O ecletismo supõe o problema intercultural, agregando a ele o da objetividade do gosto. O problema intercultural é fundamentalmente o da ordem e da segurança, primeiramente. O problema do gosto já é muito complicado dentre um domínio estético mais ou menos fechado ( suponhamos: o Punkrock, a Música Antiga); tomada uma variedade maior de perspectivas que a essas se somam, ele fica mais complicado ainda, mas por outro lado, formulado com mais verdade. Partindo do ecletismo radical é que se pensa o ecletismo fora de sua hipocrisia ; ou seja, partindo já do problema de sua possibilidade. Pois na maioria das vezes, o termo " ecletismo" moderado só seria desculpa para o gosto primitivo atrofiado.
O gosto ( faculdade de escolher, distinguir, e ter prazer no escolhido) é de ínicio atrofia e indiferença; depois clausura num recipiente cultural; pouco a pouco caos erudito; e se sobreviver, ecletismo integrado. A condição para este último, porém, é não pertencer a recipientes culturais, mas somente às obras-de-arte exceção de cada qual. Ou seja, uma dispersão perigosamente desafiadora à forca centrífuga da identidade; mas ao mesmo tempo cura para um arquipélago de abismos culturais.
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Friday, December 25, 2015
Wednesday, December 23, 2015
Operation Mindcrime
Tristes os que não dispõem de um refrão para cantar, interessados na marca das cuecas de Adorno, ou em fabricar um novo som em laboratório: só aí criando alguma coisa (...)
Pobres os que chegam ao refrão rápido demais.
Mais pobres ainda nós, que não descobrimos que na primeira faixa de " Operation Mindcrime" , do Queensrÿche, isto fora superado. De modo interessante se observa primeiraclassemente conectados: recitativo, prelúdio, canto.
Um grito ainda ausente aos universitários, e que talvez já faltara à grande manifestação de 68...
Pobres os que chegam ao refrão rápido demais.
Mais pobres ainda nós, que não descobrimos que na primeira faixa de " Operation Mindcrime" , do Queensrÿche, isto fora superado. De modo interessante se observa primeiraclassemente conectados: recitativo, prelúdio, canto.
Um grito ainda ausente aos universitários, e que talvez já faltara à grande manifestação de 68...
Tuesday, December 22, 2015
Sunday, December 20, 2015
Politeísmo Psiquiátrico
O movimento psiquiátrico parece inventar hoje tantos diagnósticos quanto o antigo senado romano inventava deuses para os mais vaidosos detalhes.
Thursday, December 10, 2015
Friday, November 13, 2015
Partida
Xadrez é filosofia.
Peça é conceito.
Jogada é juízo.
Sobre o que os reis perdem ou vencem,
resta pra trás ali mesmo:
importa é o que, vivo,
a dois vai consigo.
Peça é conceito.
Jogada é juízo.
Sobre o que os reis perdem ou vencem,
resta pra trás ali mesmo:
importa é o que, vivo,
a dois vai consigo.
Thursday, November 12, 2015
O Carvalho de Olavo
A ausência de uma crítica séria e a multidão de xingamentos ao Olavo - veja-se p.ex. o blog de Bertone de Souza - mostra de fato a esterilidade nacional matéria de arte dialética, ao que, por mais improvável que fosse, e a despeito de todos possíveis deslizes dele, se daria razão, ao menos quanto suas prioridades de crítica. Não parece fácil discernir seus posicionamentos em filosofia e em sociologia ou teologia um dos outros. De qualquer modo, de fato ninguém está interessado no seus pontos indiscutivelmente mais interessantes: o valor pedagógico da filosofia e a Teoria dos Quatro Discursos. No mais, seu preconceito não é explicitamente menor que o de Schopenhauer, seu pessimismo crítico não mais sintomático que o de Adorno, sua radicalidade em nada tão oposta a dos clássicos gregos. A opnião de Kierkegaard sobre a arte, e a de Hegel sobre seu próprio saber podem ser consideradas asneiras conforme as suspendemos fora de sua função retórica local , algo do chamado plano da imanência deleuziano. É preciso, pelo contrário, considerar a tarefa de construir uma elite extra-universitária independente - quanto a qual não se confuda com um anti-universitarismo ad absolutum - e trabalhar oposiçães consistentes, p.ex. com Deleuze, o qual seria "contra" tal superestima da arte do discurso ( veja-se "Que é Filosofia?").
É em primeira linha indiferente aos filósofos que ele seja idiota ou polemista: importa é identificar seus conceitos e medí-los à luz de filosofias recentes. Pois o filósofo pode ser hipócrita em relação a uma filosofia que lhe supera. A posição conservadora no Brasil, para qual ele busca ser o representante intelectual, é em geral especialmente importante para o Brasil, e neste país toma uma matiz que difere completamente da direita austríaca , por exemplo. Se ele não oferece o melhor argumento para o tradicionalismo, é precisar haver alguém de peito que o mostre, sem perder-se xingando sua cosmologia, sua astrologia, sua ética e tudo o mais medindo apenas seu programa de rádio.
De forma geral, o fato de tanta gente lhe dar atenção com tanto xingamento e baixaria mostra mais o sintoma da classe semi-analfabeta brasileira. Frente a uma massa deste tipo é razoável que Olavo use da autoridade intelecutal de forma mais violenta, afetiva, ou mesmo falsa. É razoável que ele acabe querendo opnar sobre tudo, embora seja errado entendermos isso como o seu compromisso filosófico.
A filosofia não surpreende com sua radicalidade, e cada pensador ganha seu espaço por motivos que só dependendo da forma da exposição podem ser engolidos. De qualquer forma, assim é que ela busca responder à radicalidade resistente do mundo.
Importa-nos quanto ao Olavo, independente de qualquer asneira, comparável à crítica de Schopenhauer aos homens barbudos, atermos-nos apenas ao seu "carvalho"; isto é, sobretudo àquilo quanto ao que ele tem razão: que de fato o Brasil é o país que cultiva e desenvolve cada vez mais a arte do homicídio e do ataque; e desta vez: a do homicídio intelectual verbal.
É em primeira linha indiferente aos filósofos que ele seja idiota ou polemista: importa é identificar seus conceitos e medí-los à luz de filosofias recentes. Pois o filósofo pode ser hipócrita em relação a uma filosofia que lhe supera. A posição conservadora no Brasil, para qual ele busca ser o representante intelectual, é em geral especialmente importante para o Brasil, e neste país toma uma matiz que difere completamente da direita austríaca , por exemplo. Se ele não oferece o melhor argumento para o tradicionalismo, é precisar haver alguém de peito que o mostre, sem perder-se xingando sua cosmologia, sua astrologia, sua ética e tudo o mais medindo apenas seu programa de rádio.
De forma geral, o fato de tanta gente lhe dar atenção com tanto xingamento e baixaria mostra mais o sintoma da classe semi-analfabeta brasileira. Frente a uma massa deste tipo é razoável que Olavo use da autoridade intelecutal de forma mais violenta, afetiva, ou mesmo falsa. É razoável que ele acabe querendo opnar sobre tudo, embora seja errado entendermos isso como o seu compromisso filosófico.
A filosofia não surpreende com sua radicalidade, e cada pensador ganha seu espaço por motivos que só dependendo da forma da exposição podem ser engolidos. De qualquer forma, assim é que ela busca responder à radicalidade resistente do mundo.
Importa-nos quanto ao Olavo, independente de qualquer asneira, comparável à crítica de Schopenhauer aos homens barbudos, atermos-nos apenas ao seu "carvalho"; isto é, sobretudo àquilo quanto ao que ele tem razão: que de fato o Brasil é o país que cultiva e desenvolve cada vez mais a arte do homicídio e do ataque; e desta vez: a do homicídio intelectual verbal.
Saturday, November 7, 2015
Inquisidores Underground
O Ministério da Educação anda a ser acusado por alcançar o que nem a Inquisição conseguiu: proibir Camões.
http://www.olavodecarvalho.org/convidados/mendo6.htm
http://www.olavodecarvalho.org/convidados/mendo6.htm
Elipse
Tomo-as como minhas palavras:
"Estilo elíptico, aí, não é usado para abreviar a comunicação, mas para introduzir, nas passagens abreviadas, toda sorte de absurdidades que, para ser(em) aceitas, devem permanecer abreviadas, de vez que explicitá-las é desmascará-las. Esse tipo de texto serve precisamente ao leitor apressado, que prefere antes deixar-se enganar do que ter o trabalho de descompactar a mensagem. Usando esse tipo de linguagem, um escritor pode lhe impingir, em poucas páginas, um número significativamente grande de erros e confusões que, por sua compactação mesma, não poderão ser identificados senão mediante o uso de técnicas lógicas que não estão geralmente ao alcance do leitor típico a que se dirigem esses textos — o estudante, o militante operário, a dona de casa, ou mesmo o homem letrado sem treino especial em filosofia."
" A única maneira de romper a mágica da mistificação elíptica é explicitar o implícito, recuperar os trechos saltados, reconstituir os passos lógicos omitidos; e isto, além de dificultoso e, para o leigo, quase irrealizável, tem ainda o inconveniente de não se poder expor senão em trabalhos extensos — bem mais extensos, pelo menos, do que os textos analisados."
http://www.olavodecarvalho.org/textos/tiazinha.htm
Erva Daninha
A diferença entre Olavo de Carvalho e seus "comentadores" daninhos de internet, é que ele criticaria p.ex. Darwin, Newton, ou Lutero, depois de estudar sua obra inteira, ou ler a fundo sobre, e que os comentadores daninhos sequer leram um livro dele, atendo-se a seu aparecimento provocativo em video.
