Sunday, December 31, 2017

Autodidatismo na Internet

 Nao só sites especializados, mas mesmo Wikipedia e Youtube estao oferecendo materiais cada vez mais sérios, atraves do quais uma mente sistematica e criativa pode tirar enorme proveito. A partir deles pode-se ir do básico ao avancado em várias coisas, sem perder tempo com obediencia à falsas autoridades e demais picuinhas. Isto vale, no entanto, sobretudo aos sites e videos em lingua inglesa, onde a competicao é com isso mundial. Os dias da Universidade como ginásio charlatão estao contados: logo lhe será colocado de volta e definitivamente a tarefa coletiva e elitária de pesquisar e amar a verdade, apenas.

Tuesday, December 26, 2017

Cristo como História e Mito

«  Pai nosso que estais nos céus, não quero saber nada dos astros no Paraíso, e tenho raiva de quem o quer » (...)

Se Cristo é um milagre este milagre está numa sincronia evidente com elementos pré-cristãos, principalmente com as divisoes astrológicas do tempo. No entanto, sendo os relatos deste milagre tão pobres quanto a estrutura local e espacial de sua realidade, então se tem muita razão ao supor-se que tal milagre é de fato "construído" - o que no entanto não significa uma abstenção do sagrado nem da verdade. Construir aqui significa Sinnbildung, fazer sentido. Isto é,  o processo no qual dizer a verdade significa dizê-la novamente, na hora certa, e ainda, doutro modo, assim dando-lhe sentido. Importante, contudo, é perceber que neste constructo estão ao menos três coisas: as mãos do obreiro, a materia-prima, e a impressão geral. Ora, nada  nesta obra tira a possiblidade de haver nela resíduos inconvenientes, pois este encontra-se entre a matéria-prima ( fatos, pensamentos) e a idéia a que atém-se, i.e. a impressão geral que cria um símbolo para além dos fatos, mais forte que estes.


Nota ao Olavo de Carvalho ( Catequismo e Astrologia)

Olavo de Carvalho, por defender o catolicismo, deve explicação quanto a contrariar o Catequismo ao assumir o bem e utilidade da Astrologia. Além disso, defensor de um realismo radical no que diz respeito à existencia de milagres, deve prestar contas quanto a tese do Jesus mítico, que fica endossada exatamente a partir do momento em que abre-se uma brecha pra perspectiva astrológica; pois através desta é que Cristo perde seu caráter historiográfico, prevalecendo o simbólico: ora, Cristo seria o Sol, o "Sol Invicto" dos romanos etc. Se Olavo o fez, deixe-me saber.
Exatamente num momento de fraqueza é que o poderoso mostra-se efetivamente mais forte, usando ou abusando do poder, recorrendo ao movimento mais sutil. 

O submetido torna-se forte apenas por um momento, senão apenas nos refúgios mais ansiosos de sua imaginação. Sua fraqueza é perigar em arriscar-se como de repente forte demais.

Por outro lado, a do que o submete consiste no auto-controle como controle do aumento de posse.

 Eis assim cada qual com uma porção de sua arte bélica:

 o sangue dos movimentos bruscos versus o sufocamento dos movimentos finos.

Saturday, December 16, 2017

Wednesday, December 13, 2017

Um filósofo tem que entender o seguinte: que um esforço severo por coerência - e a coerência mais severa é a entre o abstrato e o concreto - acaba riscando por abismos e absurdos às vezes incontornáveis; e que, no entanto,  ceder de antemão ao caos, ao abismo, ao absurdo, é por sua vez uma incoerência evidente!

Monday, December 11, 2017

A despeito de toda arte do silêncio, trata-se entre os seres humanos sobretudo de um ato de fala que faça sentido (Sinnvoller Sprechakt).
A partir de certo ponto falar muito pode significar pensar pouco.


Sunday, December 3, 2017

Uma música que não chama a atenção para si é banal; uma música que mesmo a um ouvinte formado em música  exige atenção demais é pedante.
Se és “mente aberta”, não pense que já por isso te livraste de ser aberto pra qualquer burrice.

Friday, December 1, 2017

Da Felicidade Só ( Ou pureza triste)

A experiência do saber é uma experiência da verdade, isto é, da realidade, e ainda, da felicidade que é basear-se na realidade, ou seja, na fonte de toda força.

Não há, a propósito, força que seja tua.

