I .Ah se a página não virasse...
Na verdade , só ambigüamente é dito "eu te amo!"!; sempre tomando em vista a possibilidade de experiências com o outro, e - ainda que de fato alguém, por seu turno, o receba - tal nunca é dito para o outro efetivamente, do ponto de vista de quem julga estar amando . (Pois descobrir-se-ia este outro, na dupla qualidade de outro e de amado, só quando o coração passasse um rodeio nos conteúdos fixos da consciência e os trapassasse antes mesmo de refletirem-se nas possibilidades pretendendo realização: a natureza da alteridade é recusar a identidade e ser hostil à concepção). Muito bem. Naquela condição foi dito "eu te amo!". Mas chega hora, em que este outro - isto é, qualquer um dos dois- têm um lance de espiritualidade e de sentimento de si e ciúme daquela relação erótica do apaixonado consigo próprio por intermédio do fetiche que faz do amante; o outro reividica sua identidade só para si, quer-se inobjetivável, e então tudo rompe.
Isso é o segredo de toda melancolia pós-romance, e Pós-Romântica, que no entanto é um traço de consciência de uma melancolia pelo sentido: Esvai-se pelas imagens a certeza de que existimos em nós-mesmos; pois quando assim apaixonados romanceamos, vivemos intensamente o presente do futuro, isto é, a promessa de um presente! mas depois de romanceado... vivêmo-lo como passado, isto é, como um presente não cumprido.
(...)
Isso é o segredo de toda melancolia pós-romance, e Pós-Romântica, que no entanto é um traço de consciência de uma melancolia pelo sentido: Esvai-se pelas imagens a certeza de que existimos em nós-mesmos; pois quando assim apaixonados romanceamos, vivemos intensamente o presente do futuro, isto é, a promessa de um presente! mas depois de romanceado... vivêmo-lo como passado, isto é, como um presente não cumprido.
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Ai...esta melancolia é uma angústia curada com objetivos ontológicamente tênues! - realidades sim inquestionáveis e narcóticas do coração passivo... mas sintomas fatais do sujeito expulso de seu presente.
II . Mas se a página virar...
Esta melancolia suicída, procura desesperadamente para si uma cura no sexo; e com esse vitalismo, ex Darwin prestou-se alguns narcóticos aos niilistas, renovou-se e justificou-se uma melodiosa visão capitalista da sedução, encabeçada pelo duo cinema-música , que ajudaram de modo panteônico a radicalizar e universalisar na fórmula de um erotismo funcional aquele paradigma difundido em Don Giovanni, mas criticado por K. Pois bem...de repente a melancolia acorda de sua dor de cotuvelo fim-de-novecento e faz propaganda de um sexualismo assim como quem fizesse propaganda da fome que deviamos sentir todos os dias !- sim, procura uma cura espiritual - qualquer suposto enquadrado na fórmula romântica do Ideal- em algo não-espiritual; propagandas de um sexualismo advento da emergência desesperada de esgotar-se* aquela possibilidade de sentido em que a melancolia angustiava , este qual passa a desempenhar um papel hiperativo e desesperado nestas tentativas frustradas - pois egoistas! -de reconstituição da "saúde" - sim, frustradas, dado que 'saúde' trata de um conceito global.
Resultado: suicidou-se a melancolia em seu próprio gozo salvatório, anulou-se o devaneio totalizante e assim perderam-se por aí espalhados os restos de um falso-sentido: este único vestígio de um sentido.
Bom, agora eu gostaria de me esconder nos espaços brancos desses dois parágrafos anteriores e espiar o caro leitor constatar em si mesmo o absurdo do estatuto erótico sob o qual esse par pretende ainda se casar, Amor e Sexualidade !
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