estilo, traços, vírgulas - entre as rimas, não entendem mais que rimas;

[criticam porém chefemente qualquer conservador (e mesmo o como nosso tradutor acima):

"conhecêcemos"

Cognesco eu ...

Sincericídio

Seria indispensável que houvesse uma técnica que nos ajudasse a descobrir a quais pessoas devemos dizer a verdade ( e ser de verdade) ; pois, ante àlgumas delas, ao dizer a verdade falamos mentira contra nós mesmos, e ao ser de verdade tornamo-nos ridículos ( idiotas) contra nós mesmos.

Contra esta condição o mentiroso, e ás vezes o enganado,  sempre sai ganhando; ao menos se "sair ganhando"  significa estar enganado com os sentimentos de quem tem razão, sem precisar pagar o preço de tê-la, isto é, o preço descrito acima.

Wednesday, February 24, 2016

Monarquia?

Democracia parece algo inevitávelmente apreciável como símbolo para um valor moral, mas provou-se fraco e detestável como nome e recipiente de um paradigma político pior mesmo que um dos mais expressamente declarados "anti-democráticos". É assustador o tipo de terror humanitário e cultural de que pode dispor um estado nominalmente democrático.

Tuesday, February 23, 2016

A Fertilidade do Ateísmo

Os progressos ateistas parecem todos progressos ab negativo: sua posição é sobretudo a da negação, já que não reside sobre uma  fonte existente e independente de positividade;seus bens, bens cristãos ab extrinseco:já que usurpa desta única positividade que lhes fora legado ( a qual resume muitas outras, mais ancestrais).

O ateismo é por isso um mero instante na adolescência da inteligência: palha seca, apenas.

E o ideal islãmico? Um fogo cego e egoísta, que aproveita-se desta desunião alheia.

Guetos do Erótico e Guetos do Barroco

A sociedade carece completamente de beleza plástica.

Os insatisfeitos com a nova arte são desesperadamente obrigados a compensar isso com atos artísticos pífios, talvez retrógados mesmo; ou ainda indo à Zara, e depois ao cabelereiro mais próximo, motivados pelos "manequins vivos",  que sempre nos alertam para a defazagem de nossa elegância milenar, ou visitando na internet o que ela melhor oferece de imagens daquilo que nega-se ao enfeiamento total, e sempre, de algum modo, relaciona-nos ao menos a algo fundamental, e ao menos não tão desprovido de sentido como certos abusos dos museums: visitando a nudez para a qual não há mais um Velasquez para retratar.

 Dentre os artistas eróticos mais apaixonados por Afrodite, poetas aos quais foram negados os suspiros de alguma musa,  e  dentre os músicos mais barrocos da Igreja, que contra o vanguardismo dos materiais musicais protegem a sensualidade e curviliniedade da música, parece sobreviver um conservadorismo da beleza que mal consegue deixar-se ouvir a dissonância da posição polar entre as colunas diferentemente herméticas sobre as quais sobrevivem; pois dissoam ambos fortemente entre si, mas devido ao ataque de terceiros, e de que cada um ao seu modo só padece, encolhendo-se cada dentro no calor de seu gueto.

Saturday, February 20, 2016

Speed Reading

Como quem procura o melhor andamento para um fuga, mesmo tendo-a já tocado a todos os tempos... para aprender a ler, escreva uma redação, e tente a ler perfeitamente, como você gostaria que fosse lida; escreva um poema, e leia-o como você gostaria que fosse lido; percebendo que o leitor sempre precisará de um certo tempo até achar o melhor modo de ler e entender algo que vale a pena ser lido. Do contrário, trata-se de uma fuga para trás, ou para frente.

Friday, February 19, 2016

Academia.Edu ( O Embusteiro vs. O Charlatão)

       Essa história de classificar a honestidade e competência intelectual por meros indícios dela é uma palhaçada. Pois pressupõe que houvesse "embusteiros" a se impedir e até combater. Mas como assim, alguém ensina-te durante 30 minutos, provando que sabe, e dizes que ele é um embusteiro? Enquanto tu mal sobrevives a uma pergunta ou convite de corredor?

Horror ao informal, pois aí os conteúdos crus, forçados por perguntas cruas...

      Mais provável é, sob essa mentira, erguer uma sociedade firme de charlatões, que vivem ab extrinseco do culto de indícios.  A coroação mais narcísica da vitória deste culto, impendindo-a para sempre de tornar-se obsoleta, parece o academia.edu. Contra os conteúdos mais crus,  que indício é melhor e mais fácil verificável que o número?