O radical de uma situação pede respostas radicais. E mesmo suas falhas são ainda justificadas por ele levar a sério o fato que o intelectual hoje tem sim de portar um vigor impressionante frente absurdos evidentes, o que , sim, o arrisca demais.
A democracia no Brasil, somada aos meios da internet, acelera uma tirania dos burros sim, e de fato poucos estão à altura de respondê-lo em seu nível, sendo por muito tempo indiferente se ele diz que a Terra gira em torno do Sol ou não.
"O sujeito que faz o certo só por obediência e sem compreendê-lo acaba por transformá-lo no errado ".
Em: http://www.olavodecarvalho.org/semana/universo.htm
Um artigo razoável sobre ele: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/luis-antonio-giron/noticia/2013/09/tente-ser-bmenos-idiotab-com-olavo-de-carvalho.html
O Peixe e o Pássaro
Parece que os ataques ( desesperados) contra o desespero sexual americano perverte assim o cristianismo que foi excluído nos primórdios da Igreja. E a pornografia americana, por seu turno, uma ars sexualis rica e mundial.
Dois perdidos; um do outro.
Dois perdidos; um do outro.
Thursday, November 5, 2015
Sunday, November 1, 2015
6 Teses-Martelo
1. O juízo é a pretensão de sair, eventualmente se descomprometer, do domínio da retórica do sentido.
2. O argumento é uma consistência retórica, a pretensão de se compromissar com uma lógica do sentido, a constituindo na pretensão do compromisso.
3. O conceito, ou a palavra, é isto pelo que, ora palavra ingenuamente com função de conceito, ora conceito ingenuamente tomado apenas como palavra, oscila vagabundamente entre a região lógica e a região retórica do sentido.
4. A analogia é isto pelo que as regiões se relacionam, mas ainda e sobretudo, isto pelo que as palavras-conceito vagantes confundem o sentido dos conceitos-palavras.
5. Trata-se é sobretudo de problema e conflito entre oposições, de forças naturais e de representações humanas, bem como de representações de um ser de forças ou ainda - mais interessante - forças de um ser de representações.
6. Estas oposições são analógicas, dialéticas, paradoxais; entre as quais a dialética e a analógica são relações não-singulares e co-existíveis; e a paradoxal, o conflito da relação e da identidade, singular, pois, sem porém ser una - apenas no nome.
Friday, October 30, 2015
Des-Vinhos
A coisa mais séria que alguém pode fazer de sua própria loucura é primeiro empunhá-la com convicção.
Loucura é sobrecarga vital; seu risco é hipocrisia em massa: não ser o que o eu revela-se a si, mas ser oculto de si mesmo.
Eis então a trindade estrutural da hipocrisia: eu e si-mesmo dividem um só corpo, disputando entre si.
A loucura, não se a corrija se separando-se dela.
Mas levando-a como um cavalo a vencer na hípica.
Loucura é sobrecarga vital; seu risco é hipocrisia em massa: não ser o que o eu revela-se a si, mas ser oculto de si mesmo.
Eis então a trindade estrutural da hipocrisia: eu e si-mesmo dividem um só corpo, disputando entre si.
A loucura, não se a corrija se separando-se dela.
Mas levando-a como um cavalo a vencer na hípica.
Wednesday, October 21, 2015
Traição Centrífuga
Sinto uma traição profunda da escola e da universidade.
Um roubo daquilo que mesmo os estóicos acreditam ser alvo impossível do furto: o tempo próprio dedicado amorosamente à coisa, como Hypatia em Alexandria, sem Red Bull, nem ar-condicionado. Estar com os próximos, e lhe fazer presente o próprio espírito, bastava; publicar era-lhe, pelo visto, secundário...
O ponto lírico é aqui o mais evidente, o mais importante.
Ambas só sobrevivem supondo que somos burros de mais, e - ao mesmo tempo ! - funcionais demais. A mão que dá, tira.Tira o tempo para estudar, dá o conhecimento que tirou. Impede-te de ler Platão; ensina-te, pois, Platão!
Quanto à universidade estive sempre ou muito adiantado ou muito atrasado, mas nunca no único ponto mesquinho desejado. Ou leste muito demais, ou leste muito de menos.
É preferível, dado o estado-de-coisas, compartilhar a carcassa da sabedoria com os últimos condores do Chile; o saber com os livros ainda sem editora; o artesanato com o artesão de sapatos que trocou a contabilidade pela flauta, a vírgula dos juros na longa carta proposta ao Shopping de Balli pela extração do quinto harmônico sobre Si: livre ainda da Lan-House de que tanto depende, pondo a perder sua caligrafia milenar, e onde um outro, Marquinho, driblando com concentração os camaradas a jogar o novo New York Gangster, está escrevendo sobre Hypatia até as 1 da manhã. Leu as nove Enéadas de Plotino, mergulhou no Um, e agora vê-se pronto a interpretar o esquartejamento da alexandrina por parte dos cristaos ( romanos), e talvez, porque isto dera-se exatamente na Quaresma , na Era de Peixes, ou se o número da nona enéada estivesse relacionado com a gravidez que sua castidade sempre preferiu evitar. Mas que não ultrapasse 3 páginas...
Trocar um impossível pelo outro é questão de gosto. Ao condor, pois! Livre deste diabo pseudo-hegeliano da meia mediação. Abismo qualitativo entre meio e fim.
Heráclito, horrorizado dos homens, morreu e transformou-se num condor. Dorme entre cinco tochas.
(...)
Heráclito, horrorizado dos homens, morreu e transformou-se num condor. Dorme entre cinco tochas.
(...)
A despeito de serem imaculadas ou não, as regras alexandrinas eram fáceis: escreva e publique. Leia e pense. Reuna e conte. Cante, dance, aprenda vários jogos, Hipatia e esquecendo ao menos por um momento a higiene excessiva dos pés.Faça o teu a ti próprio; venda-o tu ao próximo tu mesmo. Lembre ao próximo um verso de Antígona ao comprar no mercado, e dele receba um de Jó em troca.Troque o um por um, o dois por dois. Enfim, cultuar a balança do princípio do bastante e do suficiente. Antes mesmo de falar-se em esquerda...
Mas alguma pressão, pressão demográfica e capitalisticamente democrata, entortou todos os aços psíquicos, todos os eixos do querer-saber simples e coisal: aproveite o tempo ( menos tempo); escreva mais (escreva menos); reuna e conte aos teus alunos ( teus alunos não querem ouvir, nem tu tens o que contar).
Mais provas e provações; menos diálogo, erro da correção. Mais vagas; títulos frouxos. Requerem verificação post doc. Caso nao confiarem, pedirão experiência de ensino ao logo dos últimos anos - razão pela qual estarão seguros de que ensinas o que aprendestes, mas nunca o que pensastes. Proibida, portanto, a chefia do opus postumum.
Títulos dos profissionais? Engano: título da universidade, pontos pra ela. Os números são cobiçados pela instituição. Tu és o rato na rodinha-gigante. Não há compartilhamento de honras: o teu fica pra ti; o dela pra ela. Mas o teu é mordido pela metade.
Mesmo ao ganhar o prêmio Wittgenstein por ter escrito contra todo jogo-de-linguagem ao menos sem tantos defeitos... Seguiste bem meu conselho: convide-o pra jantar... abuse da semelhança-de-família. A instituição tem pernas de carne; num descuido cede ao canto de Orfeu, ao perfume de Psyche.
Mesmo ao ganhar o prêmio Wittgenstein por ter escrito contra todo jogo-de-linguagem ao menos sem tantos defeitos... Seguiste bem meu conselho: convide-o pra jantar... abuse da semelhança-de-família. A instituição tem pernas de carne; num descuido cede ao canto de Orfeu, ao perfume de Psyche.
O professor é um padre que ora e roga: "crê no que digo", mesmo falando a um sujeito pós-cartesiano... Usa-se bem do superprotegido simulacro da Vorlesung. Não, Hegel, nein: aqui não porta-se mais o saber ( Wissen) por autoridade; pois o pensar ( Denken) nao se responsabiliza ante (gegenüber) a informação. Todo aluno ( StudentIn) pode ser um insólito portador ( Träger) do pensar:uma brusca faísca do absoluto. Pura potentia, porém. Dois são ( sind) teus filhos bastardos, Georg: o parido pela mulher ( Weib) que tomastes emprestado, e a desilusão ( Enttäuschung) que tu mesmo nos paristes da História ( Geschichte) que contaste.
Todo absoluto perdeu seu tom maiúsculo; difícil é saber, e impossível fazer sentido,pois,
unindo ora quantitativamente verdades ou relatividades por justaposição
ou ora qualitativamente extraviando a seriedade e responsabilidade dum tema num papinho de seminário,
como o floco de aveia num mingau , empapado pelo movimento circular e temperatura fria demais.
Num ato aparentemente absurdo, Pascal, ao tirar o sal e o tempero de sua comida, ao tê-la até provavelmente deixado esfriar,
fora mais congruente com o próprio sentido para o qual estava sua vida pelo saber... Num absurdo peculiar, acontecimento ínfimo e local, insólito e fiél, restaria-nos algo mais absoluto que o do infinito da performação, da memória prática e inteligência regional, da identidade micro-familiar, da amizade em-vista-de, disto e daquilo.