Mas há ainda uma angústia na solidão desta felicidade: se é verdade que a sabedoria prefere ocultar-se ao indíviduo, pois só raramente ele é suficientemente uno, ou suficientemente plural para a conceber, mais verdadeiro ainda é que ela oculte-se a um grupo de indivíduos; pois como grupo raramente são indivíduos, e como indivíduos raramente um grupo.

Este duplo é que permite-nos pensar a verdade como uma ordem de grandeza independente da felicidade, mas que a ela reserva implicações substanciais. Ante tais implicações, porém, é dificil não uni-las novamente como aspectos da mesma essência, que tornam-se um condição do outro.

Por um lado o sábio infeliz é digno de certa dúvida legítima; por outro a felicidade do sábio seria algo tão privado que facilmente, por ironia, converteria-se em angústia: sua relação com o mundo, do ponto de vista do mundo, resumiria-se ao brilho de seu sorriso, ou a prova de sua utilidade. Mas o sorriso, a irradiação, não são suficientes contra a solidão; e a utilidade depende dos fins, que ao sábio e ao mundo não são sempre comuns. Suspenso permanece o compartilhamento da felicidade enquanto sentido íntimo desta, sua essência como ato e externalização da própria externalidade, mas sobretudo enquanto compartilhamento cooperativo da maravilha da mesma realidade, sem a qual esta não poderia ser várias.

A ponte mais direta para o que inicialmente seria uma antinomia da solidão da sabedoria, ou da angústia da felicidade privada, é por vezes o pleonasmo de determinada ação realmente exterior, uma que imprima-se nas outras almas por sua própria evidência, exatamente por uma força que não é sua força, e sem aguardar ou depender da reflexão  - mas de modo algum contra esta.

O sentido do falar é o ouvir, mas ouvir não significa imediatamente pensar; por isso uma determinada ação pode provocar muito mais a necessidade de certo pensamento que um simples discurso.

Que ação é esta?

(...)

Não é absolutamente insensato que algo bem dito não possa ser uma poderosa ação. Pois afinal, dizer bem é também dizer na hora certa.  Mas de qualquer modo, permanece a ação como critério, pois nela está a força, e nesta o ato contínuo do que é real, e a propósito, atual exclusivamente por meios próprios ( não teus ).

Seja qual for a especificidade do ato, trata-se não de autonomia, mas de conspiração com o ser a cada instante sob a autonomia, a saber, através do aspecto mais real deste, cuja solidez e concretude requerem a mais fina das abstrações, mas ainda a mais fina das sensibilidades.  

O ato deve provocar a sensibilidade doutrem, e esta causará eventualmente um novo pensamento, uma nova percepção, e assim redispor a estrutura da experiência, em uma palavra, a sensibilidade.
 Se alguém disse que filosofia é captar o real na unidade da consciência, sabedoria seria a arte de agir para e a partir desta unidade, sem porém angustiar-se na solidão da própria pureza; mas tampouco sem esquecer que raramente será pela pureza que um ser humano relacionar-se-á ao outro. Perante a arte de não prescrevê-la invirtuosamente ao próximo, fácil é a virtude. O puro, enfim, dá-se ao indivíduo, o impuro ao coletivo: neste sentido, conquistar a guarda de uma fortaleza não exclui enfrentar riscos antecedentes: 

certo contato com os outros leva-nos de volta a um contato mais profundo conosco; este pode levar-nos ao real, separando-nos, contudo de alguém quem amamos tanto quanto a verdade; no entanto, justamente  o contato com os outros após o consigo é o sentido inicial deste: ameaça maior, portanto, seria não a dos riscos impuros, mas a da pureza contra ela própria. 

Tais sentimentos de pureza são em parte nobres mas outros perigosamente viscosos. Eles cedem, no entanto, ao critério da ação que os desmentirá, cada qual em sua falsa nuance:  uma ação conspiradora deve considerar as várias ordens do ser, sobretudo as da alteridade, e nesta principalmente a natural e a humana. 

Entre ambas entrelaçam-se os riscos impuros do compartilhamento, estilhaços de toda criação que preze-se por sua unidade, isto é, dever cosmológico da ação. 

Impossível saltar do puro ao puro.

É preciso passar o anel no fogo, pois assim prova-se o ouro.






Pensar antes de falar é bom; pensar durante a fala, desconfiando de sua espontaneidade, é enlouquecedor. 

Pois as frases, infelizmente, não são nem tridimensionais ( não podem apontar a direções difusas sem perder o sentido) nem capazes de tocar o infinito - são apenas provocadas por este.

 Pensar demais, dentro da própria frase, é abusar dos limites da expressão. E nada mais cabido ao pensamento sadio que pensar o já expresso, não o inexpresso, e jamais o inexprimível - seu delírio.

