Friday, January 22, 2016

O que une e o que separa a filosofia

Quanto ao problema da unidade histórica do saber, o que une os filósofos é mais importante que o que os separa. No entanto, o conhecimento do que os realmente separa ajuda a percebermos o que de fato os une. Nas universidades, o que une os filósofos é, em geral, apenas a imanência e interesse burocrático mesmos, e a ciência da separação recebe um culto absoluto. Pois a percepção da unidade entre pensamentos filosóficos diferentes requer uma meditação de si mesmo pessoalmente  sob o peso desta unidade, isto é, de captar o mundo e a si de modo discernido e indiscernido na própria individualidade, não apenas da consciência, mas da pessoa.

Essa individualidade é, pela consciência, análoga ao que une, e pela pessoa ao que separa; porém, não como separação arbitrária da imanência burocrática, mas como constituída pela excessão como realidade primeira do sentido humano junto, paradoxalmente, à unidade dos saberes e das coisas como poder analógico do ser mesmo.

O conhecimento de si lança um projeto progressivo. Tal síntese progressiva de idéias só através da ocupação consigo mesmo torna-se de fato saber. Pois saber é sempre saber atual e sobretudo do saber mesmo, isto é, do saber em sentido projetual, ideal. Ma medida em que é atual, ocupa-se de si sob formas que não são-lhe interiores, e assim a ocupação de si suspende, e por outro lado supera, a progressão histórica do projeto do conhecimento de si como apoderamento do mundo num si que não percebe-se como o si própria da pessoa, sua relação de consciência e participação integral consigo pelas coisas.

Na ocupação de si, e no conhecimento de si, dividem-se duas categorias existenciais da esperiência da historicidade do tempo humano: por um lado ocupa-se paradoxalmente  da unidade análoga  sob forma da excessão; por outro, conhece-se a si mesmo lançando pela história um projeto que desdobra-se apenas por diferença, e assim por oposição, o que possibilita  não apenas dialética , mas ruptura, e ainda coexistência paradoxal.

A complementação das categorias do projeto historizador filosófico , a da auto-ocupação e auto-conhecimento, constitui o sentido potencial  das oposições que encontram-se no conjunto, maior que o daquelas, das segregações. Pois isto adequa a forma  de  ser para si da auto-ocupação com a forma de ser para outro assumida pelo princípio do auto conhecimento - este, não como na origem de si na consciência, mas como alienação imanente aos aspectos concretos do projeto historicizador.

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