Em geral, o melhor uso que podemos atribuir à introduções e comentários em filosofia e áreas afins é o de , através da imperfeição, provocar no leitor as perguntas que o original ou o clássico mesmo pode responder.
Muitas vezes a tarefa destes trabalhos não fazem mais que antecipar de forma fosca e morta as frases a passagens principais que dariam o osso quente de um clássico. Em geral inverte-os porém num mozaico-monstro. Por isso o leitor mediano foge do assunto, dando-se por satisfeito com tanta "profundeza", e o leitor investigador - para quem pouco é escrito!- fica tão instigado a buscar o original...
Tais textos chegam à publicação por motivos extrínsecos ao querer-saber, muito mais ligados ao " saber é poder se empregar logo logo". Tais autores crescem sob a máxima dos pais de classe média, obscessivamente competitivos, mas de boa intenção: " Não importa o que e como, estuda, publica quantitativamente bastante, e ganha logo teu emprego antes do outro". O sujeito ama o clássico pois este o tornará doutor ; por outro lado nega a dimensão devagar e calma de vida que o clássico exige.
A lógica da familia é a segurança, mas a da academia é a verdade e honestidade da investigação. A administração universitária perverte a lógica da academia, ao torná-la apenas meio da lógica da familia burguesa. Assim é a da burguesia alemã, na qual idealmente todos os integrantes deveriam ser doutores : mesmo que entregando pão na padaria aos 40 anos. Aqui na Áustria foi introduzido a obrigação de apresentar um " paper " para se formar no ginásio. A apresentação do projeto merece apenas 5 minutos, e a discussão 15 minutos...
Isto tudo parece correr entre a classe média de direita, entre burgueses de direita, mas ainda entre os "burgueses de esquerda", cuja complexidade da distinção não ousamos aqui abordar. Basta a noção ; apontamos um fato, como denúncia que outros podem perceber por si mesmos, independente de provas conceituais.
Enfim. O motivo desta tendência é claro: a forma de titulação acadêmica, cobiçada interessadamente por não acadêmicos que disputam por uma profissão prática, é o resumo, a introdução, o comentário.
A passagem do pedagógico ao acadêmico, cuja diferença é categórica, é desprezada , se misturando um com o outro e anulando a virtude de ambos. Isso confunde a seriedade acadêmica específica do resumo, da introdução e do comentário...
Hegel escreveu uma introdução. Avicena um comentário. E Diógenes Laertius resumiu quase tudo que soube, um artista da doxografia... Fizeram-no, porém, por motivos investigatórios honestos e precisos, não por gosto ou arbitrariedade da lógica do mercado profissional, não?
A academia deve ser dos acadêmicos; a escola-técnica dos profissionais práticos. Só então uma pode ganhar da outra. Só então - isto é, distintas as funções esotérica e exotérica da instituição, isto é, da forma de produção e da forma de emissão -chegará a ambas categorias profissionais resumos mais úteis, comentários e introduções mais úteis...
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