Mas até que ponto saúde, ante à verdade a que se deve, é valor?

Saturday, November 25, 2017

Hedonismo na pobreza é sinal de rara sabedoria; mesmo assim permanece sempre um cuja base é estóica.
O verdadeiro estóico o seria mesmo se rico; muitos o são por oportunismo, isto é, necessidade.

O desafio do hedonismo é saber o ponto do não, o do estoicismo o do sim.


Duas palavras distinguem o hedonismo do estoicismo : „sim“ e  „não“.

Saturday, November 18, 2017

A hipocrisia parece nascer e esconder-se já na estrutura da linguagem mesmo.

Sunday, November 12, 2017

Gênios e Santos

Muitas das tais pela história elegidas „mentes brilhantes“ consistiram em casos onde a inteligência logrou em esconder a ignorância, ou mesmo a burrice - costumeiramente decorrente dela.

Mesmo os santos; estes foram aqueles que não só combateram seus vícios, mas que também aprenderam a comviver* com seus pecados, os soterrando quando possível no arrependimento.

E ainda, os maiores artistas foram aqueles que sobretudo superaram a feiura em si mesmos, ou que fizeram da peculiaridade de seu feio a novidade do belo.


Sunday, October 29, 2017

Se fosse possível uma entidade um pouco acima da cabeça do Papa, esta seria certamente a música de Bach.

Friday, October 27, 2017

Vadia por Aculturamento Passivo

Diferentemente das prostitutas,  que nos países ricos podem optar pelo ofício reconhecido, as vadias daninhas, pombas da calça branca apertada, não entendem como chegam a sê-las, e com seus falsos contratos, aparentemente gratuitos, causam realmente uma confusão nas diagonais entre castidade, fidelidade e livre erotismo. Por rebeldia surgem os que tentam ser mais castos que o possível; os que acreditam em relações cujo sentido é apenas ter filhos; ou aqueles que precavidos supõem toda mulher ser uma vadia.  


Diferentes das outras, as graduandas passivas de uma misinterpretação da tal de “emancipação da mulher” acreditam terem se tornado por firme decisão individual o que são, quando na verdade continuam subjugadas a modelos artificiais: seja o da decência , seja o da libertinagem. Esta abstém-se de uma relação sincera com o natural, onde o natural significa religião da natureza, não reflexo biológico e evolucionista; aquela abstém-se de uma ilustração da alma que a prevene da mesquinhez e hipocrisia sexual - ilustração possível apenas em um profundo esclarecimento filosófico-religioso de ordem mais ascética moralmente que o das religiões da natureza.



 Depois de enfim tornarem-se vadias, finalmente podem adotar uma postura severa e sensível de “ me respeite, machão”, orgulhosas daquilo que uma nova sociedade lhes imputou como valor: o valor da roupa enfiada. Mas também o valor de uma decência mais perversa que a de qualquer bacante.



A despeito de todos seus pecados, os “machos” mais diretos nunca sentiram problema em dizerem se querem ou não, se amam ou não, ou por descuido deixar um compromisso para presentear-lhes uma rosa; os menos diretos, por outro lado, desenvolveram grandes habilidades, inspirados - seja mais, seja menos - por uma amante ou por uma amada, algumas delas facultando-lhes a criação do que hoje são patrimônios da humanidade.



 No fundo, a maioria não teria catado tanta coisa, caso uma só entre as bem-dotadas que conheceram fosse sobretudo pelos dotes da personalidade digna de ser amada; e os que muito catam, ao menos não as deixam sadisticamente no meio do caminho ingenuamente insinuado, sem qualquer sinal de pena.



De certo modo o mesmo inverte-se para muitos homens, mas convenhamos: a eles nunca bastou levantar ambiguamente um pouco a saia. Poucas cuecas foram até hoje vistas por descuido, no?

















Friday, October 13, 2017

Limites do Imparcial


Distanciar-se de um objeto é a condição mais própria a estudá-lo ; no entanto, sem adesão a uma vontade e um ponto de vista, é impossível criar forças para começar empreitadas tão íngrimes. Esse distanciamento tem, no entanto, uma mensura particularmente difícil: pois a certo ponto, a distância o anula, e certo envolvimento se faz necessário.

Se não houver a possibilidade de existir uma teoria dos conceitos de esquerda e direita que não descubra-se fincada num destes, então estaria provado que a condição elementar das oposições ideológicas seja um conflito que se dá fora dos sujeitos em sua normal consciência, em certo momento “transcendental”.