Tuesday, February 16, 2016

O Espectador da Filosofia e O Moralista Estético (M. Sérgio Cortella e o Séquito...)

    Se todos entendem quase tudo que, p.ex o Mário Sérgio Cortella diz, sem precisar efetuar nenhum 
"movimento infinito" no espírito, então o que ele lhes diz de novo? Pois parece que assim ele só exprime melhor o que todos de antemão já sabem e , principalmente, já julgavam ser sensato, dando a isto apenas uma expressão mais viva. O nome da técnica da expressão é retórica, instrumento da filosofia.  A ela alia-se outro fator importante, que é seu material semântico, e no caso da filosofia, dado pela erudição, quando não por sínteses do pensamento mesmo. Ambas, retórica e erudição, são dominadas por nosso prof. Cortella.  

   Ora, mas a filosofia não deve ser julgada por seu instrumento, nem o filósofo pelo belo uso dele. A questão principal caį sempre sobre os pensamentos filosóficos, que exigem conceitos filosóficos, os quais abordam justamente o que ainda nem para o filósofo está claro, relacionando realidade e auto-conhecimento sob respeito à complexidade inexorável destas coisas - que é maior, tanto mais a religião é suspendida do assunto. E, se não é o principal o que se busca, o que é a filosofia?

   A quem nunca leu uma obra filosófica, o melhor conselho é lê-la antes de seu ouvido prender-se ao discurso populista, e não simplesmente filosófico, pois evita que teu pensamento o interrompa, ao pensares também. Mesmo a mais difícil vale a pena pegar e folhear: será exigido de ti os movimentos originais e principais do que está por vir, mesmo tratando coisas mais fáceis.

   A leitura filosófica é acompanhada, ao início, naturalmente de um enfado, pois sua dificuldade é tão intrínseca ao que está para ser entendido quanto a incapacidade de incompreensão disto é intrínseca ao leitor e pensador iniciante. Porém, muitas vezes depois de vencer o enfado por dedicação, o sujeito tem prazer no conhecer e entender - o prazer de ampliar o mundo ao ampliar o mundo interior - e leva consigo a dificuldade até de explicar coisas que tornarem-se óbvias, ou fortemente plausíveis. Pois a realidade que for bem explicada é um objeto que converte-se facilmente de complexo para simples, já que o conceito, finalidade da criatividade filosófica, a unifica às vezes de modo dificílimo de romper, depois de apanhado sob a paciência que ele exige. Outras coisas, porém, recusam-se ao clareamento mesmo das almas mais esclarecidas. Tornar p.ex. a categoria do enfado um critério para a qualidade da manifestação pública da filosofia é, ao ser tomado e exagerado por si mesmo, um claro exemplo de esteticismo intelectual, onde o gosto e sensibilidade intelectual daquele a quem se ensina é predominante em relação a daquele a quem é confiado ensinar.  Ora, se de quem me ensina exijo que seja sobretudo fonte de meu prazer intelectual, e sobretudo medido sob a medida deste,  suprimindo qualquer movimento contrário ao esforço, então é claro que isto contradiz dois pressupostos da relação pedagógica: confiança no mestre ( ou, indiretamente, na fonte), como algo que excede meu mundo, e a consciência de que o que me falta saber deve ser resultado de meu próprio trabalho, sendo parte deste a compreensão de coisas ainda incompreendidas, e ainda o julgamento destas. Exatamente no momento do julgamento do "espectador" é que nota-se a fraqueza de tais manifestações públicas, principalmente as que não carregam um discurso escrito por traz, pois neste caso é preciso, primeiro, ter conhecimento para julgar o conhecimento e, segundo, o discurso julgado deve ser de tal forma que possa ser ao menos formalmente verificável ou objetável. Mas todos sabem que discursos vãos demais são tão confirmáveis quanto objetáveis! Na trivialidade é que fazem o maior sucesso.  

   Na Europa há casos parecidos deste "moralismo estético", e de diversos tipos de qualidade. ( Mas, havendo um buraco moral enorme no Brasil, é claro que os nossos sao formas quase que desesperadas desta prática) Eles parecem, no entanto, não dialogar entre si, e por isso aparecem com soluções - como se muitas delas fossem da filosofia, e não de certo bom senso - e frequentemente em  discursos curtos demais, ou amplos e diluidos demais.  O que seriam, senão soluções, o esperado de uma " filosofia-para"?  Pois o ambiente acadêmico, nem o público, estão livres das diferentes formas do self-marketing.  Veja-se David Precht, Peter Sloterdijk, Slavoj Zizek, e Chomsky nos Estados Unidos... Dado que  no mundo predomina ignorância e injustiça, basta revestir o pensamento  "sejamos mais intelectuais, e mais justos" de um retórica mais cabida à circunstância para provocar um apelo e efeito público considerável. 


