Diferentemente das prostitutas, que nos países ricos podem optar pelo ofício reconhecido, as vadias daninhas, pombas da calça branca apertada, não entendem como chegam a sê-las, e com seus falsos contratos, aparentemente gratuitos, causam realmente uma confusão nas diagonais entre castidade, fidelidade e livre erotismo. Por rebeldia surgem os que tentam ser mais castos que o possível; os que acreditam em relações cujo sentido é apenas ter filhos; ou aqueles que precavidos supõem toda mulher ser uma vadia.
Diferentes das outras, as graduandas passivas de uma misinterpretação da tal de “emancipação da mulher” acreditam terem se tornado por firme decisão individual o que são, quando na verdade continuam subjugadas a modelos artificiais: seja o da decência , seja o da libertinagem. Esta abstém-se de uma relação sincera com o natural, onde o natural significa religião da natureza, não reflexo biológico e evolucionista; aquela abstém-se de uma ilustração da alma que a prevene da mesquinhez e hipocrisia sexual - ilustração possível apenas em um profundo esclarecimento filosófico-religioso de ordem mais ascética moralmente que o das religiões da natureza.
Depois de enfim tornarem-se vadias, finalmente podem adotar uma postura severa e sensível de “ me respeite, machão”, orgulhosas daquilo que uma nova sociedade lhes imputou como valor: o valor da roupa enfiada. Mas também o valor de uma decência mais perversa que a de qualquer bacante.
A despeito de todos seus pecados, os “machos” mais diretos nunca sentiram problema em dizerem se querem ou não, se amam ou não, ou por descuido deixar um compromisso para presentear-lhes uma rosa; os menos diretos, por outro lado, desenvolveram grandes habilidades, inspirados - seja mais, seja menos - por uma amante ou por uma amada, algumas delas facultando-lhes a criação do que hoje são patrimônios da humanidade.
No fundo, a maioria não teria catado tanta coisa, caso uma só entre as bem-dotadas que conheceram fosse sobretudo pelos dotes da personalidade digna de ser amada; e os que muito catam, ao menos não as deixam sadisticamente no meio do caminho ingenuamente insinuado, sem qualquer sinal de pena.
De certo modo o mesmo inverte-se para muitos homens, mas convenhamos: a eles nunca bastou levantar ambiguamente um pouco a saia. Poucas cuecas foram até hoje vistas por descuido, no?