Sunday, October 8, 2017

É comum ver  as pessoas esperar de seus deuses sempre algo material, quando empenham-se numa reza ou ato votivo qualquer. Dificilmente pedem por algo espiritual; e raramente teriam noçāo do que seriam bens espirituais, embora empenhem-se com fé no mais espiritual dos atos. Ou no mais material? (...)

A expressão: „Cultura esquerdista/direitista“

Quando mencionam uma “cultura esquerdista”, ou “ cultura direitista” referem-se na maioria das vezes a subculturas. O punk é esquerda, o público do Herbert von Karajan de direita. “Subcultura” defino contrariamente à cultura: algo exclusivamente sob o qual um povo não se sustenta como este povo e não outro. Um povo não nasce de esquerda ou direita; muito menos a civilização . Sua cultura não se constitui esquerda ou direita, mas somente formas ora mais ora menos explícitas de conformidade à religião ou não.

A grande confusão reside no fato de que direita e esquerda não passam apenas de funções políticas referentes ao sim ou não de algo político, mas que sedimentam em torno de si uma identidade, uma símbólica, que saem do âmbito político original e que, em contato politizado com o conjunto dos aspectos não políticos da cultura, formam sub-culturas.

Caso alguém diga cultura esquerdista ou direitista, como verificar que o locutor está fora ou dentro delas - assim como o público punk raramente seria público de Karajan- já que cultura, no sentido étnico, não como „alta-cultura“,  é aquilo pelo que não decidimos mas, no entanto, que constitui o que somos?



Saturday, October 7, 2017





Desvio do tipo substância-relação pré-identificado.






E aquela definição de esquerda, que acredito ter entrelido numa entrevista a G. Deleuze (« le abécédaire«) : “a esquerda é o que está contra o poder em dado momento”?

 Ora, por que considerar a direita e a esquerda mais uma substância que uma relação? Não é o Comunismo, p.ex., de esquerda ou direita conforme está ou não no poder? Não explica isso o paradoxo - na via do sentido conservador- ou dialética - na via do não-sentido revolucionário - do fato de o comunismo gerar proveitosamente  suas próprias tensões mundiais, aderindo - caso preciso- mesmo ao que lhe é alheio? Não tem essas tensões o aspecto de uma força predominante - força da elite, força da maioria oprimida - e aquilo que, pelo contrário, tenta definir-se  honestamente contra o ethos rancoroso destas, ou seja, o de uma vaga identidade a recuperar si própria?Por quê então substancializar esses conceitos e perdê-los como ferramentas de ação, do pró e contra, do anular , transformar, ou simplesmente levar adiante? Sua relacionalidade parece confirmar não o paradoxo, nem a dialética, mas sobretudo uma analogia fundamental (co-substancialidade): o modo de determinação histórico-política de cada ação; num trata-se da história que prossegue ao anular resíduos míticos, refezendo-os artificialmente, porém; noutro o do mito que insiste em interpenetrar com o eterno na história, mas sofrendo a determinidade fundamental do novo na História.

O mais suspeito em substancializar essas relações está em supor que haja nelas substâncias opostas, quando na verdade apenas como qualidade acidental se opôem, e quando é verdade que outro tipo de oposição , a nível sobretemporal, reside entre a ideologia estabelecida e a pretendente, não entre os atores e retores das mesmas. É, no entanto, certo que a duração ou durabilidade de uma posição confere a si própria um caráter susbstancial; contudo aqui o raciocínio resume e toma uma coisa pela outra associada a ele, sua retórica é metonímica, conotativa afinal. Pois no caso a coisa que fosse propriamente denominada , a relação oposta como relação, não tem conteúdo, apenas forma. 

A briga entre conservadores e revolucionários não tem actual e propriamente a forma esquerda/direita pois esta forma não depende do conteúdo conservador ou revolucionário, mas sobretudo do ser a favor de certa causa que reforme ou conserve propriedades humanas. É lógico que as propriedades sujeitas à História são as mesmas sujeitas à criatividade e, com isso, novidade intrínseca na ação humana;mas da mesma forma, talvez seja neste momento mais lógico ainda entender que se tais propriedades não gozem dum centro, tampouco um ser-humano sequer poderá servir ao próximo como referência ou cabo de redenção.
                               