Por isso ele distraiu-nos agora do tema. A visão de "uma vida pelo saber" é de fato uma imagem descentralizadora, ameaça de queimaduras solares e de naufrágios lunares. Uma visão perdida nos desertos! A miragem que distraiu Hypatia de qualquer traição, e que a fez cumprir com as expectativas que ela provocou nos outros. Claro: ante tal visão fulge o gume translúcido e ameaçador da hipocrisia. Marquinho sobra e falta para as 3 páginas. Culpa-se por uma e por outra. Difícil largar um posto; difícil conquistar um novo e próprio.
Mesmo caso fosse tecido ao infinito, o texto do traído, extraído pelo cotovelo, perde-se nos gestos circulares das próprias mãos e não encontrará jamais seu centro. Por motivo de parcimônia, sua crítica de fato não constrói ( em vão) nenhum objeto: a ele situa-se a escola e a universidade ou muito aquém ou muito além, isto é, nunca em seu ponto mesquinho, naquele onde alguém busca descentralizar a traição.
Ameaçador o ventre nulo criador; libertinagem espiritual o especular.
Mesmo caso fosse tecido ao infinito, o texto do traído, extraído pelo cotovelo, perde-se nos gestos circulares das próprias mãos e não encontrará jamais seu centro. Por motivo de parcimônia, sua crítica de fato não constrói ( em vão) nenhum objeto: a ele situa-se a escola e a universidade ou muito aquém ou muito além, isto é, nunca em seu ponto mesquinho, naquele onde alguém busca descentralizar a traição.
Ameaçador o ventre nulo criador; libertinagem espiritual o especular.
Monday, September 7, 2015
Ignorância / Genialidade
Há dois tipos de arrogância completamente opostos:
a arrogância da ignorância, e a arrogância da genialidade.
a arrogância da ignorância, e a arrogância da genialidade.
Sunday, September 6, 2015
Clareza Conceitual
A clareza a respeito dos sentimentos
parece ter brilho mais forte
e mais possível que a dos conceitos.
Estes são menos janelas
das quais se avista panoramas filosóficos definidos
que os próprios espinhos das rosas neste panorama,
pelo qual sentindo trilhamos,
num só lance, cego e sem nunca vê-los de fato;
vista de cores imaginadas, cujos objetos são fadados
à contingência vivificante da perspectiva...
A vitória dos mais claros conceitos
é ofuscada mesmo pelo seu próprio fausto:
a saber, provocar sentimentos vitais ou mortais.
(...) Sofre-se, pois, o espinho,
ou goza-se a rosa.
Sunday, August 30, 2015
Inveja / Arrogância
O consórcio obscuro entre inveja e arrogância fornece ao observador uma dialética formidável:
Da mesma forma que um autor, afetado por arrogância, e devido à fantasia que lhe é própria, é impedido de comunicar ao leitor algo real, o leitor é impedido de chegar à mensagem do texto - mesmo sendo esta falsa - por inveja.
Conforme a isso diria-se com a maior razão que inveja é uma humildade frustrada frente à arrogância,
e que arrogância é uma inveja que frente aos excessos do humilde chegou ao que queria.
Ausência e Presença
Alguém poderia pensar que estar só significa estar fora da presença de pessoas. Mas isso não é ainda o bastante para o mais importante deste conceito. Estar realmente só significa desvencilhar-se do emaranhado de representações que não são nem as nossas. O conflito entre a ausência da presença por um lado e, do outro, da presença desta ausência na forma do conteúdo alheio das representações é que determina o "sentir-se só". Procure-se uma vez sair da própria exceção mediante uma simplificação desesperadora de tal emaranhado, então se fala neste caso de tristeza.
Só a objetividade de estar só impede de sentir-se só. Só suprimindo tal emaranhado de representações teria-se o si do só.
O si do só reverte sua aparente solidão, na qual sente-se só, em presença, frente a qual nada sente-se sozinho.
Só a objetividade de estar só impede de sentir-se só. Só suprimindo tal emaranhado de representações teria-se o si do só.
O si do só reverte sua aparente solidão, na qual sente-se só, em presença, frente a qual nada sente-se sozinho.
Tuesday, August 25, 2015
Knowledge
Knowledge means always to want to know, the will of it. On this will, and its direction, lays the first problem of knowledge.
Pensar / Saber
(A universidade )(...)precisa (-se) antes de um portador do pensar, e só então de um portador do saber. A filosofia basta-se mesmo sem o complexo dos saberes, pois constitui-se num modo específico do pensar, o saber mais simples possível.
Sunday, August 23, 2015
Academia.edu = Facebook.edu
What you can see just one second before you die:
" Are you sure you want to delete this work? Views will be forgotten!"
To hell with the views, and to hell with likes,
do your judgement and give your comments.
" Are you sure you want to delete this work? Views will be forgotten!"
To hell with the views, and to hell with likes,
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Psicólogo
Todos explicam a loucura, a doença, o desvio, a normalidade e a anormalidade...mas a sensatez e a santidão é que jazem ainda por absoluto na insolência do inexplicável, e de sempre e de lonje a maior loucura que pode haver!Ah Erasmo...Ah Cristo!
Friday, August 21, 2015
" Hihi"
A capacidade para rir-se do ridículo, pressupõe perceber o absurdo, ou seja, ter alguma
faculdade para perceber de modo irônico, e em função do próprio prazer, as oposições reais que formam a verdade.
Entre a risada tímida e a gargalhada
guardam-se formas foscas ou reais de gozar o absurdo.
Palha e Mujique
Chega-se com muleta às 6:30 da manhã em Salzburg, e depois de ter virado a noite, depois de ter tido vontade de atirar com as palavras e dar um salto de bug-jump para o Rio Iguaçú, encontrou-se um alento. Finalmente... É, pois, de se repetir:
Nada como um bom marxista para alentar um burguês frustado!
(...)
"Oh...Maniqueísmo marxista da salvação, da perdição!"
Escreva-lhe assim um poema com vários "ss" e este verso,
Revolucionário doutros universos, fenestra para o sopro das brumas aberta,
E imite com tuas ligeiras consonantes, alvo Cruz E Sousa,
todos os frustrados paliativos nacionais,
es..ta..li..dos e fla...ge...los de fogo de palha.
Thursday, August 20, 2015
The " philosophical use of Facebook "
Is there anything else in this world so pathetic than a intellectual circle on Facebook? Every "like" is a lick on the face of the truth.
Não é queixa não ... / É um membro inferior com força e vigor próprios.
Os filósofos discutiram muito tempo sobre primeiros princípios, sobre a perspectiva fundamental com qual aproximar-se-ia dos fundamentos.
Hoje não precisamos mais nos preocupar com isso, pois a perspectiva fundamental está dada. Ela é , pois, a perspectiva da frustração. Por isso a perspectiva do sentimento, ou mesmo do rancor, é quase impossível de abandonar; pelo menos no que tange a um dos gêneros filosóficos que restam: o pseudo-acadêmico.
O sentimento fundamental é de que os filósofos não conseguiram nem a filosofia nem a profissão. Eles conseguiram empregos, assinaturas. E por isso o filósofo desempregado é o mais etéreo dos seres: ele tem que salvar a filosofia, a profissão, e ainda se posicionar teoricamente quanto à classe de atuns que, por interesse de terceiros, " detém" o emprego. O malabarismo aqui é não confundir a obscuridade do campo teórico financiado com a pessoalidade do desejo de ser financiado. Ele tem que sonhar com a vertigem do doutorado, ou da obra impossível, pois pelo caminho ninguém o reconheceu, isto é, não reconheceu a seriedade de suas perguntas; pois sequer houve uma tarde, uma noite, uma madrugada frente a lareira de Descartes e suas disputationes com outrem. Não havia com quem disputar.
Não é possível escolher entre ser atum ou sardinha, mas talvez ser uma sardinha mais conservada e gostosa ; uma sardinha em si.
Cujos movimentos da autoreflexao só realizam-se como movimentos finitos limitados ao formato da lata de óleo: de si para si adiante, mas sem o outro.
Humanismo Retardatário
O maior erro que alguém hoje pode fazer é levar um "hobby" a sério: ser campeão de Xadrez mas estudar Medicina; trabalhar na descoberta de um medicamento, mas publicar em Teoria Musical; chegar em primeiro numa olimpíada, mas antes ter escrito um romance. Ou seja, ser uma humanista.
Um outro erro lhe é semelhante: amar sua profissão e especialidade, sacrificando aparências.Achar que o conteúdo e o fim da profissão mesmo, sua virtude enfim, é a regra, desprezando outras regras, que deixam-se resumir apenas sob um princípio: o estilo light. Ou seja, confundir o emprego com a profissão.
O princípio do corpo e das enzimas regem escritórios, escorrega pelas universidades mais ricos e desce abaixo na cadeia social como um vulcão contagiante, que abraça a anemia de cada um e a convence.
Um outro erro lhe é semelhante: amar sua profissão e especialidade, sacrificando aparências.Achar que o conteúdo e o fim da profissão mesmo, sua virtude enfim, é a regra, desprezando outras regras, que deixam-se resumir apenas sob um princípio: o estilo light. Ou seja, confundir o emprego com a profissão.
