Thursday, January 5, 2012

VI

O artista não deve ver sua arte como um trabalho que dá prazer, mas inversamente, como
um prazer cuja consequëncia é muito trabalho. Se o artista coloca o trabalho como anterior ao
prazer, pode perder em sua alienação inerente o senso da idéia, ou do belo, e assim padecer no próprio trabalho. Só um prazer estético anterior e original, que antecede à obra e já na forma de idéia,é que consegue no amor que suscita, impulsionar ao trabalho com as forças e perfeições próprias de qualquer compromisso com o infinito.

Fora o vigor sadio do júbilo, que surge no coração de um amador especial, aquele profissionalmente capaz, e aquele júbilo referido em certas peças de Bach, p.ex., a única coisa que a doença moderna produziria com vigor, seria um apelo à sua própria cura - tal como o figurou bem o expressionismo de Webern, e por conseguinte as formas radicais de saturação e esterilização da música em arte sonora, como nos compositores experimentais.

Neste sentido, na categoria do "amador" é que estaria hoje o estético, e que só tomando esta como pressuposto poder-se-ia entender apropriadamente a contradição que é o "artista profissional", dado a problemática capitalista e anti-estética por excelência do "profissional"*.

* Ora,a impossibilidade do artista autêntico na atualidade é abordada por muitor autores. Foi prenunciada , por exemplo, por Hegel, em suas lições de Estética, e constatada, ainda como exemplo, por S. Beauvoir, tal em "O Pensamento de Direita, Hoje", no breve capítulo referido à arte.)

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