                                                                   

Friday, October 6, 2017

esquerdo-direito

O que sempre pensei ainda não foi abalado pela realidade: sendo pra mim a hipocrisia o fio condutor das relações dos seres daninhos com as idéias sobretemporais, pensadas por gente de quem estes nem fazem menor noção, um esquerdista burro pode seguir a direita , e o direitista burro a esquerda, ambos sem nada saber. Pois nestas direções qualquer intelectual aponta para curvas e ironias imprevisíveis na manutenção da conformidade ideológica. A que conclusão se chega supondo que a  massa de qualquer grupo é ou burra, ou tola, ou ignorante, ou ao menos um espírito comforme e servil? Tanto entre conservadores como entre revolucionários vale o lema: nem todos os são "mesmo". Então, fora os votos e a presença em protestos, o que os distingue materialmente é muito uma ação a se analizar sobretudo pela magnitude de seus efeitos, nem tanto pelo agente, nem pelo discurso que nele se aloca , ao qual custa-lhe muito estudo e muita psique para candidatar-se a sair da ingenuidade.
A maior loucura da dita "esquerda", na minha singela reflexão: uma minoria que representa a maioria, mas sempre contra ela.

Friday, September 29, 2017

Feliz o mundo antes do direita e esquerda; aquele do "as above so below"

Oposiçāo de Argumentos Inválidos

A utopia marxista: nenhuma diferença ou diferença infinita. 
A utopia do P. Paulo Ricardo: “sexo teleológico”.
Com besteiras ambos discursos destróem qualquer familia: um desune, o outro prende o ventre.

Saturday, September 23, 2017

O mundo acabou pela primeira vez foi com a Queda da Bastilha, depois disso continuou sempre acabando. 

Thursday, September 21, 2017

Exame pessoal sobre " És quem admiras "

Três grandes sinceros admiradores e estudantes de Adorno, Marx, e afins,  amigos de trabalho que perdi:

 1) Sanguessugas materiais, baseados num superdimensionamento da riqueza do outro, que abandonaram minha amizade ao eu apenas moderar ou restringir uma determinada ajuda material.

 2) Corte egoísta de relações por sentir-se vitma, sem ao menos haver discussão.

O que mais devo concluir?

Wednesday, September 20, 2017

 Nunca foi tão fácil tornar-se um intelectual contra os tantos intelectuais estabelecidos; basta conhecer, defender e explicar um bom senso translocal e milenar .

Tuesday, September 19, 2017

Por ironia da vida, as pessoas que mais precisam de ser ajudadas são aquelas a quem parece mesmo impossível ajudar, seja por conta da resistência delas, ou por algo que lhes escapa.

Sunday, September 17, 2017

NOTA SOBRE O ACLAMADO LIVRO „ A VIDA INTELECTUAL“ de Sertillanges

Antes de tudo, gostaria de sublinhar a minha primeira impressão de que o livro é especialmente vago, considerando tratar-se de um texto cujo autor seria um “ homem da verdade”, como ele próprio aponta; e isto vale sobretudo para o capítulo sobre o tempo de trabalho. Por exemplo, ao dizer que até mesmo 2 horas diárias bastariam para „uma vida intelectual”, fica de lado o mistério que isso significaria para um dado leitor e, mais ainda, a conexão disto com a idéia de que “ um intelectual deve sê-lo o tempo inteiro ”. Enfim, os pontos cruciais do livro, para os quais se espera que ele esteja aí, não são desmiuçados.

Isto conduz-me ao segundo ponto. Houvesse tal “homem da verdade”, acha o autor que este seria ensinado por um discurso cuja essência está em trazer lugares-comuns milenares à promessa de um convite, guia, ou estímulo à vida intelectual? Tais lugares comuns, que frequentemente não deixam de ser ricas máximas, são as considerações sobre silêncio, amizades, mulheres, prazeres, simplicidade. Elas sempre estiveram por toda parte: é próprio dos gênios não precisarem de muita explicação quanto isto; seus problemas são outros. E ainda: não há homem de grandes feitos que tenha agradado ao mesmo tempo à Deus e a um moralista idealista ( “perfeccionista”, mais exatamente ) ; pois não há grande homem que não tenha sido radical quanto a uma coisa fundamental sem deixar isto afetar outra que julgasse mais acidental, ou que ao menos lhe estivesse fora de alcance.

