A ausência de uma crítica séria e a multidão de xingamentos ao Olavo - veja-se p.ex. o blog de Bertone de Souza - mostra de fato a esterilidade nacional matéria de arte dialética, ao que, por mais improvável que fosse, e a despeito de todos possíveis deslizes dele, se daria razão, ao menos quanto suas prioridades de crítica. Não parece fácil discernir seus posicionamentos em filosofia e em sociologia ou teologia um dos outros. De qualquer modo, de fato ninguém está interessado no seus pontos indiscutivelmente mais interessantes: o valor pedagógico da filosofia e a Teoria dos Quatro Discursos. No mais, seu preconceito não é explicitamente menor que o de Schopenhauer, seu pessimismo crítico não mais sintomático que o de Adorno, sua radicalidade em nada tão oposta a dos clássicos gregos. A opnião de Kierkegaard sobre a arte, e a de Hegel sobre seu próprio saber podem ser consideradas asneiras conforme as suspendemos fora de sua função retórica local , algo do chamado plano da imanência deleuziano. É preciso, pelo contrário, considerar a tarefa de construir uma elite extra-universitária independente - quanto a qual não se confuda com um anti-universitarismo ad absolutum - e trabalhar oposiçães consistentes, p.ex. com Deleuze, o qual seria "contra" tal superestima da arte do discurso ( veja-se "Que é Filosofia?").
É em primeira linha indiferente aos filósofos que ele seja idiota ou polemista: importa é identificar seus conceitos e medí-los à luz de filosofias recentes. Pois o filósofo pode ser hipócrita em relação a uma filosofia que lhe supera. A posição conservadora no Brasil, para qual ele busca ser o representante intelectual, é em geral especialmente importante para o Brasil, e neste país toma uma matiz que difere completamente da direita austríaca , por exemplo. Se ele não oferece o melhor argumento para o tradicionalismo, é precisar haver alguém de peito que o mostre, sem perder-se xingando sua cosmologia, sua astrologia, sua ética e tudo o mais medindo apenas seu programa de rádio.
De forma geral, o fato de tanta gente lhe dar atenção com tanto xingamento e baixaria mostra mais o sintoma da classe semi-analfabeta brasileira. Frente a uma massa deste tipo é razoável que Olavo use da autoridade intelecutal de forma mais violenta, afetiva, ou mesmo falsa. É razoável que ele acabe querendo opnar sobre tudo, embora seja errado entendermos isso como o seu compromisso filosófico.
A filosofia não surpreende com sua radicalidade, e cada pensador ganha seu espaço por motivos que só dependendo da forma da exposição podem ser engolidos. De qualquer forma, assim é que ela busca responder à radicalidade resistente do mundo.
Importa-nos quanto ao Olavo, independente de qualquer asneira, comparável à crítica de Schopenhauer aos homens barbudos, atermos-nos apenas ao seu "carvalho"; isto é, sobretudo àquilo quanto ao que ele tem razão: que de fato o Brasil é o país que cultiva e desenvolve cada vez mais a arte do homicídio e do ataque; e desta vez: a do homicídio intelectual verbal.
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