O princípio do corpo e das enzimas regem escritórios, escorrega pelas universidades mais ricos e desce abaixo na cadeia social como um vulcão contagiante, que abraça a anemia de cada um e a convence.
Defunto / Corpo sem-sentido
Wednesday, August 19, 2015
Autoportrait
" Estou à disposição para tentar responder vossas perguntas, principalmente àquelas que se tem vergonha de colocar; às mesmas que se pergunta mas no fundo não se quer mais saber ".
Substância
Só a probreza e a solidão força-nos mais que qualquer princípio ou regra de virtude de si à categoria do essencial.
Protesto / Queixinha
Trata-se da revolução do instinto mamífero contra a corrupção das aves de rapina.
A evolução das espécies das Fábulas de Êsopo.
Flüchtlinge / Cemitério
" - O cemitério é o lugar frente ao qual os corpos (vivos!) delimitam-se contra os (mortos...) Quanto maior o cemitério, maior o sentimento de movimento e cor do lado de fora (...)"
( Desprezível o cemitério aberto, o cemitério de guerra: o " Cemitério Deserto"!)
" - A interação é, pois, de querer e não querer.
- Não é que os alemães e austríacos deixam entrar, mas não subir? "
Tuesday, August 18, 2015
Fuga / Cheque-Mate
Como o enxadrista cuja estratégia é abandonar estratégias velhas demais para o meio-jogo,
fuga do tema é um recurso de sanidade do filósofo, sempre quando persistência e idéia fixa entram em negra solidariedade.
fuga do tema é um recurso de sanidade do filósofo, sempre quando persistência e idéia fixa entram em negra solidariedade.
Monday, August 17, 2015
Primeiro/ Último
Um dos fenómenos que nos distinguem dos chimpanzés, é o de alguém que hierarquiza os valores de uma série, arde por ser o primeiro, mas acaba por ser sempre o último, sofrendo por própria responsabilidade, mas sem sabê-lo.
Dia do Filósofo
Embora eu não confunda o que faço aqui com " filosofia" em sentido estrito do termo, mas sim o entenda como sintoma da falibilidade da filosofia em sentido estrito, vale a seguinte observação: Ontem foi um dos dias mais pessoalmente produtivos para mim, depois de muito tempo voltado para outras coisas. Eu sentei-me num Café e escrevi várias coisas e as coloquei em minha página. Depois fiquei sabendo, também por acaso, que era dia do filósofo... Que tipo de astrologia rege tais coisas?
Obrigado por todos os desejos de parabéns...
Obrigado por todos os desejos de parabéns...
Suicídio Hereditário
Uma família em guerra e fraca forma um ser anêmico, forçado a salvar-se num segundo começo.
O segredo do suicídio hereditário é a incapacidade dos membros inferiores em efetuar o salto. Não o salto suicida, mas o salto onde crucifixa-se a própria alma, ao menos em virtude de salvar os pósteros.
O salto absoluto, a confraternização com um zero pu-ri-fi-ca-dor.
(...)
Aos que não tem alma, mas apenas cérebro , peço que alimentem-se melhor, divirtam-se com palavras-cruzadas e pratiquem esportes... Basta
se regular enzimas conforme modelo doutros corpos e não colocar-se a questão do livre-arbítrio dos neurônios.
Sunday, August 16, 2015
Círculo Oculto
Precisando apenas de uma conversa especial,
e já depois de livro lançado, foi-se ao departamento de Filosofia, na outrora capital cultural, mas voltou-se apenas "com pneus vazios":
(" - Conversa não soma nem multiplica na lista! " Pensaram)
e já depois de livro lançado, foi-se ao departamento de Filosofia, na outrora capital cultural, mas voltou-se apenas "com pneus vazios":
(" - Conversa não soma nem multiplica na lista! " Pensaram)
Para isso o estatuto legal e o controle de qualidade da "Mansion del Plaisir" ?
Nota ao Leitor
O facebook não é algo relativo a certos gostos; ele passou a ser um fenômeno geral singular. Sobretudo, não trata-se de um evento da escolha, da liberdade não, mas de uma aspiração gravitacional cuja velocidade é luminosamente mais rápida que a da reflexão. Veja bem: refletir significa ir e voltar.
Esse tipo de fenômeno espanta e arrepia o pseudo-academicus; merece por isso a atenção dele. É o momento quando a tecnologia afeta o intrínseco mais íntimo do princípio da relação dual entre seres humanos, e em quase todos os níveis e categorias de carência e interação social: quase todos os atos sociais são projetados no facebook, mas de forma pasteurizada.
A maioria de meus pensamentos sobre isto estão no facebook próprio; eu o usei exclusivamente para isso por bom tempo. No entanto, visto que escrever lá sobre ele é um paradoxo que não consigo sustentar por muito tempo, eis que me viro aqui para o lado de fora. ( Embora não trata-se do fora radical: o fora do meu caderninho manuscrito...)
Facebook !
2. O que se recebe de conteúdo no facebook, não passa daquilo que é dado apenas quando as pessoas julgam não ter tempo para mais nada que o próprio facebook.
3. Houvesse um " uso virtuoso do facebook" , mesmo assim este seria ofuscado e resistido anonimamente por hábitos massificantes, que partem normalmente da cede ideológica mais próxima. Um famoso hoje em dia é o modelo mais forte, e configura o comportamento do seu séquito tão eficientemente quanto um apóstolo o de São Francisco.
4. Nao foi a Fenomenologia que colocou o mundo real entre parênteses, mas o facebook.
5. Há ainda, suspeito, várias outras observações mais radicais.
Idiota Transcendental / Universalidade do banal
A ciência acaba hoje por cultuar impessoalidade;
esse valor transborda seus limites, e cai por isso num âmbito humano inferior à pessoa: pessoalismo e personalismo da troca de saberes comfortáveis do periódico, do jornal, da magazine.
O idiossincrático um artista não nega, mas sim torna-lhe próprio de si.
Atravessar o cerco magnético da idiossincrasia é, pois, o desafio do filósofo, do pensador. Quem lhe dera ter suprimido o pessoal depois da universalidade de Napoleão ...
Pensar e filosofar te coloca em dívida, pois,
com a aliança da hipocrisia contra o banal;
Trata-se de coroar o melhor possível a quinta alternativa entre
santo, profeta, vulgo, ou pobre fiél: coroar a originalidade da posição de idiota.
O conceito em que fostes parido, é teu próprio buraco.
O conceito que crias, é neste buraco o pó que respiras.
Criação da coisa privada / Criação da coisa pública
A última coisa que alguém, cuja profissão é sua criatividade, poderia esperar
seria então sentir que lhe seja furtado a participação mais elementar no bem e na coisa comum cujo eixo é algo que omite-se ao conceito, mas no qual sua profissão participa fundamentalmente, isto é, a criatividade própria.
Acaso Criativo / Acaso Destrutivo
Sob a palma de duas mãos distintas - cujo corpo não parece ser o mesmo (...) - é que ergueram-se os dotes que sustentam a humanidade...
Acaso e criatividade.
Desde os primeiros banhos à margem do Nilo fora o trabalho subordinado à idéias destrutivas ou criativas. E o acaso isto contra o que se protegeu-se mediante criatividade ou destruição.
Res
A última coisa que alguém, cuja profissão é sua criatividade, poderia esperar
seria então sentir que lhe seja furtado a participação mais elementar no bem e na coisa comum cujo eixo é algo que omite-se ao conceito, mas no qual sua profissão participa fundamentalmente, isto é, a criatividade própria.
Suicídio / Paraíso
Talvez devessem ter passado a maior parte do tempo pensando e escrevendo sobre o suicídio, e não
sobre o pós-morte?
sobre o pós-morte?
Closed / Thought
The hidden and ancient ideal of philosophy is to share thought and body with someone at the same time:
Γνῶθι σεαυτόν... ἐπιμελεία ἑαυτou.
Economy Class
Kann man im Druck der Zeit, ohne Tagtraum, sich in jemanden verlieben?
Kann Liebe zu der Aufgabe eines Tagblattes gehören?
Fragen wie diese machen uns jetzt keinen Sinn mehr.
Ein vergöttlichtes Gehirn hat das Herz verführt.
Kann Liebe zu der Aufgabe eines Tagblattes gehören?
Fragen wie diese machen uns jetzt keinen Sinn mehr.
Ein vergöttlichtes Gehirn hat das Herz verführt.
Grupo / Virtual
Nunca foi tão fácil encontrar-se e classificar-se conforme estupidezas em comum, e, em especial, com a possibilidade de cobrar autorização aos de fora.
Pesquisa / Qualidade de Vida
"Ainda nao foi comprovado uma relação causal entre "gênero aforismático" e "qualidade de vida"."
Caranguejo / Torto
A filosofia é a ciência regressiva por excelência.
A curva que buscando ser reta engole a si mesma.
Seus princípios excreta a História; mas vive e brinda suas frustrações.
Seus conceitos foscos, suas analogias falidas
tornam-se não mais que metáforas de fim de noite,
servindo com mais propriedade mais é a damas e bêbados traídos pela verdade.
A curva que buscando ser reta engole a si mesma.
Seus princípios excreta a História; mas vive e brinda suas frustrações.
Seus conceitos foscos, suas analogias falidas
tornam-se não mais que metáforas de fim de noite,
servindo com mais propriedade mais é a damas e bêbados traídos pela verdade.