Caspar David Friederich


Neste aspecto o livro parece por um lado ingênuo ao não tratar a integridade e edificação de uma vida intelectual, principalmente uma entendida em "stilo antico", como um grande problema (equiparado mesmo aos problemas de saber, agir, e conhecer em si mesmos, embora condição da solução destes) limitando- se a mencionar seu aspecto - masoquista, eu diria - de esforço/prêmio. O problema omitido consiste em relacionar toda a dificuldade formal da verdade, relacionada à vontade infinita do espírito, à limitação do corpo humano e, principalmente, à constituição disto tudo numa pessoa, cujo contexto é um mundo que se realiza como ação, naturalmente hostil à intelectualidade, e, mais bravo que ela, conservador pétreo de seu ser cego e actual. Não se trata do desconhecimento de uma receita perfeita e de um fim perfeito, mas do liame entre ambos.

Não faz sentido escrever um texto deste para o próximo único santo e gênio do século; a partir disto, pensou bem o autor a que realmente isto se destina, e se o faz mais que num sentido recreativo ou pedagogicamante estimulante? 

A vida de um "homem da verdade", como o próprio texto com propriedade afirma, requer esforços às vezes colossais; ora,  embora não faça mal, ninguém julga sensato amenizar um membro amputado dando-lhe um suco multivitaminado....

Esta ingenuidade manifesta-se ao se idealizar um asceta sem, porém, tratar daquilo que o impede de ser, ou seja, de alguma realidade. Ora, quem chegou ao livro já tende , por si, à vida intelectual; se não tende, não é por este tipo de texto vago, centrado apenas na nobreza da intenção e na acuidade em definir um ideal, que será espantado: para uma tarefa tão simbólica e edificante bastaria uma bela personagem literária. Aqui o símbolo seria a o limite frutífero do devaneio, a reversão da vagueza em uma representação mais poderosa, pois sólida.

Trata-se, enfim, de um manual bem-intencionado, inofensivo, digno de ser conhecido, mas de forma alguma de um justificado clássico da formação de gente cuja competência cubriria - esperamos - uma lamentável escassez em nossos tempos. 

Saturday, September 16, 2017

Declínio Europeu

Acredito que esta foto mostra a consumação de um longo plano cujo objeto é destruir a faculdade de julgar diferença e semelhança, essência no que é mesmo e hierarquia no que é distinto. Não tarda a chegar ao Brasil o igualamento total entre as categorias do contingencial e a do substancial em nossas vidas, desta vez protagonizado pelas entidades mais representativas. Pelos flancos mais indefesos à lógica dos catetos, e mais sujeitos à retórica, a saber, nos setores da Arte e da Pedagogia, dar-se-á o primeiro golpe irreversível, gritando safadamente com motes de fraternidade cristã, como lê-se na imagem:


" Sim, eu quero"

" Todos homens tornar-se-ão irmãos "


Assine já a  "Temporada do Gênero" no teatro municipal de Salzburg ( que estica-se com este cartaz faz já quase ano) e perverta o que seria a arte européia, séculos de suor e inspiração por ideais mais razoáveis que parir uma familía pelo ânus...

Thursday, September 7, 2017

Música de Amor

De que ano é a música de amor mais bonita e recente que tu conheces em geral? Na música clássica será hoje mais difícil ainda de achá-la.

Tuesday, September 5, 2017

estado/pátria

A muita gente falta quebrar a cabeça com o seguinte: a fissura entre pátria estado e a entre o estado e um poder anônimo.

Wednesday, August 23, 2017

Valor Humano / Valor Animal



O que é um veterinário? Alguém que liberta o cachorro. Logo ele depende do ser humano em várias circunstâncias. O ser humano é, pois, superior, por isso pode salvá-lo. Ele o salva, logo é superior. Enfim, o valor de um ser que não concebe superioridade não pode ser de fato superior. O valor dos animais é dado por intermédio e analogia. O valor de sua existência, no entanto, não deixa de comportar certa sacralidade, pois de fato ninguém saberá explicar por quê o animal é um animal: há sempre algo de mais nele que o transcende; enfim, há algo divino, portanto.

Nivelar humanos aos animais significa animalizar o humano usando de algo propriamente humano e de uma ordem ontológica que apanha panoramicamente todos os seres , isto é, o conceito e sentimento de valor - o que é um absurdo e difere absolutamente do ato de considerar a animalidade inata do humano.

Sunday, August 13, 2017

O pensar fragmenta a realidade?

O pensar fragmenta a realidade.

Uma frase poderosa que encontro numa palestra de que, dizendo a verdade, desconfiei. Hegel teria um belo comentário para a expressão.

A conclusão teosófica: não dê atenção aos pensamentos.

A conclusão hegeliana: os pensamentos são fragmentos da realidade, mas o ato de pensar encontra seu sentido em remontá-la num conceito que supera estes pensamentos, mas que ainda os contém de certa forma.