   Então chame-se-os  antes moralistas, bem-feitores, pedagogos públicos; pois, mesmo sendo o filósofo, em sua integralidade, também pedagogo e homem público, não é por aí que ele se institui legitimamente como tal, mas sim pela validade de suas especulações para si e, ao menos, para outro semelhante.  O momento do contato com o discípulo é crucial, determina também a qualidade de sua doutrina, mas é ainda posterior. Então, mais posterior ainda, a magnitude pública de uma doutrina, ou, no pior dos casos, de um "modo de falar", o qual o povo, por não dominar sua expressão, nem às do que se exprimem, confunde com presença de conteúdo. Trata-se de um evento estético, sobretudo; e deve ter, no mínimo, uma autoconsciência de seu momento estético, por outro lado, indispensável, assim como a retórica o é. ( Tanto na música, como na lógica, o momento retórico se dá como complemento intrínseco do sentido destas artes) Em alguns casos a validade de suas especulações tem consequência pública sem ser pública; em outros casos o sentido de certas especulações é afetar o público, exigindo para si uma retórica apropriada. Mas em todos os casos é a verdade, através de exercício prático e teórico contínuo e de longo prazo, o que faz o filósofo cada vez mais filósofo, e não sua compreensão. Pois a compreensão popular poucas vezes é devida ao exame, e na maioria das vezes reside na aceitabilidade, isto é, num consenso dado de antemão.

   Isto pode ser um bem intelectual de algum tipo, mas não por sê-lo deve confundir aos que, na maioria dos casos, tem vergonha mesmo dos livros de filosofia e similares, de que aí está a verdadeira filosofia, isto é, no momento fácil e público, na maioria das vezes dubitavelmente concentrado e apoiado sobre as pernas de  uma só pessoa. Isto não significa, porém,  que tais pessoas tomem parte em contrariar fundamentalmente inclinações importantes do sentimento filosófico, que se dirige obviamente tanto a si quanto aos homens, mas sobretudo, que os nomes e funções milenares de certas coisas não seja negligenciado por contingências mesquinhas próprias do caos contemporâneo.

   Não é possível explicar muita coisa propriamente filosófica a quem se contenta com um grupo de cinco frases colado num cartão na porta do quarto e que só ao citar a filosofia sente-se enrubecido.  Pois é-lhe exigido abertura, e na abertura ele esforça-se por compreender e compreende os custos materiais e espirituais de um empreendimento verdadeiro que supere o limite do entretenimento. Por outro lado, uma atividade pedagógica, com endossamento filosófico, poderia colaborar para esta abertura, isto é, simplesmente não a evitando...

  Mas toda essa coisa de uma " pedagogia filosófica" é ainda uma palhaçada mesmo, enquanto não há um grupo mais ou menos conjunto de filósofos, mas apenas de pesquisadores com interesses arbitrários comuns - para não citar excessões: é uma palhaçada pois destrui-se a philosophia perennis, a unica coisa que embasaria o adjunto "filosófico" que serve como coringa e erva-daninha toda vez que a coisa aperta.  Sem a resolução própria do corpo de problemas que impede a filosofia como bem mais ou menos unificado, estarão oferecendo indiferentemente e indiretamente Comte, Thomás, Nietzsche,  Russel e Kierkegaard sob o nome santo "filosofia", despistando o canteiro de obras onde se deve dar as discussões e colaborações.

É preciso, usando o nome da filosofia, discursos que provoquem anseio de saber ao mostrar o desconhecido como potência do saber mesmo; não discursos que deixem a pessoa onde ela já está, como certos filmes recentes que , tão realistas e próximos a experiências medíocres da vida, já deixam de mostrar a realidade em questão.

Que não se use gratuitamente, pelos fins mais imediatos, os nomes mais últimos e mais caros possíveis.

Saturday, February 13, 2016

Sintomatologia Global

Parece que o caráter mais próprio das teorias mais maduras da conspiração é sua indecidibilidade. De algum modo elas empurrariam a explicação ao fato inverificável, e seriam assim também infalsificáveis. Isto é, seu estatuto epistemológico parece o mesmo da teoria, supostamente fantasma, a qual pretendem derrubar com o princípio do "desmascamento". Ambas, porém, o estado de coisas posto e defendido sob os formatos da " conspiração",  e a teoria que o "desmascara" ao conferir a unidade desses formatos uma intenção ( plano de ação) extendem* a plausibilidade de seus discursos ao limite, cada uma com suas formas retóricas, ora mais ora menos legítimas.  Não obstante, por motivo de sentimentos de partido, e tomada de posição política ( e dificilmente uma tomada de posição política da pessoa não é ideológica, pois nem todos podem ser esclarecidos) alguma parte no coração mais justo, ou nos instintos mais vis, leva tais plausibilidades para fora de seus limites epistemológicos, tornando-se poderosos mitos a combaterem entre si.