μεσότης
A virtude como medida que perdura e a virtude como medida entre extremos dispostos num longo espaço de tempo são dois conceitos de virtude completamente conflitantes, Aristoteles.
Zarlino entendia os modos como ordens de unidade, graças as quais a unidade era compreendida nos sons, sendo assim possível fazer música. Na música contemporânea isto foi posto em dívida, compensado nos parâmetros mais impensáveis, e nas proporções temporais mais distantes.
Deleuze colocou a grande pergunta: qual é a perspectiva da medida se tudo é curva? e qual é a saída se tudo é reta?
O meio-termo não parece explicar a relação entre curva e reta, ser-absoluto e devir absoluto.
Curtir / Clicar / Botão/ Curtir ...
O botão curtir funcionalizou, dentre outros tesouros, o contagio do sorriso.
Cada sentimento conta um número na ordem do consumo geral de uma máquina comparável àquele da que Godard filmou em " Alphaville".
Não há, porém, botão nem número do sentir.
Nao há botão para a criatividade da relação humana.
Cada sentimento conta um número na ordem do consumo geral de uma máquina comparável àquele da que Godard filmou em " Alphaville".
Não há, porém, botão nem número do sentir.
Nao há botão para a criatividade da relação humana.
Saturday, August 15, 2015
Tese / Puta
Seios poderosos. O olhar cansado. Uma profissional do clube noturno interrompe a aula de filosofia na antiga capital cultural; do professor que a frustou com uma assinatura rouba dez mil reais do bolso e retira-se com andar rebolado depois de dizer com a mesma boca com que "fora à Roma" na noite passada:
" O escrito é buraco ou lugar comum.
É, pois, contraposto à afirmação banal que arca-se o vértice do paradoxo.
(...)
O vértice do paradoxo;
A espiral da dialética;
E a reta do dogma.
Eis o que se tem."
" O escrito é buraco ou lugar comum.
É, pois, contraposto à afirmação banal que arca-se o vértice do paradoxo.
(...)
O vértice do paradoxo;
A espiral da dialética;
E a reta do dogma.
Eis o que se tem."
O corpo sustenta, pois, sua Tese.
Gênio / Currículo
A nossa sociedade estrutura-se de tal maneira que nela nenhum gênio pode ser percebido. O gênio não perceberá facilmente mesmo a si próprio.
Há talentosos, superdotados, bem-relacionados; currículos conforme modelos pré-estabelecidos por necessidades extrínsecas à classe de determinada arte. Contudo não pode ser percebido o vigor que de si mesmo cria um modelo mais forte, embora mortal frente a ela.
Não é por crítica ao romantismo alemão que não há gênios, mas por saturação do solo mesmo. O gênio de ontem era de certa forma preparado, surgia por mediação; o de hoje teria que sobreviver a um salto singular e revolucionário. A singularidade deste talvez impede que ele seja transparente e reconhecível a si próprio. Abafa-o uma omnipotência anônima, não a instituição de uma Inquisição.
Há talentosos, superdotados, bem-relacionados; currículos conforme modelos pré-estabelecidos por necessidades extrínsecas à classe de determinada arte. Contudo não pode ser percebido o vigor que de si mesmo cria um modelo mais forte, embora mortal frente a ela.
Não é por crítica ao romantismo alemão que não há gênios, mas por saturação do solo mesmo. O gênio de ontem era de certa forma preparado, surgia por mediação; o de hoje teria que sobreviver a um salto singular e revolucionário. A singularidade deste talvez impede que ele seja transparente e reconhecível a si próprio. Abafa-o uma omnipotência anônima, não a instituição de uma Inquisição.
Friday, August 7, 2015
Facebook, Blog, Facebook, Blog...
Evitando jogar no facebook pérolas aos porcos, acabei por jogar nesse meu blog porcos às pérolas.
Eu confesso que ele perdeu seu teor,
O sapato de mil quilômetros contraiu pregante chulé.
Fazer-me-ia melhor escrever ao público por algo ainda mais público ...
Eu confesso que ele perdeu seu teor,
O sapato de mil quilômetros contraiu pregante chulé.
Fazer-me-ia melhor escrever ao público por algo ainda mais público ...
Thursday, May 28, 2015
Wittgenstein
Eu adoro o gosto desta frase: " Ich bin also der Meinung, die Probleme im Wesentlichen endgültig gelöst zu haben " (Wittgenstein, prefácio ao " Tractatus logico-philosophicus"). Não mais que um sabor.
Thursday, April 9, 2015
Poder / Argumento
Há um conflito entre o poder dos argumentos e os "argumentos do poder".
Nao é provável que haja menos abuso de poder que exercicio de autoridade legítimo baseado
na verdade da coisa, e nao dos participantes da questao disputada.
Os conhecimentos, experiências e descobertas mais caros à humanidade, que ajudaram a formar o mínimo do que chamariamos " bom senso " sao por um momento abrupto postos de lado pela vaidade de um único gesto egoísta, normalmente baseado numa falsa relacao com sentimentos de culpa e medo.
A pergunta é: qual é o poder do argumento frente a isso? Deveria haver uma dimensao mais forte que a própria argumentacao, que a própria forma retórica da lógica da verdade.
Mas apenas deveria haver...
Nao é provável que haja menos abuso de poder que exercicio de autoridade legítimo baseado
na verdade da coisa, e nao dos participantes da questao disputada.
Os conhecimentos, experiências e descobertas mais caros à humanidade, que ajudaram a formar o mínimo do que chamariamos " bom senso " sao por um momento abrupto postos de lado pela vaidade de um único gesto egoísta, normalmente baseado numa falsa relacao com sentimentos de culpa e medo.
A pergunta é: qual é o poder do argumento frente a isso? Deveria haver uma dimensao mais forte que a própria argumentacao, que a própria forma retórica da lógica da verdade.
Mas apenas deveria haver...
Tuesday, April 7, 2015
Opostos
Não existe nada pior do que não discernir contrários, ou opostos, e as formas em que eles se dão. Pois às vezes são problemas na compreensão; outras, na oposição mesma. A percepção da realidade ou não de um problema depende de nossa relação com a caracterização da oposição, ou contraposição.
Aristóteles se esforçou muito para isso!
Por exemplo:
A indistinção entre heavy metal, rock e pop é parecida como a entre romance, erotismo e pornografia.
Há ainda a entre as formas de feminismo, homosexualismo, etc. : para tudo que cai para a esquerda, ou que surgiu nela, e que dela talvez passou uma versão simulacro e travesti de direita. Para as guerras religiosas parece-me parecido. Enfim, parece inútil falar de justiça sem definir as formas de oposições em seus devidos lugares. Pois umas não sabem que complementam-se, outras entram em necessariamente em conflito.
Não adiante atacar algo composto, pensando que trata-se de um só simples, e ainda, pior, responsável pelo "mal".
Monday, April 6, 2015
Burro / Ignorante
Chamar alguém de burro significa mostrar sentimentos acerca de seu estado de ignorância. Deixamos de chamar de burro assim que percebemos uma assimilação da própria ignorância como tal. Isso vale para quem foi xingado tanto quanto para a assimilação e elaboração da ignorância do outro naquele mesmo quem o xinga.
Escritor / Burro
Às vezes o escritor fica entre fazer com que outros sintam-se burros ou em alimentá-los de fato na própria burrice . Burros? " Mas não há burrice!" diria alguém. Exato, trata-se de um sentimento: de fato é sua relação com uma falsa concepção do oposto à burrice o problema. Caso contrário, não haveria sentimento de burrice, mas de percepção da ignorância. Perceber a própria ignorância é um estado imediato e ativo: não pára em si, e vai logo saciar o vazio disto mesmo.
Platão fez muito bem em escrever sobre tais paradoxos acerca da passagem...
Tuesday, March 31, 2015
O PAPA É POP
O pessoal não lê, é claro, a tal " Encíclica" - que é escrita já de modo tal que todo a compreenda! No Brasil eles conhecem o dito do papa pelo JN ou pelo Gugu. Na Itália por uma revistinha de 1.50 Euro que comenta apenas suas privacidades. Na Áustria um símile desta revistinha está para sair também. O pessoal gosta é do quadrinho do papa pendurado na sacristia, às vezes maior que o crucifixo mesmo. Assim não da nem para falar ou criticar " posições da Igreja". E nem saber se são elas mesmo horríveis, ou quais são de fato quase a salvação. Do contrário teriam caído já em guerra contra outras religiões novamente, desta vez no século mais violento. Há enfim uma ignorância recíproca e crescente: a do religioso, a do não religioso, e a das principais religiões, que relaciona cada um em deles entre si num "complício". O papa mesmo, em meio a adulação ao seu poder, e menos à sua santidade, vê-se no risco natural de confundir-se a si mesmo. Veja-se, p.ex., a disputa sobre o conceito de santidade entre Kant e St. Thomas: numa a relação com um Deus infinito, objeto do conhecimento, reduzido ao hoje precário conceito de causa, noutro com Deus apenas indiretamente, ou seja, numa relação com a pura exigência subjetiva da moralidade face ao limite do conhecimento, relação independente do causal, mas antes constituída na purificação ascética da vontade face ao dever (...) Essa "querela" parece inatual, ou melhor, inacessível mesmo ao público escasso da Encíclica, que estimo constituir-se por teólogos, padres e religiosos em formação - exceto incluam-se nisto fiéis que arrisquem sair da região de conforto. Evitando fazer da Encíclica uma " Complíquica " a esse respeito, consultou-se, pois, para a última delas, a teologia do meio ambiente de Leonardo Boff, que estudou cinco anos em Munique com um dos teólogos mais comentados no século passado, Karl Rahner. Veja, não trata-se exatamente de " nossa teologia!". P. Francisco teria que responder nela algo sobre a dívida da Teologia Cristã para com a matéria natural - problemática subjacente à deterioração do meio-ambiente. Mas duvido que o faça mais na forma de resolução de problema que simplesmente em uma expressão ativista cortesã e pensamentos de diplomacia interdisciplinar. Quer dizer: no que toca aos pontos decisivos, leia-se antes então Leonardo Boff e Karl Rahner mesmo ...