Esse ato de pensar é absoluto,ele assemelha-se ao ato mental teosófico de elevar-se para além dos pensamentos, pois na verdade ambos primam pela elevação da consciência para além da representação mental ( Vorstellung). Em suma, ambos contrariam a idéia de sobrevalorizar representações: Hegel o faz em vistas de captar o que é realmente conceitual, mas enquanto "fragmento do Absoluto"; a Teosofia, por seu turno parece elidir o conceito, mas conserva, no entanto, a idéia da sentelha do Absoluto, atribuindo-a porém até aos animais.


https://www.youtube.com/watch?v=4b6KZA7jKC8

Tuesday, June 27, 2017

Epi-Persona

A sociedade desenvolve-se como um sistema cada vez mais perfeito e inbátivel de mascaramentos. A diferença para com outras sociedades: a mascara virou já parte da pele.

Saturday, June 17, 2017

A vida da maioria das pessoas consiste num duplo virtual e infinito: em garantir uma garantia.

Wednesday, June 7, 2017

Tolkien e Bruckner

A obra de Tolkien provocou muita inspiração em músicos. Os que contam ainda hoje como os mais celebrados cantando os mistérios da Terra Média ainda parece o Blind Guardian, que levou Tolkien ao povo jovem antes do sucesso dos filmes e através de músicas que cantam facilmente de cor. Outras tentativas existem, mas nem uma outra contagiou de modo tão original e imediato como o do grupo alemão. No entanto, mesmo não havendo uma intenção consciente em propagar o mundo tolkiano, a obra que mais permite ressoar este mundo incomensurável, que por certos momentos torna-se até mais real que o nosso próprio mundo,  parece-me o conjunto sinfônico de Anton Bruckner, somado ao de Mahler e Wagner, mas com atenção primordial ao primeiro. Se estes compositores tivessem sido inspirados por Tolkien eles não precisariam fazer muitos ajustes.

https://youtu.be/sZUz0f6BwZ0

Pergunta: por que Tolkien não ganhou o cenário da música erudita tanto quanto sua influência nas chamadas "subculturas"?

Saturday, June 3, 2017

Vício

O vício só é vício quando o hábito torna-se um processo vital autônomo, deixando de ser mero evento psíquico, associado à liberdade do espírito. O vício surge num hábito inconsciente, que perdeu-se da fonte. Por isso nada mais que um vício desafia tanto à alguém tornar-se consequente. Neste sentido, o vício é a prova mais sólida para sua virtude contrária, bem como para a consciência, ponto de apoio desta.

Como sempre buscamos por algum prazer, é impossível vigiar todos os hábitos ligados a um prazer, e assim o melhor a fazer é  se cuidar para não ter o pior dos vícios precisamente ao distrair-se demais querendo eliminar perfeitamente os menores deles.

Vicios da Internet

O que vicia é a perfeição dos mecanismos de busca, não o objeto buscado - pois este sempre existiu.

Vicia poder encontrar o que se deseja, até os detalhes.

O mecanismo desafia o desejo, e este rebate com mais criatividade.

A isto alia-se estrategicamente o fato de a internet esconder demais: a tela, afinal, é unidimensional.

O mecanismo afunila nossa visão, a torna achatada, mas por outro lado lhe presenteia com a promessa de levar o finito ao Infinito - Inferno e Jardim das Delícias...

Sunday, May 21, 2017

Fechadura Aberta

O vício mais traidor é o voyeurismo; neste sentido, o pior. O mais barato, de objeto mais abundante; de início o mais prazeroso, o mais inofensivo,  o mais estético, mais intelectual: o menos agressivo ( mas  apenas enquanto não rompe seu esconderijo) .

Friday, May 5, 2017

é uma virtude muito difícil, mas
muito decisiva, não tirar vantagem de quem é menos inteligente ou de quem saiba menos que nós.
O povo brasileiro parece ser o único que mais matou a si mesmo, não destruindo nenhum outro.

Tuesday, April 18, 2017

Autoditada

 Ninguém é obrigado a ser autodidata, mas é um crime desviar um autodidata de seu caminho.