 Há de fato acontecimentos isolados ou grupos deles que seriam "conspiratórios",  mas eles parecem sobretudo ser fruto de uma ignorância geral do homem, e não simplesmente de um plano e teoria consciente de ação.  Há  certa unidade nos desejos mais egoistas, mas trata-se nela de uma unidade da essencialidade da coisa mesma; a unidade da deliberacão existiria só ab extrinseco, ou seja, por aquela. Por outro lado, existindo a doença de uma conspiração ( o que inclui os sintomas inconscientes dela), curá-la poderia levar a outra doença, caso o caráter disso que se combate , ou que se cura, seja a ameaça de um sentimento de realidade. A tendência totalizante do objeto pluralmente complexo, a tendência de o totalizarmos na "unidade da consciência",  e a totalização teórica a que o sujeito mesmo, como ser  individualmente simples,  deve ser submetido a partir de si mesmo  é, contudo, indubitavelmente, e independente da verdade dos fatos,   uma provação terrível da capacidade de rever o que subjaz interiormente ao sujeito sem ser ele mesmo, e ainda, somado a isso , de rever o  que o engloba por fora, sem perder uma identidade fundamental de si mesmo em meio a esse aparente choque de indecidíveis.

Houvesse tal identidade, ela poderia porém, frente a tal estado de coisa, e a partir dela, desmascarar, rejeitar, ou  reestruturar uma personalidade inteira.





* de extendere ....

Aforismo / Poema

Um fim do aforismo é deixar o interlocutor pensando, mas sob certas determinações as quais o interlocutor não poderia, não seria capaz,  não quereria, ou não gostaria, ou ainda contra as quais ele realmente se desesperaria dando a si próprio.

Um fim dos poemas é deixar o interlocutor devaneando , mas ao redor de um novo símbolo, e sob certas determinações as quais o interlocutor não poderia, não seria capaz,  não quereria, ou não gostaria, ou ainda contra as quais ele realmente se desesperaria dando a si próprio. 

Levantamento de Peso

A força de um filósofo se mede ao ele sustentar oposições até que elas, ou ele mesmo, ou ambos se quebrem.

Friday, February 12, 2016

A diferença entre a ignorância e a burrice popular no Brasil e na Áustria é de nesta última elas parecerem de "alto nível".  Curioso é o estatuto desta diferença.

Thursday, February 11, 2016

Olavo / Crítica

O "perigo" de Olavo de Carvalho não é ele, jamais, mas sim a ausência de uma crítica séria que preste, e que saia da dimensão da mera sensação. Essa ausência pode mesmo divinizá-lo, sem que ele tenha culpa nisso, mas sobretudo a ausência do diálogo "quodlibteal" crítico em certa qualidade, coisa que ele, por outro lado, digno de minha inveja, teve o mérito de salientar com mais vigor que qualquer outro.

Tuesday, February 9, 2016

Holismo Básico

É completamente suspeito afirmar que se sabe algo, sem verficiar isto que é sabido com um todo ou o todo absolutamente que o transcende, ou sem principalmente ao menos andar nesta direção. Pior ainda é submeter os gados a esse erro. E um erro quanto ao qual não se pode pensar pior se deve chamar " demoníaco", ou com outros sinônimos religiosos parecidos.

Nós, Gênios Atados

Entre os nosais contemporâneos mais difíceis de desatar encontra-se o de confundir genialidade com superdotação,  suor com talento,  genialidade com falta de suor, e talento com virtude, perdendo ainda a relação entre talento e genialidade. Pois talento é habilidade e às vezes habilidade e criatividade, ao passo que genialidade, presupondo talento, une habilidade, criatividade e virtude em si, sendo determinada por essa última. Genialidade não é domínio total de algo, mas domínio de algo com vistas a um fim e virtudes, que na obra serão chamadas ab extrinseco geniais, coisa que só pode ser mediada por criatividade, isto é, partindo de si, e não do que é suposto dominar. Assim o superdotado pode dominar uma habilidade sem ser criativo e sem ser genial, embora o gênio só seja privilegiado pela superdotação, e ainda, embora ele possa, na privação desta, poder exercer sua genialidade via cultivo do talento.