Ao papa seria preciso o talento de andar como um zero em meio a todas contraposições ambíguas na conjuntura do poder que representa: ser e não ser, ora à esquerda do número, ora à direita. Pois têm toda sorte de inimigos; o maior deles, a hipocrisia dos católicos mesmos face à teologias, que entre si mesmas disputam, e o populismo medroso - conseqüência de uma "misinterpretação" da "Missão" - que tirou faz muito tempo a vitalidade religiosa, que em última instância punha-se em relação com o mistério natural da matéria, e que fora evocado pela afirmação desenvergonhada do místico e hermético de seu ritual.
Friday, March 6, 2015
Agregados
Chegando à marca dos 700 amigos, dos 1000, enfim ,olhe-se então entre eles na lista oferecida pelo facebook, e ver-se-á que há gente de que não fazemos a mínima idéia; como vai com eles?! Vão bem também? Estou falando com vocês. Contato! É, ficamos meio-assim de perguntar... É o novo tipo de agregado. As etiquetas mesmo não dão conta se se atualizar: os fatos mais imperceptíveis correm à frente! Qual ingênuo face à presença e lembrança diária de tais " regiões cinzas " do social era o delimitar vizinhança com horários de visita e muro da casa . Que status tem a frase " Amigo é o que deixamos entrar em casa" frente a isso ? Contatos dão-se por soma, justaposição e aglutinação. Na verdade são dados que entram em contato, e com isso - provocando um flosquinho da sensação de proximidade - movimentam ações desconhecidas pelos usuários. Entre eles facebooks de quem procura emprego por via indireta, outros de quem cujo gosto musical deve ser ouvido, outros os quais acharam a melhor forma de ampliar o partido político, outros que por aí zanzam com nua vergonha - dão aparência de dizerem o que pensam... - e por vezes esperimentam curiosos o detalhe de cada função, de cada pecinha deste brinquedo autônomo, ainda não concebido por sociólogos e filósofos; sobretudo maluco mesmo, onde o mais bacana teria sido escrever, escrever, como um pão sovar a teoria do imediato minuto mesmo...
Arrogante
A consequência do popular cultivo passivo da sub-cidadania - delegando o epiteto " culto" à bossa universitária, onde a ignorância ganha seus fortes de mármore - tem por consequência criar uma matilha revolucionária de arrogantes esnobes, um Idealismo do Subúrbio, meia-sombra do romantismo alemão, com bombas intragáveis àqueles que certa vez hesitaram, enquanto caríssimos filósofos de um público, falar em diálogo justo e razoável com a realidade suburbana dos que constituiam a malha de seus auditórios chapados.
Besteira
Eu estaria de bem com as besteiras, fossem elas ao menos não mais que 1/3 do total da demanda verbal. Com o facebook estou tendo a oportunidade de apreciar besteiras e estupidezas das classes sociais e culturais mais diferentes - quase de todos continentes digo. O que me empalidece é mesmo a perda de inteligência para o absurdo e para o ridículo que fundam o cômico; a perda do âmbito da rizada, o qual - fonte de criatividade - consiste num abuso intencional do possível e do imaginário. O cômico foi substituido por uma nova ordem: a da besteira, a da estupidez. A comunicação imagética serve apenas e sobretudo à sua propriedade mais efêmera: causar o frêmito de um "sensaçãozinho" e um "curtezinho".
Monday, March 2, 2015
SÉRIES
Vou passar minha vida tentando entender por quê a ação-social-repetitiva ganha de dez à um sobre a ação- social-criativa...
Da verdade sei porém uma metade: Na última reside o erro e o risco. Na primeira o mofo, que consiste na adição à série. Na ação-criativa, porém, reside a possibilidade do pensamento transgressor da bio-logia de nossas percepções, e onde por exemplo, o "um" do mencionado placar é, claro , menos que dez, mas - sobretudo - um salto qualitativo : o que em sua di-visão contém um outro dez, diferente. Lembrando as artes marciais: o salto frontal e mortal do samurai vendado.
(...)
Os dias e sóis de alguns progridem ao infinito e lá perdem-se do corpo.
Os de outros regridem à tríade do mistério pascoal;
enlouquecidos pela paixão do paradoxo,
banham-se no sangue do carneiro imolado;
Quebram a própria série aritmética de conquistas e perdas evanescentes.
Quebram-a, enfim ,quebrando-se.
Não é tua, ora, A culpa.
A todos, pois, adia-se-nos o dia de tal liberdade.
(...)
Quanta poesia será de ser feita, e quantos autores precisaremos citar para quem cuja intenção afasta-se diametralmente do mofo de seu próprio sofá mental?
Da verdade sei porém uma metade: Na última reside o erro e o risco. Na primeira o mofo, que consiste na adição à série. Na ação-criativa, porém, reside a possibilidade do pensamento transgressor da bio-logia de nossas percepções, e onde por exemplo, o "um" do mencionado placar é, claro , menos que dez, mas - sobretudo - um salto qualitativo : o que em sua di-visão contém um outro dez, diferente. Lembrando as artes marciais: o salto frontal e mortal do samurai vendado.
(...)
Os dias e sóis de alguns progridem ao infinito e lá perdem-se do corpo.
Os de outros regridem à tríade do mistério pascoal;
enlouquecidos pela paixão do paradoxo,
banham-se no sangue do carneiro imolado;
Quebram a própria série aritmética de conquistas e perdas evanescentes.
Quebram-a, enfim ,quebrando-se.
Não é tua, ora, A culpa.
A todos, pois, adia-se-nos o dia de tal liberdade.
(...)
Quanta poesia será de ser feita, e quantos autores precisaremos citar para quem cuja intenção afasta-se diametralmente do mofo de seu próprio sofá mental?
Sunday, March 1, 2015
XINGU
A diferença entre nós e o povo do Xingu é que, enquanto nós , na maioria, não sabemos quando acontece o próximo eclipse lunar, eles - os índios - já estão preparando-se com um culto a ele. A outra diferença é que, mesmo caso não haja nenhum eclipse, e o chamã tenha errado " desta " vez, todos aguçaram os sentidos para a natureza, e por alguns dias tudo fez mais sentido que qualquer resto de culto no mercado ocidental : a espera é de tal forma que preenche o destino.
Sunday, February 22, 2015
" Post"
Ah... essas frases que nos salvam quando a coisa frita. " blablabla ...." T.S Eliot., " blablabla...." Kafka, " blablabla ..." Plínio Salgado. Karl Marx, Santo Agostinho, Madame Blavatsky, Renato Russo, Einstein, Gandhi, São Paulo... Elas acudem aos melhores bandidos. Mais forte que tua fé e teu entendimento, é tua fé desesperada nessas frases de salvação... (Quando o escuro te quer dar um abraço apertado).
Saturday, February 21, 2015
Filósofo / Não - filósofo
1. o não-filósofo confere ( deve conferir) responsabilidade ao filósofo.
2. esta surge por antecipação, isto é, repassando-lhe um poder, no caso o mérito daquilo onde seu ofício ( seu fazer) ganha seu mérito e o constitui como profissão.
3. a responsabilidade do filósofo é independente do público, e deve ser sentida entre o corpo profissional mesmo. O corpo profissional faz de si mesmo sua dívida em matéria de competencia, gera sua tarefa e responsabilidade.
4. no entanto, é o público, ao ser crítico ele mesmo do corpo filosófico de sua comunidade, quem coloca o filósofo num segundo dever, relativo a este público e sua comunidade mesmo. O público deve perguntar ao filósofo e assim endividá-lo. Essa dívida é uma segunda dívida, e parece decisivo para o sucesso da realização da dívida mencionada acima: a filosofia é financiada por financiadores, por um público, os quais por sua vez tem opniões e filosofias não explícitas. Esta segunda dívida, a divida que o povo passa ao filósofo mostrando-lhe o mérito que ele mesmo havia deixado cair no esquecimento ( p.ex. o de analisar problemas éticos) independentemente da auto-suficiência e auto-crítica da elite acadêmica entre si; esta é uma segunda dívida, e pode regular esta elite quanto à tarefa filosófica mesma de " dizer o real", uma vez que o não-filósofo ele mesmo constitue o real.
Friday, February 13, 2015
Resumo, Introdução, Comentário : Lógica do " Paper "
Em geral, o melhor uso que podemos atribuir à introduções e comentários em filosofia e áreas afins é o de , através da imperfeição, provocar no leitor as perguntas que o original ou o clássico mesmo pode responder.