Wednesday, April 12, 2017

Mestre em Educação



Leiamos esta obra prima do Academismo Nacional (!) :

http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/viewFile/271/pdf



Fora a repetição violenta do termo "existência autêntica" salta aos olhos a cara-de-pau que estamos desenvolvendo em publicar qualquer coisa, qualquer trabalho escolar.  O que adianta uma afirmação verdadeira com uma gramática pobre e um argumento frocho? É difícil condensar dois erros tao banais numa única frase apenas por motivo de falta de atenção. Isto acontece, porém, mais de uma vez neste texto. Se trata sobretudo de um erro que impede a leitura, e isto poderia ser notado pelo mestre.  Eu perderia meu dia procurando pelos outros tantos... É certo que erramos por atenção ou por configuraçõoes do editor de texto, assim como pelo tipo de teclado ( p.ex. meu teclado é alemão, não escrevo facilmente todos os sinais nossos), mas exatamente na frequência e sobretudo na formalidade da ocasião - ou mais ainda, pela nobreza do tema -  é que está o ponto principal. Imagine toda uma uma tese de doutorado assim... Ei-los:

1.

Kierkegaard, portanto nos ensina que só
aqueles que assumem esta angústia de
forma positiva, é capaz de dar um salto
qualitativo.

2.


Este trabalho, é fruto do esforço de cada um, conforme afirma Nietzsche ((( sem contar o fato do bigodudo chegar aqui de para-quedas!))), somente você poderá construir as pontes que precisa para atravessar o rio da existência, só você e mais ninguém. 

3.


O homem é. Segunda a concepção de Kierkegaard, uma síntese de finito e infinto, e por ele ser esta síntese ele quer alçar vôos mais altos 

4.

Em outras palavras poderíamos dizer que o homem moderno tem, de certa forma, medo de enfrentara a angústia, por isto vive esta situação de constante busca de meios para não confrontar-se com ela 

5.


E Kierkegaard, diz isto de outra maneira em Temor e Tremor: “ora, consiste o segredfo da vida em que cada um deve cozer a sua própria camisa e coisa curiosa, o homem
pode fazê-lo tão perfeitamente quanto uma mulher” (Kierkegaard, 1959, p. 81).

6.


Isto fica bem claro em Kierkegaard e nos outros existencialistas, delegam ao homem o destino e deste ele não pode se esquivar se quiser construir uma existência autentica, se quiser elevar-se acima da massa.

7.

Teria sentido falar de existência autêntica hoje, onde cada vez mais o sujeito é absorvido pela multidão, pela massa? T od os po dem atingir essa existência autêntica ou apenas alguns privilegiados? Estas são questões que surgem quando vemos a proposta de Kierkegaard para a construção da existência autentica. Em princípio parece um caminho difícil, pois aqueles que se propõe a realiza-lo não está do lado da maioria, por outro lado este passo é libertador, pois segundo Kierkegaard propiciaria a conquista da liberdade e da autonomia. Mas, é justamente isto que muitos temem. Não dar este passo é muito tentador. Muitos preferem perder-se na multidão, viver das convenções sociais, adotar como modo de vida o stablishmant social, onde se sentirão seguros; ou como escreveu Erich Fromm, em Ter ou Ser: 

8.


A cada instante recebemos um volume enorme de informações, diante desse mar de novidades homem não tem tempo de aprofundar nas experiências, vive-se de aparências. 

9.

O pensamento de kierkegaard neste início de terceiro milênio continua significativo e atual. 

10.
  
Neste momento em que cada vez mais o homem é convidado a fugir de si.

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Agora a pergunta: foi o autor forcado à esta publicacao?! E o Olavo tem razao ou nao?!

Sunday, January 8, 2017

Mestre

Houvesse um mestre absoluto, ensinar seria o único modo de aliviar a solidão de sua dor e de seu prazer. Faria-o por isso intensamente.

Criatividade

Criatividade é este constante e intenso conflito com o "se".

O "se", por sua vez, é a forma fóssil e safa da criatividade,

Friday, January 6, 2017

O Arco-Íris não é Homo (-gêneo)

A pior coisa que o movimento LGBT faz é perverter a ordem do prisma do arco-íris, apossuindo-se de um elemento universal e maravilhoso para propagar algo apenas acidental.

Celebram a igualdade do que é  diferente, e a diferença do que é igual, confeccionando um caos aparentemente irreversível.

Mas o arco-íris é a harmonia da diferença, um breve momento de igualdade nenhuma, revelação sob um único princípio divino e ordenador que oculta-se, mas não tanto.

Tuesday, January 3, 2017

Antinomias da Caridade

Algumas pessoas amam o próximo, mas odeiam os que vem depois dele.

Para outras o próximo deixa de sê-lo, na medida em que este aproxima-se demais.

Devemos ser gratos pelo Ser estar sendo e funcionando a todo momento, sem te cobrar nada em troca.Sentir isto é uma forma de afinar e vibra...