Amizade / Papo-furado

  Sob o ponto de vista intelectual, a amizade, no sentido mais popular, não passa de cultivos espontâneos do papo-furado e da conversa fiada, e se há alguma verdade  ( apenas casualmente possível) nestes, está no interesse comum dos amigos e nos valores que os rodeiam sem eles mesmos saberem de fato.

  Sob o ponto de vista menos popular,  a amizade, no seu aspecto mais imaterial, e assim intelectual, é algo desesperadamente trabalhoso, e que requer uma união basada na união  consigo própria de cada uma das partes nela, a todo preço da verdade de cada parte, e só assim.

  Uma o tempo pode desfazer rápido, depois de prender os amigos no hábito da amizade; a outra ele constrói necessariamente devagar, depois de mostrá-los que algo está acima dos hábitos ou da mera memória,  e só aí, não em cada um, ou num para o outro simplesmente, mas sim na relação com um terceiro, aí residindo a confiança, e um sentimento tão expressivo como inevitável, sem formalidade , de amor.

  A imaterialidade do amor,  a materialidade da amizade; a materialidade do amor e a imaterialidade da amizade,  são ambas proporções inversas.

Placa

Um filósofo,  ou livre pensador e escritor, como figura finita, deve ser julgado quanto a sua porção substancial simulteaneamente em relacao  (1) ao auto-conhecimento e (2) ao conhecimento da realidade, e menos quanto ao acidental de seu discurso ou conduta.

Saturday, February 6, 2016

sacrifício / barbárie

Alguém deve sacrificar o espírito para reverter a barbárie do espírito - à propósito, por obras pacíficas deste mesmo. Mas parece que isto requer uma corajem maior que a do voluntário de um Jihad, cujo raio de ação afunila-se pela própria expansão da   destruição.

Friday, February 5, 2016

Linha do Tempo e Círculo Hermenêutico


A História, de fato, só acontece para frente.  Junto ao tempo, ela tende a tomar uma representação linear. No entanto, ela não limita seu ser ao acontecer. Sua relação com o ser-humano, p.ex., não é projecional, acompanhando falaciosamente uma linha que na verdade é apenas a linha do tempo ( que por sua vez se confunde com a progressão aritmética!),  mas circular.  Os valores qualitativos são, pois, valores circulares. São parábolas, esferas, formas ovais, espirais conscêntricas, discêntricas. Analogamente, a História é mais uma sucessão de variações sobre valores humanos e  menos justaposições temporais de tais valores, o que novamente confirma a historicidade legítima da própria abordagem circular do tempo humano. O modo de justificar o sentido da temporalidade histórica, é, pois, sobretemporal. Embora em relação ao mito ela situa-se numa distância subitamente impossível de percorrer (assim  Eudoro Souza) , a História não é de todo desvencilhada do numes míticos como raiz legítima dos valores circulares.  Desapercebidas, grandezas sobretemporais interpenetram e exalam umidamente pelos poros da História.

Saturday, January 23, 2016

Gradus ad Parnasus





Filósofo de 58 anos, assassinando a barba do pobre Gaston Bachelard, sugere ao Brasil, país cuja cultura do bom gosto sempre superou mesmo os ingleses elizabethanos, os austríacos mais josephinos, mais puritanos, soluciona nosso problema estético sugerindo pornografia como caminho do refinamento do gosto teatral

"Aí vem aquela baboseira toda dos doutores autodidatas da vida, falando aqui e acolá e nunca disfarçando o moralismo e a incapacidade de conseguir ver o corpo humano nu sem se estar fixo nas partes pudendas. Pessoas que nem mesmo sabem assistir pornô querem ver teatro? Não pode. Mas, exatamente por isso, mais uma vez o teatro cumpriu sua função e, nele, o ânus venceu novamente".

Pior: coitado até mesmo dos pornográfos e eróticos mais dedicados e geniais eles mesmos, e de quem os encontrou num chiqueiro marginal. Nem um " Emmanuele " supera mais o cusismo brasileiro. E agora na boca de um amante da sabedoria.

Nem Marcial, epigramista antigo, mestre nos retratos da putaria romana, o expressaria em palavras. Ele nos pediria redefinir a ars oratoria em função de uma ars ani, que vende-se-nos como ars nova.

http://ghiraldelli.pro.br/macaquinhos/


Por isso cito-lhe aqui um conceito bem ao propósito, caro ao pio Olavo de Carvalho: " Filho da puta"!

Devemos ser gratos pelo Ser estar sendo e funcionando a todo momento, sem te cobrar nada em troca.Sentir isto é uma forma de afinar e vibra...