Muitas vezes a tarefa destes trabalhos não fazem mais que antecipar de forma fosca e morta as frases a passagens principais que dariam o osso quente de um clássico. Em geral inverte-os porém num mozaico-monstro. Por isso o leitor mediano foge do assunto, dando-se por satisfeito com tanta "profundeza", e o leitor investigador - para quem pouco é escrito!- fica tão instigado a buscar o original...
Tais textos chegam à publicação por motivos extrínsecos ao querer-saber, muito mais ligados ao " saber é poder se empregar logo logo". Tais autores crescem sob a máxima dos pais de classe média, obscessivamente competitivos, mas de boa intenção: " Não importa o que e como, estuda, publica quantitativamente bastante, e ganha logo teu emprego antes do outro". O sujeito ama o clássico pois este o tornará doutor ; por outro lado nega a dimensão devagar e calma de vida que o clássico exige.
A lógica da familia é a segurança, mas a da academia é a verdade e honestidade da investigação. A administração universitária perverte a lógica da academia, ao torná-la apenas meio da lógica da familia burguesa. Assim é a da burguesia alemã, na qual idealmente todos os integrantes deveriam ser doutores : mesmo que entregando pão na padaria aos 40 anos. Aqui na Áustria foi introduzido a obrigação de apresentar um " paper " para se formar no ginásio. A apresentação do projeto merece apenas 5 minutos, e a discussão 15 minutos...
Isto tudo parece correr entre a classe média de direita, entre burgueses de direita, mas ainda entre os "burgueses de esquerda", cuja complexidade da distinção não ousamos aqui abordar. Basta a noção ; apontamos um fato, como denúncia que outros podem perceber por si mesmos, independente de provas conceituais.
Enfim. O motivo desta tendência é claro: a forma de titulação acadêmica, cobiçada interessadamente por não acadêmicos que disputam por uma profissão prática, é o resumo, a introdução, o comentário.
A passagem do pedagógico ao acadêmico, cuja diferença é categórica, é desprezada , se misturando um com o outro e anulando a virtude de ambos. Isso confunde a seriedade acadêmica específica do resumo, da introdução e do comentário...
Hegel escreveu uma introdução. Avicena um comentário. E Diógenes Laertius resumiu quase tudo que soube, um artista da doxografia... Fizeram-no, porém, por motivos investigatórios honestos e precisos, não por gosto ou arbitrariedade da lógica do mercado profissional, não?
A academia deve ser dos acadêmicos; a escola-técnica dos profissionais práticos. Só então uma pode ganhar da outra. Só então - isto é, distintas as funções esotérica e exotérica da instituição, isto é, da forma de produção e da forma de emissão -chegará a ambas categorias profissionais resumos mais úteis, comentários e introduções mais úteis...
Muitas vezes a tarefa destes trabalhos não fazem mais que antecipar de forma fosca e morta as frases a passagens principais que dariam o osso quente de um clássico. Em geral inverte-os porém num mozaico-monstro. Por isso o leitor mediano foge do assunto, dando-se por satisfeito com tanta "profundeza", e o leitor investigador - para quem pouco é escrito!- fica tão instigado a buscar o original...
Tais textos chegam à publicação por motivos extrínsecos ao querer-saber, muito mais ligados ao " saber é poder se empregar logo logo". Tais autores crescem sob a máxima dos pais de classe média, obscessivamente competitivos, mas de boa intenção: " Não importa o que e como, estuda, publica quantitativamente bastante, e ganha logo teu emprego antes do outro". O sujeito ama o clássico pois este o tornará doutor ; por outro lado nega a dimensão devagar e calma de vida que o clássico exige.
A lógica da familia é a segurança, mas a da academia é a verdade e honestidade da investigação. A administração universitária perverte a lógica da academia, ao torná-la apenas meio da lógica da familia burguesa. Assim é a da burguesia alemã, na qual idealmente todos os integrantes deveriam ser doutores : mesmo que entregando pão na padaria aos 40 anos. Aqui na Áustria foi introduzido a obrigação de apresentar um " paper " para se formar no ginásio. A apresentação do projeto merece apenas 5 minutos, e a discussão 15 minutos...
Isto tudo parece correr entre a classe média de direita, entre burgueses de direita, mas ainda entre os "burgueses de esquerda", cuja complexidade da distinção não ousamos aqui abordar. Basta a noção ; apontamos um fato, como denúncia que outros podem perceber por si mesmos, independente de provas conceituais.
Enfim. O motivo desta tendência é claro: a forma de titulação acadêmica, cobiçada interessadamente por não acadêmicos que disputam por uma profissão prática, é o resumo, a introdução, o comentário.
A passagem do pedagógico ao acadêmico, cuja diferença é categórica, é desprezada , se misturando um com o outro e anulando a virtude de ambos. Isso confunde a seriedade acadêmica específica do resumo, da introdução e do comentário...
Hegel escreveu uma introdução. Avicena um comentário. E Diógenes Laertius resumiu quase tudo que soube, um artista da doxografia... Fizeram-no, porém, por motivos investigatórios honestos e precisos, não por gosto ou arbitrariedade da lógica do mercado profissional, não?
A academia deve ser dos acadêmicos; a escola-técnica dos profissionais práticos. Só então uma pode ganhar da outra. Só então - isto é, distintas as funções esotérica e exotérica da instituição, isto é, da forma de produção e da forma de emissão -chegará a ambas categorias profissionais resumos mais úteis, comentários e introduções mais úteis...
Tuesday, February 10, 2015
Ponte
Observemos o fato de que filósofos também, assim como os arquitetos verificáveis quanto sua competência, constróem pontes ou não, e que algumas caem logo e outras depois. Certas pontes, p.ex, não poucas, levaram à guerras mesmo. Trata-se de pontes também importantes: entre o ideal de representação e o estatuto de "real" do que é representado. De fato a verificabilidade da competência do corpo profissional é horrível e difícil em filosofia. Limito-me porém ao problema do interesse e da hipocrisia quanto à cidadania e mérito confusos da coisa. Contudo, não é de fato uma reclamação isto do que trato, bem pelos motivos que são tácitos: contrária à ponte " real" e " de verdade", a ponte da representação é seduzida por seus infinitos multiortogonais e furta-se facilmente à prova da evidência. Não obstante, ela condiciona a própria evidência mesma, dando-lhe o critério. Só para um tipo de evidência ela evidencia-se ainda de outra forma, mais direta, mais positiva que a evidência do sucesso prático: ela evidencia-se ao cair (...) A queda é imediata, diretamente violenta, nela quebram-se ao mesmo tempo problema, evidência e o sentido que os unia, tornando um o critério do outro. A ponte da representação - digamos a do sentido- caiu no momento em que, devido ao assassinato em 1914 do então herdeiro do trono austro-húngaro, Franz Ferdnand, cometido por um jovem de apenas 18 anos, a por giro de valsas entorpecida estrutura da burguesia romântica cedeu à tentação de defender ao politicamente anônimo ideal da unidade nacional - um ideal de pátria filosófica ; outra ponte a cair foi a do modelo americano, no 11 de Setembro ; agora recentemente caira a da iluministaliberdade de expressão , na França aberta por perucas cínicas e bem humoradas como as de Voltaire. Outras cairam nas ciências "exatas"" mesmas, na física, na matemática e na geometria do arquiteto cuja competência o motorista pode verificar no sucesso prático de sua ponte. Exatamente a aparente inverificabilidade pública da filosofia, somada ao fator da entrada da academia num pleito da jusiça social que não ser sua principal função, é que deixa o campo aberto para o charlatanismo intelectual ( do que gostaria de urgentemente me descontaminar ). A competência do filósofo está no momento em que ele conceitua "vida" e "bem" e impede ou autoriza um aborto; a do médico consiste em não ignorar o escrito do filósofo sobre a situação-limite deste. Aí é que formam-se pontes; aí é que são julgadas publicamente. Da mesma forma o arquiteto: se sua ponte forma um arco, como símbolo do infinito, ou uma reta, como símbolo do progresso, ou enfim, não configura símbolo nenhum por economia mesmo, então podem essas possibilidades tomar parte no patrimônio espiritual chamado " cultura" , ao qual filosofias criticam e atribuem sentido
Sunday, February 8, 2015
Post
Vê-se posts basilares sobre o imperialismo da religião, sobre a economia, sobre a vida, a ética, a alimentação, sobre o que é prazeroso e o que não é, enfim, sobretudo sobre a morte. Muitos deles resumem uma só afirmação vaga, unida a uma imagem. A maioria deles, contudo, é administrada pelo critério de pessoas - na maioria pessoas entediadas com o pôr do sol de domingo - as quais neles importa não a complexidade incômoda do problema, não a tarefa de erguer a mão limpa para resgatar o anel caído do fundo do lixo sanitário que tornou-se nossa história das idéias, mas apenas por entrenimento, apenas pela tirania anti-democrata do entretenimento.
Saturday, February 7, 2015
VAMOS PENSAR UM POUCO?
Quando um médico forma-se, perguntam-no onde ele está atuando, em qual consultório, e às vezes visitam-no como pacientes mesmo. Semelhante acontece com o advogado. Porém, forma-se um filósofo, torna-se doutor, ou toma mesmo a cadeira universitária de um outro, ensinando inclusive a muitos médicos e advogados - não poucas vezes os de cargo-chefe numa organização - não lhe é pedido sequer duas páginas do que ele escreve para se ler. O que ele afirma, é indiferente. Mil pessoas o "curtiram" no facebook; uma leu o resumo de seu principal artigo... Não é gozado? Vale a pena decidir-se quanto a isso. O não-filósofo deve responsabilizar o filósofo, isto é, dar-lhe também em antecipação o mérito daquilo em que o filósofo deve um mérito.
OS BRASILEIROS...
... não fazem noção de seus próprios filósofos. As melhores publicações nossas são traduções, comentários, ou introduções, creem-no as principais editoras.
Nossos filósofos isentam-se da responsabilidade, seus escritos são covardes e poderiam não passar de tiras de uma coluna do Le Monde , do Frankfurter Allgemeine ou doutra magazine com que se mata o tédio do trem lendo sobre o poodle de Schopenhauer. Nestes é que escrevem de bom grado os "filósofos de equipe", higienicamente etiquetados.
O descrédito nacional torna compreensível que um filósofo brasileiro publique paralelamente em outra língua, ganhando seu pão nesta e não naquela. Seus conceitos formam-se na palavra estrangeira, com sua ausência perde a língua-mãe sua elegância na terminologia intelectual. Sem quem torne o saber algo mais do que aquilo que envergonha o que não sabe, enfim, sem a mediação de um erudito de letras, cuja altura dos ombros sobrepasse por força do próprio capital o corpo profissional de responsabilidade sempre de curto-prazo e transitória de universidades e editoras, o português divide-se entre linguagem-monstro e linguagem-preguiça, pensamento-monstro e pensamento-preguiça: aqueles atacam de modo voraz, crendo-se vitoriosos ao privatizar sua compreensão; estes fogem e comem a si mesmos, até restar um esoterismo binário de 'sim' e 'não'...
A PROFISSÃO DA ABSTRAÇÃO
... não é,pois,
abstrata. Enquanto outras arriscam-se na alienação do cotidiano, esta torna o
risco do pensar algo além do cotidiano, mas que subterraneamente o envolve. O
filósofo que pensa um problema corre risco de loucura, mas sua crise - que é
tomada para si como a crise da humanidade inteira- possivelmente ajudará o médico ou o advogado
exatamente no momento da situação-limite, na hora em que, de costas para este,
menos esperavam.
Sunday, January 25, 2015
CONTEÚDO
A última coisa pelo que alguém esforçado por ser " cheio de conteúdo" esperaria é ser incompreendido devido a isso.
STIMMUNG
Mais " louco" que a peça "Stimmung" de Stockhausen, é que ela faz sentido, e que não é assim por acaso. De qualquer modo, é compreensível apenas entre poucos, e compreendida entre um grupo ainda menor que este pouco ainda. As grandes obras contemporâneas comentam livros insólitos de filosofia contemporânea. E não só comentam: criptografam-no e protejem-no de um apedrejamento irado do povo que denunciam, sempre prestes a acontecer, mas que graças à força perversa de codificação anti-estética, nunca acontecerá.
Wednesday, January 21, 2015
Ignorante / Arrogante
Lembro-me que na época de meu estudo de " piano-de-armário" na ( a que porém tanto devo!) "Escola de Música" de uma de nossas estaduais (...) alguma vez um colega riu ao eu empregar o nome dos fenômenos ( isto é, "fenômeno" !) ... ( Riu, digo, duas vezes, com ritornello ,e vontade de um replay para rir de novo).
A palavra é candidata à mais importante para a história geral do pensamento humano no Vintecento; parece, contudo, ter servido mais à narrar um herói de nosso futebol, destacando-o acima de reais heróis e seus respectivos fenômenos. A partir deste dia, conveci-me de que o problema de pessoas tonarem-se incompreensíveis ou ainda hermeticamente inacessíveis, mesmo sobre as observações e crônicas mais cotidianas, não deixa de ser justificado pela ignorância também, que , por sua vez também inacessível à solicitação do intelectual solidário, o causa. Quando um não quer, dois não compreendem-se.
( ...) Enquanto isso, na Grécia, alguns muitos tinham opnião sobre a beleza de um poema trágico, e chegavam assim a influenciar junto aos eleitores ( homens " comuns" ) a votação que decidiria a reputação de um Eurípedes, de um Aristófanes, de um Empédocles, enfim, de coisas parecidas. Qual é a postura aí? A postura era de comunidade, de transmissão, de reconhecimento humilde e recíproco entre "leigo" e "erudito" ( uso categorias exteriores à época). Sócrates, por exemplo, arquetipifica
a figura do leigo não ignorante. Tanto um como outro não acirravam-se baseados no princípio pessoal do eu, sendo com isso um o "arrogante" e outro o "ignorante". Não. Tratava-se de uma competição pela Grécia, a deusa maior.
(...) Há uma separação neurótica entre erudição e ignorância. Sofre-o com isso tanto o erudito como o ignorante. O primeiro pensa ter adentrado algo profundo assim que "desmembrana-se" do segundo; este, por sua vez, não consegue sequer dar-se à posição de leigo, pois a arrogância daquele o sufoca e deixa-o ansioso, com medo mesmo do saber. Tudo passa de forma tal que ninguém percebe que contar a história do boi-de-mamão e explicar o que é o Advento não pertence à erudição, mas à cultura geral.
A palavra é candidata à mais importante para a história geral do pensamento humano no Vintecento; parece, contudo, ter servido mais à narrar um herói de nosso futebol, destacando-o acima de reais heróis e seus respectivos fenômenos. A partir deste dia, conveci-me de que o problema de pessoas tonarem-se incompreensíveis ou ainda hermeticamente inacessíveis, mesmo sobre as observações e crônicas mais cotidianas, não deixa de ser justificado pela ignorância também, que , por sua vez também inacessível à solicitação do intelectual solidário, o causa. Quando um não quer, dois não compreendem-se.
( ...) Enquanto isso, na Grécia, alguns muitos tinham opnião sobre a beleza de um poema trágico, e chegavam assim a influenciar junto aos eleitores ( homens " comuns" ) a votação que decidiria a reputação de um Eurípedes, de um Aristófanes, de um Empédocles, enfim, de coisas parecidas. Qual é a postura aí? A postura era de comunidade, de transmissão, de reconhecimento humilde e recíproco entre "leigo" e "erudito" ( uso categorias exteriores à época). Sócrates, por exemplo, arquetipifica
a figura do leigo não ignorante. Tanto um como outro não acirravam-se baseados no princípio pessoal do eu, sendo com isso um o "arrogante" e outro o "ignorante". Não. Tratava-se de uma competição pela Grécia, a deusa maior.
(...) Há uma separação neurótica entre erudição e ignorância. Sofre-o com isso tanto o erudito como o ignorante. O primeiro pensa ter adentrado algo profundo assim que "desmembrana-se" do segundo; este, por sua vez, não consegue sequer dar-se à posição de leigo, pois a arrogância daquele o sufoca e deixa-o ansioso, com medo mesmo do saber. Tudo passa de forma tal que ninguém percebe que contar a história do boi-de-mamão e explicar o que é o Advento não pertence à erudição, mas à cultura geral.
Tuesday, January 20, 2015
Gênio
Pior que a arrogância de um gênio, é o não reconhecer o nascimento deste. Pior ainda é mitificar este nome, subvertendo o valor de um sujeito puramente ator, que assim o é, pois, sujeito à Criação. Tapar mecanismos de compreensão do criado é a melhor forma de boicotar a criatura que com a natureza a si mesma cria, em apaixonada intenção, um puro "ens especificum", irrepetível.
Sunday, January 18, 2015
1928
O brasileiro é a mais peculiar afronta a todo nazista, a mais indefinível e confusa. Semi-nú, ele joga fácil dos dois lados ; é o sangue misturado por excelência; sua nudez, porém, nunca é em total descoberta.De nascença não sabe a que time pertençe; diferente ao cigano, não pode nem afirmar as formas inconscientemente insólitas de seu migrantismo. O brasileiro é, pois, estrangeiro já de cada brasileiro.
Imaginas uma visita de Macunaíma em 1928 à Hitler?
Sua criatividade teria quebrado o contínuo de qualquer mecanismo de defesa.
Imaginas uma visita de Macunaíma em 1928 à Hitler?
Sua criatividade teria quebrado o contínuo de qualquer mecanismo de defesa.
Geschichte / Universität
Bei manchen Universitäten sollte "Geschichte der Philosophie" eher "Philosophische Erzählungen" heissen.
Monday, January 12, 2015
TERROR/ HERMENÊUTICA
Agora me diz, o que esses terroristas - e junto as vitmas caricaturistas do 7.01 em Paris - aprenderam na escola em que prestavam provas? (...) Eu aprendi na escola como que se coloca camisinha numa banana, mas não sobre a interpretação de um texto religioso, ou de um discurso político, ou de uma propaganda científica. Eles não foram preparados para o preconceito, para a relação com o falso, para o problema da perspectiva.Os diretores de centros de educação no mundo todo colocam tudo em risco caso não forem não somente ao menos pedagogos, mas ainda parcialmente filósofos e mesmo teólogos.
Haverá logo um choque pior: entre china e ocidente. Pois eles estao misturados apenas como óleo e agua. Ambos nao são conscientes de diferenças estruturais em que podem submergir.
Haverá logo um choque pior: entre china e ocidente. Pois eles estao misturados apenas como óleo e agua. Ambos nao são conscientes de diferenças estruturais em que podem submergir.
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